PARA LER O PATO DONALD E ENTENDER A CRISE ATUAL
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PARA LER O PATO DONALD E ENTENDER A CRISE ATUAL


Lembro que fiquei tão impressionada com o documentário Maxed Out, que vi nos EUA uns três anos atrás, que até anotei alguns dados. Repare que isso tudo é de antes da crise que quebrou boa parte daquele país, principalmente a cidade onde morei por um ano, Detroit.
Os EUA deixaram de ser uma nação que produz coisas para virar uma que compra. As fábricas foram substituídas por shoppings. Dois terços da economia americana vem do consumo. As lojas americanas comportam todas as pessoas dos EUA, Europa e América do Sul dentro delas ao mesmo tempo. Americanos gastam uma hora por semana em atividades espirituais, e cinco em compras. A maioria das crianças até 8 anos não sabe diferenciar propaganda de entretenimento. Em alguns países é proibido anunciar para crianças com menos de 12 anos. Nos EUA gastam-se 15 bilhões de dólares por ano com propaganda pra elas.
Cada família deve, em média, sem contar hipotecas da casa, 18 mil dólares (entre dívidas de cartão e pagamento de carro). Junte a isso a hipoteca, e a dívida total da população é de 7 trilhões de dólares. Uma pessoa de 20 anos deve, em média, 10 mil dólares.
Os bancos gastaram US$ 154 milhões em lobby pra aprovar uma lei que restringe a falência. Bush a sancionou, e todos começaram a lucrar mais, num meio que permitia que bancos tivessem 54% de lucro. Dois meses depois da lei ser aprovada, veio o furacão Katrina, que devastou Nova Orleans. A lei dizia que pessoas não podiam declarar falência por causa de enchentes e outros desastres “naturais”. Precisa continuar?
Opa, um adendo. Talvez eu deva explicar o título do post? Pode ser que vocês sejam novinh@s demais e não conheçam um pequeno livro que fez escola nos anos 70, Para Ler o Pato Donald, dos chilenos Ariel Dorfman, o mesmo de A Morte e a Donzela, e Armand Mattelart. O livro, um pouco datado hoje mas ainda uma delícia de ler (à venda no Submarino), analisa os quadrinhos da Disney para mostrar a lógica do imperialismo. Por exemplo, isso de não existirem pais e filhos nos quadrinhos Disney, apenas tios e sobrinhos. E que os sobrinhos têm tanta proteção social quanto as crianças dos orfanatos de Dickens no século 19. E como num dos gibis da década de 70, bem durante a guerra do Vietnã, um dos personagens dizia “Nada de bom pode sair da Ásia”. Recomendo muito. Faz uns anos, escrevi um artigo comparando a idealização que se faz da infância nos quadrinhos Disney, segundo a ótica de Para Ler o Pato Donald, com aquela que Humbert faz de Lolita no romance de Nabokov. É uma idealização feita para que o predador não se sinta mal explorando, econômica ou sexualmente, as crianças. Para quem quiser ler, tá aqui, em inglês.




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