Por Altamiro BorgesNo final de agosto, o Grupo Abril – que edita dezenas de revistas, entre elas a asquerosa “Veja” – promoveu profundas mudanças na sua direção. Para conter a crise que atinge o outrora poderoso império midiático, o novo presidente executivo, Alexandre Caldini, reformulou as suas unidades de negócio e dispensou alguns diretores. Antes, ele já havia se livrado de algumas revistas e demitido dezenas de jornalistas. O que chamou a atenção nesta última mudança, porém, é que o Grupo Abril alterou o comando da revista Veja. Ela saiu das mãos dos protegidos de Roberto Civita, falecido no ano passado, e foi entregue ao executivo Fabio Barbosa, ex-presidente do Santander no Brasil.
A radical iniciativa até gerou esperanças de que a revista poderia sofrer mudanças na sua linha editorial – deixando de ser um panfleto raivoso da direita nativa para retomar o seu projeto original de jornalismo. O blogueiro Paulo Nogueira, que já exerceu cargos de direção na editora Abril e que hoje edita o imperdível blog “Diário do Centro do Mundo”, postou no final de agosto:
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Pela primeira vez a redação da Veja vai responder a alguém que não seja um Civita.
Ao executivo Fabio Barbosa, presidente da Abril Mídia, responderá o diretor de redação da Veja, Eurípides Alcântara.
O fundador da Abril, Victor Civita, controlou a Veja nos primórdios, ao lado do filho Roberto.
Depois, ainda vivo, o patriarca entregou tudo a Roberto. Morto Roberto, num primeiro momento a Veja esteve sob a supervisão do filho caçula de Roberto, Victor Civita Neto.
São previsíveis duas coisas sob Barbosa. Primeiro, um forte ajuste nas despesas da revista.
Sob a proteção de Roberto, um apaixonado sem limites pela Veja, a revista virtualmente passou ao largo das demissões ocorridas nos demais títulos da Abril...
A segunda mudança previsível é na linha editorial da revista.
Fábio Barbosa, ao longo de sua carreira, se caracterizou por posições muito mais progressistas – ou menos radicais no campo da direita — do que o que se lê na Veja...
A Veja acabou se transformando num depósito do pensamento ultradireitista de Olavo de Carvalho, nela representado por nomes como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Felipe Moura Brasil e Lobão, para citar uns poucos entre tantos.
Barbosa, pode-se imaginar, tentará reconduzir a Veja para o terreno que ela ocupou nos anos 1980, quando era considerada a melhor escola de jornalismo do Brasil.
Isso significa dar a ela feições liberais, pró-livre iniciativa, ao estilo americano – mas sem babar.
Significa também deixar de ser panfleto para ser uma revista propriamente dita...
O que é difícil é recuperar a credibilidade destruída nos últimos anos por um jornalismo panfletário, manipulador e inconsequente.
De toda forma, vai ser interessante observar o comportamento da revista nas próximas semanas.
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Infelizmente, para o jornalismo e para a democracia brasileira, essa mudança até agora não ocorreu. E, mesmo sem a experiência do tarimbado Paulo Nogueira, duvido que ela ocorra. Como sempre faz na reta final das eleições presidenciais, a Veja está endiabrada e voltou à carga nas duas últimas semanas com as suas “reporcagens” direitistas e golpistas.
Primeiro ela deu capa para o delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e produziu mais um factoide para tentar salvar a cambaleante candidatura de Aécio Neves. Nesta semana, já sem esperança diante do fiasco do presidenciável do PSDB, ela tentou vitimizar Marina Silva com o nítido objetivo de garantir o segundo turno da eleição presidencial.
A Veja não tem mais jeito. Ela servirá apenas, num futuro não muito distante, para os estudos acadêmicos sobre a manipulação no jornalismo!
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