Painel acende luz vermelha no clima - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
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Painel acende luz vermelha no clima - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE


CORREIO BRAZILIENSE - 01/04
Relatórios se tornam desnecessários para demonstrar que o clima está mudando. São tantas as variações surpreendentes que a normalidade parece fato excepcional. Os impactos não se restringem a esta ou àquela região, a este ou àquele país, a este ou àquele continente. São globais. Se a observação empírica, porém, é comprovada pela ciência, o problema ganha dimensões alarmantes.
É o que comprova o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Divulgado domingo em Yokohama, no Japão, o documento com mais de 2 mil páginas e 30 capítulos trata dos impactos produzidos pela ação humana sobre a natureza. Os abalos do aquecimento global projetados para o século 21 têm efeitos mais assustadores na disponibilidade de água doce e na produção de alimentos.

Segundo o texto, não há áreas livres de riscos. Ricas ou pobres, desenvolvidas ou em desenvolvimento, todas as nações têm vulnerabilidades. Algumas mais, outras menos, mas nenhuma está plenamente preparada para enfrentar o desafio que ameaça os sistemas naturais e humanos.

Diferentemente do IPCC de 2007 - criticado por apresentar dados superficiais e fazer previsões precipitadas -, o deste ano baseou-se em estudos mais abrangentes e comprovados por diferentes fontes. Não significa que tenha faltado rigidez ao anterior. Significa que menor número de artigos científicos confirmaram determinados fenômenos.

Apesar das diferenças, tanto o de 2007 quanto o de 2014 apontam fato incontestável. O mundo, por enquanto, não está preparado para fazer frente aos desafios do novo paradigma. Mas as mudanças climáticas são realidade que exige respostas imediatas. O planeta paga conta antiga, cujo débito se acumula desde a Revolução Industrial. Impõem-se medidas urgentes aptas, senão a frear o processo, pelo menos a atenuar-lhe os efeitos.

Ainda há tempo, diz o relatório, embora se torne cada vez mais apertado. Grandes marchas começam com pequenos passos. O primeiro: convencer-se de que o meio ambiente não é coração de mãe, em que sempre cabe mais um. Não cabe. No caso do Brasil, além de reduzir drasticamente o desmatamento, há que tomar medidas sérias para evitar desperdícios e melhorar a qualidade dos insumos.

Entre elas, incentivar a troca de eletrodomésticos com alto consumo de energia por outros menos dispendiosos, estimular a economia e o reúso da água, evitar a poluição de rios e lagos. Não só. Melhorar o transporte público - sobretudo o modal sobre trilhos - reduz a poluição e melhora a qualidade de vida. Sem olhar de frente a tragédia anunciada, condenamos o mundo a duas penas capitais: morrer de sede e de fome.




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