Ombudsman da Folha desmascara a Folha
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Ombudsman da Folha desmascara a Folha


Por Altamiro Borges

“Quem (se) vende mais?”. Com este título provocativo, que serve a várias interpretações, a ombudsman da Folha, Susana Singer, publicou no domingo (12) uma dura critica as distorções dos dois principais jornais paulistas na difusão de dados sobre circulação dos veículos. Assalariada da família Frias, ela desmascara o diário rival, da família Mesquita, mas não deixa de criticar a própria Folha.
Já que teve a coragem de meter a mão na cumbuca, nem dava para ser diferente! Afinal, os dois jornais tentaram ludibriar seus leitores jactando-se que são campeões de vendas. Em 29 de janeiro, o Estadão alardeou que “cresce e amplia liderança em São Paulo”. No domingo seguinte (5), foi a vez de o jornal rival manipular os dados: “Folha lidera na edição imprensa e digital”.

Falta de transparência e imparcialidade

Como aponta Susana Singer, ambos manipularam descaradamente os dados e confirmaram que “transparência e imparcialidade, dois pilares do bom jornalismo, são esquecidos sempre que se escreve sobre circulação de jornais". Será que é só nesta hora que os barões da mídia esquecem os "pilares do bom jornalismo?". Apesar desta discordância, reproduzo trechos da corajosa matéria:

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Basta uma comparação entre os gráficos publicados pelos dois jornais para notar que a última preocupação era informar corretamente. O ‘Estado’ fez apenas o quadro ‘Mercado Paulista’, com as cifras da capital, da Grande São Paulo e do Estado, justamente os três campos em que bate o concorrente.

A Folha também deu só os números favoráveis: a circulação no país, no interior de São Paulo e nos outros Estados. Omitiu a capital e o total do território paulista. Contou que vende mais assinaturas digitais do que o concorrente, mas se esqueceu de dizer que o crescimento total dele no ano passado foi superior ao seu (7,5% contra 0,9%).

Excluídos os jornais populares (vendidos por até R$ 0,99), um resumo justo apontaria a liderança da Folha no país, o segundo lugar do "Globo", mas ressaltaria a força que o "Estado" mantém entre os paulistanos. A Folha tem uma influência nacional muito superior à do concorrente direto, mas não consegue vencê-lo na sua cidade de origem, onde está o principal foco do mercado publicitário.

O "modus operandi" dos dois jornais é igual nesse tipo de texto. Ambos pinçam dados do IVC (Instituto Verificador de Circulação), responsável por auditar jornais e revistas do Brasil, buscam uma boa declaração do presidente do órgão, entrevistam os seus próprios executivos, que elogiam a Redação, e publicam as "reportagens" nos cadernos de economia, com menção na Primeira Página.

Se não há isenção suficiente para abordar o próprio negócio, como se faz com os outros setores da economia, a Redação deveria ficar fora desse processo. Os informes sobre quem vende mais deveriam ser feitos por publicitários. Em anúncios, não é pecado seguir aquela máxima de um ex-ministro da Fazenda: "o que é bom a gente fatura; o que é ruim a gente esconde.




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