O pecado de Verissimo
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O pecado de Verissimo


Rodrigo Constantino

O simpático cronista Luís Fernando Verissimo ataca novamente, me obrigando a consumir mais Engov para evitar o embrulho estomacal (ainda mando a conta do remédio para ele). Em seu artigo de hoje, "Não é mais pecado", Verissimo resgata o Inferno de Dante, lembrando que os usurários iam direto ao encontro do Capeta na era medieval, quando a Igreja detinha mais poder.

O que o veneno de Verissimo pretende desta vez, sem muito disfarce, é atingir os bancos hoje, condenando a prática de cobrar juros. Segundo Verissimo, que entende um pouco mais sobre a vida privada do que de economia, os bancos modernos são capazes de destruir países inteiros por conta da desregulação. Seu artigo, leve e engraçadinho como de praxe, não passa de mais um ataque ao capitalismo.

Será que Verissimo não sabe que o setor bancário é um dos mais regulados do mundo? Será que Verissimo não sabe que os bancos centrais é que estimulam a criação de bolhas? Será que Verissimo não sabe que a gastança do governo é que ameaça as economias desenvolvidas hoje? Será que Verissimo não sabe que o juro é apenas o preço do capital no tempo, ou seja, como ter algo hoje vale mais do que tê-lo amanhã, devemos pagar para pegar emprestado a poupança alheia? Será que Verissimo não sabe que foi justamente o término desta visão pecaminosa da usura que possibilitou o progresso material moderno, inimaginável nos tempos medievais?

Talvez o cronista seja um saudosista daqueles "maravilhosos" tempos em que a expectativa de vida não chegava à metade do que é hoje. Talvez ele se imagine um aristocrata vivendo em algum castelo francês, sem se dar conta que mesmo assim um simples operário hoje desfruta de mais conforto graças ao capitalismo.

Por fim, Verissimo se justifica quanto ao erro patético da última coluna, apontado por mim. Nele, Verissimo afirmara que Marx teria levado um susto com a revolução soviética, sendo que o comuna barbudo morreu em 1883 e o evento se deu em 1917. Verissimo escreve agora: "Pensei que tivesse ficado subentendido que Marx se surpreendera no além-túmulo, mas nem todos subentenderam". Sério mesmo? Só pode ser limitação minha mesmo. E pensar que todos os leitores de Verissimo sabem exatamente quando Marx morreu! Claro que estava subentendido! Como pude pensar que se tratava de um erro absurdo, deliberado ou não? Fica aqui registrado o meu pedido de desculpas a Verissimo. É que não tenho a capacidade de ler nas entrelinhas do autor.

PS: No final do artigo, Verissimo questiona aonde Marx ficaria no além-túmulo: céu ou inferno. E termina tentando plantar a semente da dúvida: "Há controvérsias". Não! Eu não acredito em céu ou inferno, mas SE eles existissem de fato, não haveria a menor dúvida de qual seria o destino daquele que ajudou a parir o regime mais nefasto, assassino e cruel da história, que foi o comunismo. Marx teria lugar de destaque garantido bem ao lado de Lúcifer.




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