PESQUISA COMPROVA: O PRIVILÉGIO BRANCO É REAL
Geral

PESQUISA COMPROVA: O PRIVILÉGIO BRANCO É REAL


Benefícios para quem tem privilégios brancos. Membro desde 1776

Pedi a queridíssima Elis para que traduzisse este artigo de Britni Danielle publicado há menos de um mês. Não que qualquer pessoa minimamente sensata precise de provas de que brancos têm privilégios, mas... taí mais um argumento contra os racistas.

O último dia 26 de fevereiro marcou o terceiro aniversário da prematura morte de Trayvon Martin nas mãos do autointitulado vigia do bairro, George Zimmerman [Martin, de 17 anos, negro, foi assassinado por Zimmerman, que o considerou suspeito, na Flórida; em 2013, um júri absolveu o "vigia"]. 
O incidente continua alimentando o debate acerca das relações raciais nos Estados Unidos, reabrindo feridas e dividindo o país pela cor. Mas quem consegue esquecer a controvérsia surgida quando o presidente Obama falou sobre a morte de Martin, reconhecendo que ele, Obama, poderia ter tido um destino semelhante quando adolescente?
“Quando Trayvon Martin levou um tiro, eu disse que poderia ter sido meu filho. Outra maneira de dizer isso é falar que Trayvon Martin poderia ter sido eu há 35 anos”, disse o presidente pouco depois que Zimmerman foi inocentado em 2013.
Muitos americanos acusaram o presidente de “promover a divisão” e de “usar o argumento racial”. Mas um novo estudo de Redzo Mujcic e Paul Frijters, dois economistas da Universidade de Queensland em Brisbane, Austrália, provaram o que Obama estava sugerindo em suas declarações: o privilégio branco é real.
Mentiras brancas:
clique para ampliar
Você pode aprender nas aulas de história que os Estados Unidos foram fundados sobre os ideais da supremacia branca (a Constituição transmitia a ideia de que afroamericanos eram somente três quintos humanos), mas há quem ainda duvide que o racismo e o privilégio branco nos afetem nos tempos modernos. Algumas pessoas questionam se os americanos brancos, especialmente os que estão em desvantagem econômica, têm de fato algum tipo de privilégio.
A pesquisa de Mujcic e Frijters confirma que sim, eles têm. Os estudiosos conduziram um experimento social de ampla escala no estado de Queensland para descobrir se as pessoas brancas recebiam tratamento especial em comparação com pessoas negras. De acordo com os pesquisadores, o tratamento dado na Austrália aos aborígenes negros reproduz a experiência dos afroamericanos. 
Por exemplo, os aborígenes negros só garantiram o direito ao voto em 1963, dois anos antes da Lei dos Direitos ao Voto ser aprovada nos Estados Unidos. Três em cada quatro indígenas australianos atualmente dizem sofrer racismo regularmente, e 88% dos afroamericanos sentem que a discriminação contra as pessoas negras ainda persiste.
"Nunca esqueça" vs "Supere isso"
Nesse contexto, Mujcic e Frijters encabeçaram um ambicioso experimento para ver o papel que raça e privilégio desempenham atualmente. Os pesquisadores deram a 29 jovens adultos de ascendência branca, asiática, indiana e negra a tarefa de entrar em vários ônibus com um vale-transporte inválido e ver se os motoristas deixariam ou não que eles usassem o serviço gratuitamente. 
Os participantes deveriam dizer, “Eu não tenho dinheiro, mas preciso ir à estação X”, estando a estação X a uma distância que não seria possível caminhar. Após analisar mais de 1.500 interações sociais, os pesquisadores chegaram a resultados impressionantes.
A conversa crucial: pais brancos falam
de sexo, pais negros, de racismo
Participantes brancos e asiáticos puderam andar de ônibus sem pagar com frequências quase iguais (72%), mas os motoristas recusaram com frequência bem maior os pedidos de passageiros negros e indianos. Dos passageiros indianos, 51% dos pedidos foram atendidos, enquanto pedidos de passageiros negros tinham probabilidade duas vezes maior do que os de passageiros brancos e asiáticos de serem recusados, com somente 36% deles podendo entrar no ônibus e ir até a estação mencionada sem pagar.
"Não é uma questão racial" vale para
inúmeros contextos. Porém, se um
negro for promovido, racistas dirão
que é uma questão racial
As disparidades continuaram mesmo quando os sujeitos estavam usando terno ou uniformes militares, com 67% dos passageiros negros e 83% dos indianos podendo usar o ônibus de graça, em comparação com 97% dos passageiros brancos. É interessante observar que motoristas negros também optaram por deixar que passageiros brancos usassem o ônibus com mais frequência do que passageiros negros (83 versus 68%), destacando ainda mais o quanto o racismo sistemático é insidioso e como é enraizado o privilégio de que as pessoas brancas desfrutam.
Só ter um nome menos étnico (Joe em
vez de José, nos EUA) já leva seu
currículo mais longe
Este privilégio, ou melhor, a possibilidade das pessoas brancas evitarem dolorosas micro e macroagressões raciais, é sentido em praticamente todos os setores da sociedade. No mercado de trabalho, ele se manifesta quando os empregadores optam por entrevistar candidatos com nomes “de branco” em vez daqueles com “nomes étnicos”. 
Alunos admitidos em universidades:
filhos de ex-alunos e doadores. Mas
se um negro é admitido, o branco que
não conseguiu a vaga gritará:
"A culpa é dele!"
Nas universidades, ele se mostra quando as escolas dão tratamento especial a filhos de ex-alunos ou doadores, enquanto se recusam a levar a inclusão racial em consideração. E no sistema judiciário, privilégio branco significa que afroamericanos representam 57% das pessoas que estão em prisões estaduais por crimes relacionados a drogas, embora negros e brancos usem drogas com frequência semelhante e brancos vendam drogas com maior frequência.
Tudo bem para brancos atirar num
garoto negro que te assusta, ou
cometer massacres em escolas
Apesar de provas incontestáveis do contrário, alguns americanos ainda duvidam que pessoas brancas tenham benefícios baseados unicamente em sua raça. 
“É de partir o coração que nós tenhamos que ter essa conversa com pessoas com quem interagimos diariamente e que não entendem”, diz Monica Castillo, uma crítica cultural que escreve sobre diversidade na mídia. “Quantas vezes as coisas ainda têm que acontecer antes que você perceba?”
"Parar e revistar" não contém crimes.
Mas É um crime (racial, ainda por cima)
Castillo cita a política de parar e revistar de Nova York, que foi considerada inconstitucional porque visava de maneira desproporcional residentes negros e hispânicos, e o recente processo contra Ferguson, Missouri, por pagar pelos serviços municipais parando e multando motoristas negros com frequência alarmante.
Com tanta desigualdade ainda enraizada em tantos sistemas nos Estados Unidos, é fácil ficar frustrado e duvidar que alguma coisa possa mudar, mas Castillo é moderadamente otimista:
“Eu acho que significa algo o fato de estarmos tendo esta conversa hoje”, diz ela, destacando o fato de que os americanos estão falando sobre raça muito mais do que o fizeram na última década.
“Agora, podemos nos expressar e conversar sobre o tema, mas precisamos chegar ao ponto em que as pessoas ouçam. Talvez precisemos de mais exemplos [de que o privilégio existe]”, diz Castillo.
Há uma conexão entre racismo e saúde mental debilitada,
principalmente ansiedade e depressão
 




- Lentes Da História - HÉlio Schwartsman
FOLHA DE SP - 28/08 SÃO PAULO - O que aconteceu com o sonho do fim da segregação racial que, há 50 anos, Martin Luther King anunciava para 250 mil pessoas na Marcha sobre Washington? Ele está perto de materializar-se ou continua uma esperança para...

- Racismo Afeta Crianças Negras Nos Eua
Por Terrell Jermaine Starr, no site Opera Mundi: Freddie Gray tinha 25 anos de idade quando foi morto pela polícia de Baltimore, nos Estados Unidos. Com essa idade, uma pessoa é ainda muito jovem para morrer, mas as estatísticas do país já estavam...

- A Perversidade Do Racismo No Brasil
Por Marcos Aurélio Ruy, no sítio da UJS: O capítulo Segurança Pública e Racismo Institucional, da quarta edição do Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi) do Instituto de Pesquisa econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira...

- O Caso Zimmerman
Rodrigo Constantino O clima é de revolta nos Estados Unidos após George Zimmerman ter sido absolvido pela Justiça pela morte de Trayvon Martin. O caso ganhou visibilidade nacional, ou mesmo internacional, em boa parte graças ao pronunciamento de...

- Cartada Racial
Alguns democratas americanos, tal como esquerdistas brasileiros, adoram usar a velha "cartada racial". A idéia é disseminar o ódio racial, segregar pessoas em "raças", colocar "brancos" contra "negros", para conquistar o poder. Vejam esta entrevista...



Geral








.