Geral
Os bandos soltos - JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 14/07
Eles têm o propósito de valer-se das manifestações para destruir e para lutar com a Polícia Militar
Uma atitude conveniente, em muitos sentidos, a todas as secretarias de Segurança nesta fase de violências a meio de manifestações pacíficas: comandante da PM no Rio, o coronel Eri Ribeiro convidou representantes da OAB e do Ministério Público a acompanharem a tropa que conteria a manifestação no entorno do Maracanã, quando do jogo entre Brasil e Espanha.
Resultado: confirmou-se o previsto choque, mas o representante do Ministério Público testemunhou que a agressão inicial não foi da PM, foi contra a PM. O desmentido ao histórico da repressão policial, positivo para a PM, serviu sobretudo para confirmar uma anormalidade que requer mais consideração geral do que a recebida até aqui.
Multiplicam-se os bandos organizados com o propósito de valer-se das manifestações para destruir lojas, carros, equipamentos públicos e para lutar com a PM. Perturbação piorada dos bandos de marginais que se passavam, ou passam, por torcidas organizadas em São Paulo. As duas últimas manifestações no Rio --em frente ao palácio de governo de Sérgio Cabral e a passeata dos sindicalistas-- foram interrompidas pelo ataque provocador dos marginais à PM. No primeiro desses casos, com o legado de muitos manifestantes e transeuntes atingidos.
Dos adultos apanhados, só dois ficaram presos. E dois "dimenor" foram detidos (ou "apreendidos", dizem agora os jornalistas, como se "dimenor" fosse objeto ou mercadoria). Não é a maneira de sustar a crescente violência que deturpa e terminará por esvaziar os movimentos legítimos de protesto e reivindicação pública.
Extensão das passeatas urbanas, as interrupções das estradas, na quinta-feira, incluíram muitos atos de violência. Se um caminhoneiro mata outro com uma pedrada no para-brisa, e seus companheiros nada fazem, não se espere coragem da Polícia Rodoviária para desalojar dezenas ou centenas deles. E as violências ficam por isso mesmo?
Os responsáveis pela segurança pública mostram-se acuados, diante do novo problema, pela já automática acusação às suas polícias, a partir dos tiroteios fatais nas favelas ou em enfrentamentos com assaltantes. Mas, da maneira como os distúrbios de violência se espalham e se agravam, a tendência é que terminem mal para todos os lados.
A RECEPÇÃO
A regra do papa Francisco é a simplicidade cristã. Nada dos sapatos de modelitos vermelhos, colares e cruzes e anéis de ouro, e dos paramentos ofuscantes de João Paulo 2º e de Bento 16. Seus sapatos são ainda os que usava nos ônibus e no metrô de Buenos Aires, seu quarto é na casa de prelados em trânsito, sua alimentação é no refeitório.
A cúria do Rio e seu círculo de socialites e de novos ricos esmeram-se nas grã-finices com que desejam cercar o papa Francisco. Cardápios especialíssimos, componentes finíssimos para o quarto. Os pratos de suas refeições? Ah, são peças da família imperial. A cada dia uma novidade de riqueza é informada à imprensa. Um desrespeito sem limite.
O ORIGINAL
Fez bem o senador peessedebista Aloysio Nunes Ferreira em mover o Senado para colher, no Ministério da Defesa, os nomes dos usuários de aviões da FAB. Mas voos desde quando? Afinal, o escândalo desses voos vem do governo do PSDB. Culminou com o abuso incomparável do então ministro Ronaldo Sardenberg, que viajou em férias com a família para Fernando de Noronha. E os ministros e assessores do PSDB viajavam para São Paulo pela FAB, todo fim de semana.
Foi a farra aérea do PSDB com o dinheiro público que motivou a meia restrição agora inspiradora do indignado peessedebista.
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