Queda de ministro assanha a direita
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Queda de ministro assanha a direita


Por Altamiro Borges

Pedro Novais é o quinto ministro a ser defenestrado em apenas nove meses do governo Dilma. Antes dele, caíram Antonio Palocci (Fazenda), Alfredo Nascimento (Transporte), Nelson Jobim (Defesa) e Wagner Rossi (Agricultura). É um recorde de quedas desde a redemocratização do país. Sarney, Collor e FHC afastaram dois ministros cada no mesmo tempo; Lula, nenhum. A presidenta só é superada por Itamar Franco, que herdou um governo aos frangalhos de Collor e demitiu quatro ministros em seis meses.



A curta permanência do ex-ministro do Turismo revela que ele só chegou ao Planalto devido aos acordos políticos para garantir a base de sustentação no Congresso Nacional. Antes mesmo de ser empossado, Pedro Novais foi denunciado por ter usado verbas do seu gabinete de deputado federal para pagar uma festa num motel no Maranhão. Ele devolveu o dinheiro antes de assumir.

Onda crescente de denúncias

Mas sua fritura prosseguiu. Em agosto, a Polícia Federal descobriu um esquema fraudulento de convênios e prendeu integrantes da cúpula do Ministério do Turismo. Na semana passada, imprensa divulgou que ele pagava a empregada do seu apartamento em Brasília com o salário da Câmara Federal e que a sua esposa usava um funcionário do gabinete como motorista particular.

Diante da crescente onda de denúncias, nem o PMDB deu respaldo ao seu filiado. O segundo maior partido da base de apoio da presidenta Dilma – o “partido-ônibus”, segundo Ulisses Guimarães se referia a esta eclética frente política - temeu pelo desgaste da sua imagem exatamente quando se prepara para a batalha das eleições municipais de 2012. Pedro Novais dançou e no seu lugar assume outro peemedebista, o deputado maranhense Gastão Vieira, ligado ao senador José Sarney.

A tábua de salvação da direita

O conturbado início do governo Dilma, com suas “faxinas” e recordes de demissões, volta a assanhar a oposição demotucana. Ela estava combalida após a surra que levou na terceira eleição presidencial consecutiva. Para piorar, o DEM implodiu, com a criação do PSD de Kassab, e alguns tucanos abandonaram o ninho – principalmente em São Paulo, onde o PSDB é força hegemônica.

Dividida e sem programa, a oposição demotucana enxerga no discurso moralista a sua única tábua de salvação. Expoentes da direita, mais sujos do que pau de galinheiro, agora berram contra a corrupção. Exigem mais “faxina” e não escondem a intenção de implodir a base de apoio da presidenta Dilma. O PMDB, o “partido-ônibus”, é o principal alvo da cobiça e da retórica cínica.

Alguns oposicionistas mais afoitos chegam até a insinuar que a presidenta Dilma Rousseff é que deveria se demitida. “No futebol, técnico que escolhe jogador perna de pau e goleiro frangueiro perde o cargo. Nove meses após escalar o ministério, Dilma troca meio time e é aplaudida pela torcida”, fustiga o deputado Roberto Freire, do fragilizado PPS – partido satélite dos demotucanos.

Implosão da base governista

Neste esforço da ressurreição, a oposição conta com o apoio da mídia – o principal partido da direita. Na prática, ela é que agenda a oposição, que lhe dá munição pesada. Nos editoriais do hoje, os jornalões exigem que Dilma seja mais dura com o PMDB – mas não diz que a sigla faz parte de governos tucanos nos estados. A manobra para implodir a base de apoio da presidenta é evidente.

“As escolhas de Dilma ficaram distantes das expectativas que ela própria fixou em público antes de assumir”, ataca a Folha. O Estadão é ainda mais raivoso. “Está na hora dos vigaristas instalados em altos postos da administração pública e nas cercanias do poder começarem a prestar atenção ao que gritaram as dezenas de milhares de pessoas [dezenas de milhares?] que saíram à rua para protestar contra a corrupção no 7 de setembro”.

Como se observa, a direita e sua mídia estão cada vez mais assanhadas! E Dilma continua acuada, na defensiva! Até quando?




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