TCU, TSE, Congresso e o cerco golpista
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TCU, TSE, Congresso e o cerco golpista


Por Altamiro Borges

Com a reforma ministerial, que entregou maiores fatias do poder aos gulosos caciques do PMDB, muita gente imaginou que a presidenta Dilma conseguiria finalmente sair das cordas. Pura ilusão! A atual mandatária, eleita democraticamente pela maioria dos brasileiros, não terá paz até o final de 2018 – isto se conseguir encerrar o seu mandato. Nos últimos dois dias, com as refregas seguidas no Tribunal de Contas da União (TCU), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Congresso Nacional, ficou evidente que todos os aparatos de poder serão usados para derrotá-la. A direita nativa trabalha com duas hipóteses. Se reunir forças suficientes, ela investirá no impeachment – o que representaria uma dura derrota das forças de esquerda no país. Caso contrário, ela insistirá na tática dupla de “sangrar” Dilma e “matar” Lula. Não dá para ter qualquer ilusão com os intentos golpistas.

No caso do TCU, que reúne políticos velhacos mais sujos do que pau de galinheiro, a rejeição das contas do governo federal no exercício de 2014 foi grotesca. A votação na noite desta quarta-feira (7) – ou melhor, a encenação – durou apenas 19 minutos. O relator do processo, o ministro Augusto Nardes – acusado de ter facilitado a vida dos donos da RBS/Globo em fraudes fiscais no sul do país – só reafirmou o voto que já havia proclamado antes mesmo do julgamento. É certo que este impoluto tribunal, na sua inutilidade histórica, tem apenas papel consultivo. Por unanimidade – para espanto dos que acreditavam em cisões internas –, ele “recomendou” a rejeição das contas e seu parecer deverá agora ser apreciado pelo Congresso. De qualquer forma, a decisão foi festejada pelos golpistas que acompanharam a sessão – entre eles, o fascista mirim Kim Kataguiri, o jagunço Paulinho da Força e vários parlamentares do PSDB e do DEM.

Na noite anterior (6), por cinco votos a dois, o Tribunal Superior Eleitoral também reabriu a análise das contas de campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. A ação foi movida pelo PSDB, que denunciou o uso de recursos das empreiteiras delatadas na Operação Lava-Jato. Baita cinismo, já que Aécio Neves também recebeu milhões das mesmas construtoras. Como atestam mensagens vazadas nesta semana, os executivos de uma destas empresas inclusive torceram pela vitória do cambaleante tucano e pela derrota de Dilma – rotulada de “gorda”, “sapa”, “vaca velha”, “mulher medíocre”, “poste” e outros adjetivos machistas e repugnantes. A decisão do TSE, inédita na sua história, é a que mais alegrou Aécio Neves, já que pode resultar na anulação das eleições do ano passado. O cambaleante, que até hoje não engoliu sua derrota, aposta todas as suas fichas neste formato golpista.

Para completar a tragédia, nesta mesma noite o Congresso Nacional adiou pela segunda vez a votação dos vetos presidenciais à nefasta “pauta-bomba”. Sem qualquer prurido, a sessão não teve quórum – apesar da maioria dos deputados e senadores se encontrar nos corredores e gabinetes da egrégia Casa. Apesar da reforma ministerial, que beneficiou o PMDB e sinalizou para uma recomposição da chamada base aliada, muitos parlamentares “governistas” sabotaram a votação, somando-se aos golpistas da oposição demotucana. Como apontou a jornalista Tereza Cruvinel, a manobra visou chantagear o governo para manter o financiamento privado das campanhas eleitorais, contrapondo-se à recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja: o motivo destes vestais da ética foi garantir a grana dos corruptores! A sabotagem foi liderada pessoalmente pelo lobista Eduardo Cunha, aquele das contas secretas na Suíça.

Estas derrotas seguidas, em cerca de 24 horas, darão novo impulso aos que pretendem golpear a democracia e anular os resultados das eleições de outubro passado. Caciques do PSDB, DEM, PPS e SD já falam em voltar com carga total na defesa do impeachment. Os fascistas mirins, com os seus financiamentos sinistros, também já cogitam promover novas marchas. E a mídia privada – que está falida, mas ainda goza de enorme poder na manipulação da sociedade – dará a cobertura “jornalística” devida ao cerco golpista. Em editorial nesta quinta-feira (8), a Folha tucana já decretou a morte do governo. “Derrotas sofridas no TSE e no TCU evidenciam a extensão da fragilidade política da presidente Dilma Rousseff”. No mesmo rumo, outros veículos da mídia hegemônica também festejam as derrotas do governo e dão como certa a abertura, em curto espaço de tempo, do processo de impeachment. O tempo vai esquentar no Brasil!

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