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O silêncio dos políticos - LEONARDO CAVALCANTI
CORREIO BRAZILIENSE - 22/06
A reação das autoridades às manifestações demorou a aparecer. Ontem, todos os discursos, de prefeito à presidente, foram apresentados. Agora eles esperam que o pessoal que está nas ruas preste atenção nas palavras
Depois de uma semana de protestos incessantes, sobra o cinismo de políticos. A série de chutes de analistas, governistas e oposicionistas, serviu apenas como especulação, afinal a cada manifestação tem mais gente nas ruas. Dentro dos gabinetes da Esplanada e nos palácios estaduais e municipais, o que se viu foi a perplexidade geral e a demora na reação das autoridades, como se anestesiados. Ontem, todos resolveram falar alguma coisa.
O fato é que nenhum político sabe exatamente o que fazer, e nessas horas eles apenas falam quando é inevitável. Foi isso que ocorreu com a presidente Dilma Rousseff, que, no primeiro momento, no início da semana, embarcou para São Paulo em busca de conselhos de Luiz Inácio Lula da Silva e de João Santana, o marqueteiro oficial dos petistas nas duas últimas eleições.
Em vez de buscar apoio dentro do próprio governo, Dilma passou a imagem de ter dificuldades em ler cenários, precisando o tempo todo de avaliações do ex-presidente e do publicitário. Antes de mais críticas, uma consideração: até agora, poucos entenderam as manifestações. Um ou outro artigo ou avaliação foi mais precisa. A diferença está em admitir a dificuldade de analisar os protestos.
O espírito
Um termo em alemão talvez explique a dificuldade e a perplexidade de políticos e analistas. Zeitgeist significa algo como "espírito da época" ou "sinal dos tempos". Nada mais difícil do que entender o tal "espírito" no momento que tudo está se passando. Com todo o cuidado em não misturar conceitos, pode-se dizer que apenas um distanciamento histórico poderia ajudar alguém a perceber o "sinal".
Nos últimos 18 anos, o país obteve conquistas inquestionáveis, durante os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula. Primeiro, a estabilidade econômica e, depois, os avanços sociais. Com o fim do segundo mandato do tucano, Lula conseguiu perceber como ninguém os desejos e comportamentos da sociedade. Assim, mesmo com escândalos de corrupção, o petista manteve a força eleitoral.
O tal faro político do ex-presidente nada mais significava do que o fato de ler os cenários, entender o espírito da época e o sinal dos tempos. Enquanto a oposição patinou nos últimos 10 anos para dizer algo à população, Lula demonstrou como fazer. Parecia até simples, direto ao ponto. Um discurso limpo, com apelo emocional, mas completamente pensado, estratégico e apoiado em pesquisas eleitorais.
Conselhos
O problema dos petistas é que esse tempo de interpretação dos fatos parece ter passado, mesmo para Lula. Nos conselhos que deu à Dilma, o ex-presidente pediu mais flexibilidade na relação com aliados e maior aproximação com os eleitores. De certa forma, a presidente usou tais recomendações no discurso feito em cadeia de rádio e televisão na noite de ontem. Mas ainda parece faltar jogo de cintura.
Dilma se elegeu sem fazer muita força. Todos os movimentos foram de Lula. Os petistas apostavam na estabilidade econômica para tê-la como forte candidata à reeleição. A alta popularidade verificada nas pesquisas ao longo de 17 meses tranquilizava o Planalto. Com a chegada de junho, tudo começou a mudar. Os índices positivos caíram com o fantasma da inflação. E vieram os protestos, que bagunçou de vez a cabeça dos aliados. O mais grave: até agora ninguém sabe se as manifestações atrapalharão de fato Dilma. As pesquisas divulgadas esta semana foram feitas antes dos protestos.
Discurso
Era inevitável o discurso de Dilma na noite de ontem. Com ou sem resultado prático, ela tinha obrigação de falar aos brasileiros. Disse o que deveria dizer sobre os arruaceiros, com fortes críticas aos atos de vandalismo, e abriu diálogo com os líderes dos manifestantes. Tudo muito previsível - e até meio burocrático. A partir de agora, os petistas torcem para que funcione e diminua o ruído das ruas.
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