Por Altamiro BorgesA famiglia Marinho, que ergueu o império midiático da Globo graças às benesses da ditadura militar, partiu para o tudo ou nada. Além da caçada implacável para “matar” Lula, ela parece decidida a destruir os movimentos sociais que elegeram o ex-líder operário e permitiram o início de um novo ciclo político no Brasil. Pelo seu ódio de classe, ela sempre satanizou o sindicalismo, as entidades estudantis, os sem-terra, os sem-teto e todos os movimentos que lutam pela ampliação da democracia e dos direitos sociais. Mas agora, no clima de radicalização política que toma conta do país, a famiglia Marinho explicita que quer dizimá-los. Na edição deste domingo (31), o jornal O Globo coloca como alvo dos ataques a Central Única dos Trabalhadores (CUT), fundada por Lula.
A “reporcagem” de Thiago Herdy afirma que o presidente da CUT, Vagner Freitas, estaria sendo “investigado” por uma força-tarefa da Operação Lava-Jato. O sindicalista, porém, sequer foi notificado pelo Ministério Público – o que já indica o primeiro crime do jornal, o do vazamento ilegal de informações sigilosas. O motivo da “investigação” seria a compra de um imóvel da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Ocorre que Vagner Freitas foi presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, exatamente a entidade que criou a cooperativa. Nada mais natural, portanto, que tenha comprado um apartamento da Bancoop. O estranho seria se tivesse adquirido um imóvel num ilha carioca, ao lado da mansão ilegal da famiglia Marinho!
O próprio jornal cai no ridículo ao descrever o imóvel. “O apartamento tem área total de 100,6 metros quadrados e está situado no segundo andar do bloco B do residencial, no bairro Butantã”, na zona oeste da capital paulista. Nada de luxo ou ostentação. Mesmo com estes elementos, O Globo insiste no factoide para estigmatizar o líder cutista. Afirma que a força-tarefa foi ordenada pelo juiz Sérgio Moro, o carrasco da midiática Operação Lava-Jato eleito “personagem do ano” pela Rede Globo. Ainda de acordo com a “reporcagem”, o objetivo da investida “é verificar se houve ou não algum tratamento desigual em relação aos ex-cooperados" da Bancoop. Ou seja, não há nada de concreto. Apenas especulação e escandalização da política para atingir a CUT.
Ao traçar o “perfil de Vagner Freitas”, o jornalão da famiglia Marinho explicita os motivos da sua nova caçada. “O bancário Vagner Freitas, de 49 anos, é um interlocutor frequente do ex-presidente Lula. Filiado ao PT, o presidente da CUT faz parte do grupo que o líder petista reúne rotineiramente em seu instituto... Vagner chamou a atenção, em agosto passado, ao ameaçar pegar em armas para defender o mandato de Dilma, durante um encontro promovido pela presidente no Palácio do Planalto com líderes de movimentos sociais... No segundo semestre do ano passado, Vagner foi um dos líderes que viabilizaram a criação da ‘Frente Brasil Popular’, união de movimentos de esquerda idealizada por Lula para se contrapor aos grupos que desde o começo de 2015 têm saído às ruas para pedir o impeachment de Dilma. A Frente também reúne, entre outros, representantes do MST e da UNE”.
Diante desta nova frente de ataques da mídia golpista, o presidente da CUT divulgou uma resposta dura neste domingo. Vale conferir a nota:
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Globo mente e ataca trabalhadores
É lamentável que a imprensa use a liberdade de expressão, conquistada depois de muitas torturas e mortes de dezenas de companheiros e companheiras que lutaram contra a ditadura, para criminalizar lideranças dos movimentos de esquerda brasileiros.
Não é crime comprar um apartamento de classe média, em um bairro de classe média por meio de uma cooperativa criada para ajudar trabalhadores e trabalhadoras a realizar o sonho da casa própria, como o jornal O Globo deste domingo, 31 de janeiro, insinua que fiz.
Não é crime trabalhar durante anos para quitar um imóvel.
Não é crime demorar para ir ao cartório para passar a escritura para o seu próprio nome.
Lamentavelmente, O Globo, um jornal de grande circulação nacional, dá a informação sobre o imóvel que comprei da Bancoop de forma criminosa.
No texto da matéria, sou tratado como "um dos investigados" pelo Ministério Público de São Paulo. Qual o crime? Se foi o de comprar e quitar religiosamente todas as parcelas de um apartamento da Bancoop, centenas de pessoas cometeram o mesmo crime.
A relação que o Globo tenta fazer é que é criminosa. Não recebi favores e tenho todos os comprovantes de pagamento para provar isso. Não fiz nada de ilegal. Trabalho e pago minhas contas desde os 16 anos. Não tenho qualquer relação com a OAS nem com qualquer outra empreiteira ou empresa. Soube pelo Globo que estou entre os investigados. Investigado por quê? Como o jornal sabe disso e eu, não. Nunca recebi qualquer intimação do Ministério Publico.
Não podemos aceitar que as suspeitas infundadas dos promotores e as acusações levianas da imprensa sejam tratadas como verdade. O fortalecimento da democracia, com dignidade e respeito à justiça e aos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil sempre será nossa luta e nenhuma ameaça ou constrangimento ilegal vai nos tirar deste caminho.
Vagner Freitas, presidente Nacional da CUT*****
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