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Por Altamiro BorgesSem maior estardalhaço, a Folha publicou neste domingo uma notinha que revela o desespero que atingiu a cúpula tucana. Segundo Vera Magalhães, “reservadamente, auxiliares de Geraldo Alckmin já admitem que é grande a possibilidade de ser comprovada a participação de agentes públicos nos acordos de cartel em licitações de trem e metrô em São Paulo”. Até agora, os tucanos negavam qualquer envolvimento no esquema que desviou milhões dos cofres públicos. Mas reportagem desta semana da revista IstoÉ, assinada por Mário Simas Filho, informa que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal já investigam a possível conexão entre o propinoduto tucano e a reeleição de FHC em 1998. Haja desespero!
“Ministério Público Federal e a PF começaram na última semana uma sigilosa investigação que, entre os procuradores, vem sendo chamada de ‘siga o dinheiro’. Trata-se de um nome que traduz literalmente o objetivo da missão, que consiste em fazer minucioso cruzamento de dados já coletados em investigações feitas nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil, seja pela PF, pelo MPF e pelo MP de São Paulo, envolvendo os contratos feitos pelas empresas Alstom e Siemens com o governo de São Paulo. ‘Temos fortes indícios de que parte do superfaturamento de muitos contratos serviu para abastecer campanhas do PSDB desde 1998, especialmente as de Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas’, disse à IstoÉ um dos procuradores que acompanham o caso”.
Ainda segundo a matéria, os procuradores asseguram já ter identificado cerca de R$ 4,1 milhões que teriam saído das contas mantidas em paraísos fiscais por laranjas e consultores contratados pela Alstom para trafegar o superfaturamento de obras do Metrô, da CPTM e da Eletropaulo. “Agora que sabemos os nomes de algumas dessas empresas de fachada será possível fazer o rastreamento e chegarmos aos nomes de quem participou das operações”, explicou o procurador. “Dos cerca de R$ 4,1 milhões, os procuradores avaliam que R$ 3 milhões chegaram aos cofres do PSDB através de um tucano bicudo, já indiciado pela PF. Trata-se do atual vereador Andréa Matarazzo, ex-ministro de FHC, secretário de Covas e Serra”.
“Em 2008, quando explodiu o esquema de propinas da Alstom na Europa, documentos apreendidos por promotores da França mostravam que a empresa pagou ‘comissões’ para obter negócios no governo de São Paulo. De acordo com memorandos apreendidos pela justiça francesa, a Alstom pagava propinas equivalentes a 7,5% do valor dos contratos que eram divididos entre as finanças do PSDB, o Tribunal de Contas do Estado e a Secretaria de Energia. Em 1998, época em que teriam sido assinados os contratos superfaturados, Matarazzo acumulava o comando da Secretaria de Energia e a presidência da Cesp, as principais clientes do grupo Alstom no Estado”.
“Antes disso, em novembro de 2000, tornou-se pública uma planilha que teria listado a arrecadação de campanha não declarada pelo Diretório Nacional do PSDB. Segundo essa lista, Matarazzo seria o responsável por um repasse de R$ 3 milhões provenientes da Alstom... Outro R$ 1,1 milhão que os procuradores já têm rastreado teria vindo de contas mantidas por empresas instaladas em paraísos fiscais. Uma dessas contas se chama Orange e o detalhamento do esquema de recebimento do dinheiro vindo da Alstom foi revelado ao Ministério Público paulista por um ex-lobista da empresa, hoje aposentado, Romeu Pinto Júnior”.
A bombástica matéria da revista ainda registra que “entre os documentos que o Ministério Público Federal recebeu da Suíça e da Alemanha estão dados que podem comprometer David Zilberstein. Segundo o procurador ouvido por IstoÉ, ele teria sido um dos pioneiros a estimular a formação de cartéis, principalmente na área de energia”. Não custa lembrar que David Zilberstein foi genro de FHC. De fato, "é grande a possibilidade de ser comprovada a participação de agentes públicos nos acordos de cartel em licitações de trem e metrô em São Paulo”, como registrou, sem maior alarde, a Folha tucana!
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