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Perdendo competitividade - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO - 08/09
Os problemas econômicos mundiais afetam o desempenho de todos os países, mas, entre os emergentes, alguns estão reagindo com mais eficiência do que outros aos efeitos da crise e, por isso, conseguem avançar na classificação mundial de competitividade. Este não é, infelizmente, o caso do Brasil. Quando alcança resultado melhor em alguns itens que aferem a competitividade, o Brasil melhora menos do que outros; e, quando seu desempenho piora, a queda é mais acentuada do que a de outros países em desenvolvimento. O resultado não poderia ser diferente daquele que está sendo apresentado na edição de 2013 do Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial (WEF): em relação ao relatório de 2012, o Brasil perdeu oito posições na classificação geral.
Ocupando neste ano a 56.ª posição numa lista de 148 países, o Brasil voltou à classificação de 2009. Com a queda, foi superado por outros países latino-americanos ou com os quais disputa os investimentos internacionais, como México, Costa Rica e África do Sul.
É significativo o fato de que, em relação ao relatório de 2012, o Brasil perdeu posições em 11 dos 12 itens nos quais se baseia a classificação geral Quatro desses itens se referem às condições básicas para a competitividade (instituições, infraestrutura, ambiente macroeconômico e condições de saúde e de educação básica); seis, a itens que contribuem para o aumento da eficiência da produção e dos negócios (qualidade e treinamento da mão de obra, eficiência do mercado de bens, eficiência do mercado de trabalho, nível de desenvolvimento do mercado financeiro, capacidade de absorção de novas tecnologias e tamanho do mercado interno); e dois, à sofisticação do ambiente de negócios e à inovação.
A classificação do Brasil só não piorou no item dimensão do mercado interno, em que manteve a posição destacada que ocupa há anos (9.° lugar).
Problemas antigos parecem estar se tomando ainda piores, como sugerem as quedas de 23 posições entre 2012 e 2013 na classificação brasileira no item eficiência do mercado de trabalho (do 69.° para o 92.° lugar) e de 19 posições no item eficiência do mercado de bens (do 104.° para o 123.° lugar).
Parte da queda na classificação quanto à competitividade do mercado de trabalho pode ser explicada pela mudança da metodologia utilizada pelo WEF, que passou a incorporar nas suas análises a carga tributária sobre a folha de pagamentos, que no Brasil é bem mais alta do que na maioria dos demais países analisados. No entanto, mesmo sem essa mudança, a classificação brasileira continuaria mim.
Como observou o coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral - responsável (com a colaboração de técnicos do Movimento Brasil Competitivo) pela análise do Brasil no relatório Carlos Arruda, é generalizada a percepção de que o País não fez as mudanças necessárias para tornar o mercado de trabalho mais flexível quando a economia estava em crescimento, o que tendia a reduzir as resistências à modernização. Agora terá mais dificuldades para fazê-las. A desoneração da folha de salários só para alguns setores, como faz o governo, tem efeito limitado. Ela não beneficia outros setores e não passa de medida paliativa.
Esse tipo de medida, segundo Arruda, mostra que o governo age experimentalmente. Faz mudanças limitadas e espera os resultados; quando estes não surgem, inventa outras medidas, cujos efeitos também podem ser limitados.
Essa forma de agir do governo Dilma é o fator novo que, indiretamente, o relatório aponta como responsável pela grande perda relativa de competitividade do Brasil em tão pouco tempo. Além de não atacar com determinação e eficiência os conhecidos problemas estruturais da economia brasileira, o governo Dilma vem conduzindo sua política econômica de maneira errática e ineficaz - como mostram o aumento da inflação, o lento crescimento, a expansão do déficit externo e a alta da dívida pública bruta o que instilou pessimismo no empresariado, cuja opinião é essencial no estudo do WEF.
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