O principal - CELSO MING
Geral

O principal - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 01/02

Na estratégia do biquíni, que mostra tudo, mas esconde o principal, o governo vai seguir dizendo que apresentou excelentes resultados na administração das contas públicas de 2013: um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de 1,9% do PIB, lição de casa que poucos países vêm entregando. Essa avaliação oficial não deixa de ter sua parcela de verdade.

O governo entregou um superávit primário de apenas 1,9% do PIB. A promessa feita no início do ano foi de cumprir 3,1% do PIB. Depois, revisou a meta para baixo, a 2,3% do PIB, mas o final de jogo foi mais baixo.

Outro modo de ver as coisas é o de que esses resultados estão baixando ano a ano, com a agravante de que, no ano passado, contou com arrecadações excepcionais, que não se repetirão. Como está no gráfico ao lado, quando se incluem as despesas com juros o resultado não é mais o primário; é o nominal e não há saldo positivo; há rombo, de 3,3% do PIB. E esse rombo tende a crescer não só porque os juros da dívida aumentaram em relação aos que eram praticados nos anos anteriores, mas, também, porque seguirão aumentando.

O governo diz que faz tudo o que pode. A questão mais importante é que o sacrifício desse novilho aos deuses pode não ser suficiente para evitar a fúria dos elementos. O momento é delicado nas duas frentes: interna e externa. A política econômica não passa confiança, o crescimento econômico medíocre compromete a arrecadação, as despesas públicas seguem crescendo mais que as receitas, a inflação está alta demais e o País dá sinais de desarranjo também nas contas externas, que são liquidadas em dólares.

Enquanto a economia mundial desfrutou de abundância nunca vista de moeda e de disponibilidade de crédito, as grandes distorções da economia brasileira passaram despercebidas. Mas o jogo está virando, os tempos prometem escassez de recursos e a dose dos ajustes empregados pela política econômica do governo brasileiro mostra-se insuficiente para enfrentar as turbulências anunciadas nas telas de radar. O discurso oficial recorrente, de que a economia brasileira é altamente resistente a tormentas assim, não bate com a insistência com que o governo culpa a crise externa pelas mazelas que nos afligem.

Desde abril do ano passado, o Banco Central passou a restringir a oferta interna de moeda (alta dos juros) para combater a inflação. Mas falta mais disciplina nas contas públicas para melhorar a qualidade do ajuste da economia.

Na semana passada, a presidente Dilma deu a entender que reforçará os cortes orçamentários para melhorar as contas públicas e, assim, não deixar todo o serviço a cargo do Banco Central. É um passo que contraria os interesses imediatos dos políticos que em anos normais adoram gastar, mas que, em anos de eleições, querem gastar compulsivamente. A presidente Dilma deve estar agora avaliando qual a resposta de maior custo político: a da leniência com as contas públicas ou a austeridade fiscal.

Não basta prometer um superávit primário mais alto; é preciso acompanhar a promissória com garantias reais que afastem o risco de não cumprimento.




- As Contas Afundam - Celso Ming
O ESTADÃO - 01/07 Até há alguns meses, sabia-se que os resultados das contas públicas (que reúnem receitas e despesas) eram decepcionantes. Agora se vê que se aproximam do desastre. Na última sexta-feira, o Tesouro já divulgara números particularmente...

- Não Foi Gol De Mão - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 04/01 O ministro Guido Mantega está certo ao comemorar a sobra de arrecadação do governo federal em 2013, "de cerca de R$ 75 bilhões", o que configura um superávit primário aproximado de 1,7% do PIB. Ainda que faltem atualizações...

- Falta De Clareza - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 02/10 Difícil saber o que é pior: a forte deterioração das contas públicas ou a insistência do governo (e também do Banco Central) em negá-la, apesar das evidências em contrário? Os números oficiais divulgados segunda-feira...

- Preço Alto - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 24/07 Como anteontem se viu, a decisão do governo foi manter certa dose de enrolação nas contas públicas. As análises são quase unânimes em apontar falta de clareza, lacunas e manobras duvidosas na tentativa de garantir um...

- Déficit De Credibilidade - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 23/06 De nada serviu à presidente Dilma adotar certas práticas da presidente Cristina Kirchner e chamar os críticos de sua política econômica de terroristas. Ela já deve ter elementos para entender que seu governo enfrenta...



Geral








.