Por Altamiro BorgesNesta terça-feira (16), a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou o relatório “O estado da insegurança alimentar no mundo” e deu uma notícia alvissareira para os brasileiros. Nos últimos dez anos, o país reduziu em 50% o número de pessoas que passam fome no país. A mídia, porém, não deu manchete para esta relevante informação. Na sua “posição oposicionista” – como já orientou Judith Brito, ex-presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e executiva do Grupo Folha – ela preferiu dar apenas algumas notinhas escondidas. As manchetes e os comentários na rádio e televisão poderiam ajudar a campanha da presidenta Dilma. E isto é que os barões da mídia menos desejam nesta reta final das eleições.
Segundo o relatório, os governos Lula e Dilma foram fundamentais para o cumprimento dos “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)”, fixados para 2015. O ODM apontou oito metas principais para reduzir a miséria no mundo. O Brasil se destacou em todas elas, segundo as três instâncias da ONU: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e Programa Mundial de Alimentos (PMA). Ainda segundo a ONU, o programa “Bolsa Família”, tão combatido pelas mentes neoliberais da oposição midiática, foi determinante para o Brasil alcançar estes históricos avanços.
“Garantir que todas as pessoas comessem três vezes ao dia – como disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso de posse – se transformou em uma prioridade governamental”, reconhece o documento. Ele destaca que a taxa de desnutrição no país sofreu uma redução de 10,7% para menos de 5% neste período. Já o índice de pobreza caiu de 24,3% a 8,4% e a taxa de pobreza extrema declinou de 14% a 3,5%. A ONU aponta que este avanço foi “resultado da ação coordenada entre o governo e a sociedade civil, mais que de uma só ação isolada”. O programa “Bolsa Família” integra 19 ministérios e combina a proteção social com políticas de fomento ao emprego, à agricultura familiar e à nutrição.
As excelentes notícias animaram ainda mais Tereza Campelo, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Para ela, a fome deixou de ser um problema estrutural brasileiro para se tornar um fenômeno isolado e o Brasil passou a ser uma referência mundial no combate à miséria. “O país tem muito a comemorar. É uma vitória, mas não achamos que nossa missão terminou. Pelo contrário. Isso torna nossa tarefa muito mais complexa, pois após a construção de políticas públicas bem-sucedidas, temos que partir para estratégias muito mais focalizadas, procurando identificar a população que continua em situação de insegurança alimentar. É um novo patamar”.
Já a mídia oposicionista preferiu ofuscar o relatório ou apresentá-lo pelo lado negativo. Como registrou Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa, “o Jornal Nacional, da TV, Globo, destinou exatos 37 segundos à notícia – tempo que se dedica diariamente ao boletim meteorológico”. Já a Folha tucana destacou nesta quarta-feira (17) que “3,4 milhões passam fome no Brasil, diz a ONU”, sem realçar os milhões que deixaram a subnutrição. No caso do estudo da FAO, o maldoso diário ainda afirma que “órgão dirigido por ex-ministro de Lula adota novo cálculo e elogia combate à desnutrição”. Haja desonestidade! Até a Agência Brasil, que integra o sistema público de comunicação, reproduziu esta visão negativista. “Brasil tem 3,4 milhões de pessoas que não comem o suficiente”, deu na manchete. Lamentável!
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