O “volume morto” do tucano Alckmin
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O “volume morto” do tucano Alckmin


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Por Altamiro Borges

A mídia tucana evita fazer alarde, mas o arriscado uso do chamado “volume morto” do Sistema Cantareira terá início nesta quarta-feira (14). Será a primeira vez na história da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) que este recurso desesperado será usado para abastecer a capital paulista e várias cidades da região metropolitana. Numa reportagem sem maior destaque, o próprio Estadão revela que a decisão de Geraldo Alckmin (PSDB) tem gerado enorme controvérsia. Os especialistas do setor alertam que esta medida coloca em risco o manancial, não garante a solução da grave crise de abastecimento e ainda pode causar outros problemas, como na saúde pública.

Mesmo assim, o governador optou pela exploração do “volume morto”, a reserva estratégica do reservatório. A medida atabalhoada tem nítidos objetivos eleitoreiros. Visa evitar um racionamento – palavra extinta nas redações da mídia – antes do pleito de outubro. Na prática, já falta água em vários bairros da região metropolitana, mas a mídia amiga tem contido a vazão das denúncias. Sem o uso do “volume morto” seria mais difícil manter esta blindagem. O próprio secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, confessa que a utilização da reserva, o remanejamento de outros reservatórios e a economia feita pela população “garantem o abastecimento até março”.

A grave crise de abastecimento em São Paulo é prova inconteste da falta de planejamento e de investimentos no setor – do “choque indigestão” dos tucanos, que governam o estado mais rico da federação há quase 20 anos. Sem manutenção, a rede de distribuição da água foi sucateada. Estudo feito pela própria Sabesp, publicado em março, revela que 17% da rede têm mais de 40 anos e 34%, entre 30 e 40 anos. “O envelhecimento das tubulações, especialmente na região metropolitana, é um dos principais motivos das perdas físicas (vazamentos) da Sabesp", aponta o relatório. Boa parte destes vazamentos decore de rachaduras resultantes do desgaste da tubulação enterrada.

Em decorrência da falta de investimentos no setor e da redução do número de trabalhadores na empresa, a Sabesp não consegue consertar nem os vazamentos visíveis. Tanto é que o número de reclamações dos usuários cresceu 89% nos primeiros dois meses deste ano, em relação a igual período de 2013. Esta situação dramática explica porque a empresa não consegue reduzir a perda de água, apesar das suas repetidas promessas. Em 2013, a perda foi de 31,2% de toda a água produzida no percurso entre as estações de tratamento e as caixas d'água dos consumidores. Além da falta de manutenção, há o gravíssimo problema de redução dos investimentos no setor, que teria que ser modernizado.

Só não há redução da grana em anúncios publicitários, que ajudam a manipular a sociedade e a manter a hegemonia tucana. Em março passado, o governador Geraldo Alckmin assinou contratos com três agências de publicidade – Lew Lara, Fischer América e White Propaganda – e manteve intacta a verba de R$ 43,7 milhões. Com a renovação de outros contratos, o valor total poder chegar a R$ 87,4 milhões em 2014. Em nota oficial, a Sabesp justificou esta elevada despesa alegando que “a campanha publicitária é de fundamental importância para conscientização da população neste momento de escassez hídrica”. Pura balela! O valor previsto é o mesmo gasto antes da atual crise de abastecimento.

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