Protecionismo e ufanismo: dois lados da mesma moeda
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Protecionismo e ufanismo: dois lados da mesma moeda



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O tema da fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour gerou forte reação na imprensa. A celeuma demonstra que o país está cansado de tanta safadeza nesta simbiose entre governo e grandes empresários. O aporte esperado de R$ 4 bilhões via BNDESpar é escandaloso demais, sintomático demais. A turma do andar de cima perdeu qualquer resquício de vergonha na cara, e resta aos simples mortais reagir, reclamar, fazer barulho.

Acredito no poder das idéias, e é fundamental não desistir, expor o que está na raiz desta relação mais que suspeita entre governo e grandes empresários. E o que seria isso então? Acredito que a mentalidade ainda predominante no país de que cabe ao governo ser locomotiva da economia, assim como um nacionalismo infantil que aplaude tudo que é “brasileiro”. Enquanto estas crenças ultrapassadas não mudarem, casos absurdos como este serão regra. Sai Abílio Diniz e entra algum outro oportunista qualquer, aproveitando-se dos privilégios do governo e da docilidade de um povo ignorante.

O que devemos atacar, mais até do que a própria malandragem do empresário paulista que declarou publicamente sua admiração ao governo atual, é a existência deste instrumento disponível para o uso dos malandros. Afinal, se tem algo que não falta no Brasil é malandro! Note-se que o Pão de Açúcar abusou da retórica nacionalista, com os aplausos do ministro mercantilista Pimentel, para justificar o uso imoral do BNDES na operação. Em carta aos acionistas em 2010, o presidente do Grupo Pão de Açúcar, já com elevada participação dos franceses do Casino, estampou em letras garrafais o “ORGULHO DE SER BRASILEIRO”. Às vezes eu tenho é vergonha disso.

“Precisamos manter o controle nacional no setor de varejo”, reza a cartilha ufanista. O motivo concreto ninguém explica, pois não tem explicação mesmo. Para os consumidores, não faz a menor diferença qual a nacionalidade dos principais acionistas das empresas varejistas. O que importa é ter livre concorrência, apenas isso. Em suma, o que importa é ter livre mercado, o oposto deste modelo fascista que concentra poder pela via política.




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