Na edição desta semana da "Veja", o jornalista José Roberto Guzzo, membro do conselho editorial da revista do esgoto, faz uma previsão bombástica: "É possível que 2014 acabe entrando para a memória política brasileira como o ano em que o Partido dos Trabalhadores morreu". O assalariado da famiglia Civita devia ser mais cuidadoso com suas apostas. Afinal, quem quase morreu neste ano foi o Grupo Abril – que demitiu inúmeros profissionais e fechou várias publicações. Há boatos, inclusive, de que a revista Playboy será a próxima vítima – talvez numa homenagem póstuma ao "playboyzinho" Aécio Neves, apoiado pelo império decadente. Pelo andar da carruagem, o mais provável é que a "Veja" definhe ainda mais em 2015 – devido à explosão da internet e à queda abrupta da sua credibilidade.
Em 2013, o Grupo Abril fechou quatro revistas: Alfa, Bravo, Lola e Gloss. Em junho deste ano, ele transferiu outros dez títulos títulos para a Editora Caras. No início de dezembro, a chacina prosseguiu com o anúncio da extinção da Info, especializada em tecnologia, que passou a ser digital. Na semana passada, pintou o boato de que a tradicional revista Playboy também será fechada. A direção da Abril nega esta medida drástica, mas indica que outra publicação masculina do grupo, a Men´s Health, não tem mais salvação. Segundo Leo Dias, do jornal O Dia, o retorno financeiro das duas revistas ficou muito abaixo do esperado em 2014.
Daí a pergunta que não quer calar para o apocalíptico José Roberto Guzzo: como anda a situação da "Veja", o principal panfleto da direita nativa? Será que dá para sustentá-la apenas com as benesses do governo tucano de São Paulo – que gasta fortunas com anúncios publicitários e ainda compra várias assinaturas? Como ficará a situação da "Veja" se a presidenta Dilma, que foi vítima desta publicação criminosa na semana das eleições, cumprir sua palavra e suspender a publicidade do governo federal? Sem mamar nas tetas do Estado, tão demonizado pelos neoliberais da marginal, ela sobreviverá? E se os anunciantes privados, como no restante do mundo, também migrarem para a mídia digital?
Para o jornalista Paulo Nogueira, que já trabalhou na Abril e hoje edita o blog Diário do Centro do Mundo, a situação da "Veja" é cada vez mais desesperadora. "À medida que o jornalismo digital vai se tornando dominante, as revistas de papel vão enfrentar uma escolha complicada. Uma saída é simplesmente fechar. A Abril fez isso com vários títulos. A outra é sobreviver na internet, mas em bases inteiramente diversas... A melhor imagem é a das carroças quando surgiram os carros. Passado algum tempo, não sobrou nenhum fabricante de carroça. Eu disse longo prazo. Mas longo prazo, na era da internet, costuma ser muito mais rápido do que o habitual”.
José Roberto Guzzo, o jagunço da famiglia Civita em guerra contra o governo Dilma, talvez tenha de mudar rapidamente suas previsões para os próximos anos!
*****
Leia também:
- "Veja" também vai acabar?
- Abril está à venda. "Veja" sobreviverá?
- Queda dos lucros e a crise da "Veja"
- "Veja": Nova direção, a mesma porcaria!
- Abril está definhando. "Veja" ainda respira!
- "Veja": O indispensável partido neoliberal