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QUEM LIGA PRA UM ERRO?
Todos nós cometemos erros, diz a frase corrigida por liquid paper. (Este post eu escrevi muito antes do de ontem, em que eu ria de um comentário em inglês que um leitor do Estadão deixou diretamente pro Robin Williams. Algumas leitoras acharam que eu estava sendo preconceituosa com os brasileiros que não sabem inglês. Expliquei que não, que o que me fez rir foi a tradução atrapalhada do Babel Fish e o fato de um brasileiro que aparentemente não domina o inglês escrever nessa língua num jornal brasileiro. Bom, espero que este texto esclareça um pouquinho minha posição sobre brasileiros que não falam inglês e sobre preconceitos linguísticos em geral).
Eu tava lendo um post do Bruno sobre quando saiu o resultado do país escolhido pra Olimpíada de 2016. Ele diz que estava no aeroporto de Brasília, e que todo mundo parou, emocionado, pra ver uma declaração do Lula. Lá pelas tantas, Lula disse “esses país”, e um dos espectadores sacaneou o presidente e se pôs a corrigi-lo.É de uma estupidez sem tamanho fazer algo assim, né não? Independente de quem cometa o erro. No caso do Lula, como fica difícil pros críticos falarem mal de um governo que tantos benefícios trouxe pro país, eles se centram no português do cara. É uma lembrança de sua origem social. É como chamá-lo de analfabeto. É tentar colocá-lo no seu devido lugar. Eu vejo gente usando essa estratégia falida na internet. Ao invés de discutir ideias, tentam desqualificar o que a pessoa está dizendo através de um eventual erro de português. É mesquinho. É preconceito linguístico, como apontou Marco Bagno. (E, antes que alguém fale alguma coisa das minhas colunas sobre as buscas do Google, eu explico: é diferente zoar de um anônimo. E, na maior parte das vezes, eu faço troça de como o Google foi trazer essa busca pra cá, não dos erros de português da pessoa. Sem falar que é uma coluninha de humor).Acho que todo mundo que fala comete erros. Todo mundo. E falar em público, então, faz com que a gente fique nervosa e cometa mais erros ainda. O maridão sempre acha graça quando criticam o português do Lula, porque ele lembra que o FHC cometia mil e um erros, e ninguém falava nada. Mas isso é realmente importante?Fui professora de inglês durante uns dez anos. E, pra tentar ser boa professora, estudei um pouco. Uma das coisas mais importantes que aprendi foi sobre como e quando corrigir erros de inglês dos alunos. O que os especialistas explicam é que há uma diferença enorme entre um mistake (erro) e um slip (deslize). Por exemplo, se um aluno diz “We is” ao invés de “We are”, é absolutamente inútil um professor interrompê-lo pra dizer “Olha, é We are, viu?”. Porque o aluno tá cansado de saber que é We are e conhece a conjugação do verb to be desde a primeira série. Então cortar seu fluxo de pensamento só atrapalha, além de mostrar que você tá mais interessado em como ele diz alguma coisa do que no quê ele está dizendo. Na vida real, se você for aos EUA (ou à Inglaterra, ou à Austrália), será raríssimo ser corrigido por um native speaker. Eu posso contar nos dedos de uma mão quantas vezes o maridão foi corrigido por um americano durante o ano em que vivemos em Detroit. O que acontecia às vezes é que eles pediam mais esclarecimentos. Eles não entendiam algo e gentilmente pediam pro maridão explicar melhor. Os especialistas consideram grave o erro que interrompe a comunicação ou que gera dúvidas. Assim, se um aluno de inglês está falando de um casal, e de repente ele usa He pra se referir à mulher, esse é um erro grave, porque não vamos saber de quem ele tá falando. Mas o We is? For God's sake, né?Eu sempre falava com os alunos sobre correções no início do semestre. Porque todos querem ser corrigidos o tempo todo! Eles acham que é assim que se aprende e que o professor é fraco se não corrige. Aluno fica muito incomodado ao ouvir um erro e o professor não corrigir. Então eu sempre dizia: olha, people, eu sou professora, e pra mim seria a coisa mais fácil do mundo corrigir vocês o tempo todo. Porque professor tem antena ligada e sempre capta erro de aluno. Mas simplesmente corrigir não ajuda. Estudos mostram que as formas mais eficientes de correção são, pela ordem: self correction (quando você mesmo percebe que errou), peer correction (quando um colega te corrige), e, por último, teacher correction. Portanto, um professor que corrige o tempo todo é no fundo um preguiçoso. É automático pra gente. Difícil é decidir como e quando corrigir. Em geral, os alunos gostavam de ouvir isso. Sempre tinha um ou outro que pedia pra ser corrigido o tempo todo de qualquer jeito. Geralmente eram aqueles tão obcecados em falar tudo certinho que não conseguiam melhorar a fluência. Eles eram accurate, precisos, não fluentes. E pergunta prum professor de idiomas quem ele prefere, um aluno que se arrisca e fala pelos cotovelos, mesmo com erros, ou um que comete pouquíssimos erros, mas que pensa três horas antes de pronunciar cada frase? Quem será mais bem sucedido no uso da língua?Pessoalmente, não conheço nenhum outro orador como o Lula. Eu já estive em vários comícios, já o vi falar ao vivo muitas vezes. E ele é simplesmente brilhante, do tipo que levanta multidões. Multidões compostas de pessoas que também cometem erros. E que nem por isso deixam de se comunicar.
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