Quem tem medo da internet
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Quem tem medo da internet


Por Gustavo Alves, em seu blog:

No que restou desta semana com feriado no meio, o Comitê Gestor da Internet reuniu em SP o I Forum da Internet. Um evento que passou despercebido pela grande mídia e também pelos movimentos sociais.

Despercebido pela mídia não traz nenhuma surpresa, pois eles não tem nenhum interesse em divulgar um meio que vem "comendo" sua audiência e circulação ano a ano.


Mas a falta de interesse dos movimentos sociais é um erro grave de avaliação. Vivemos uma mudança na nossa sociedade, mas muitos de nós não percebem a profundidade, complexidade e as contradições trazidas por esta mudança.

O capitalismo vem mudando suas formas de apropriação. Marx já descrevia a apropriação do trabalho imaterial, mas o trabalho em rede, a criação coletiva e a inovação potencializada pelos novos meios trouxeram um novo componente ao debate sobre o imaterial, na medida em que o fruto deste trabalho também tem valor e é apropriado pelo capital.

Some-se a isso, as novas formas de expressão e associação possibilitadas pelas redes sociais, que quebraram a verticalidade e a unidirecionalidade nas comunicações e também nas relações políticas, como apontam movimentos como a Primavera Árabe e o Ocupar Wall Street.

Vivemos uma transição de um mundo unidirecional e vertical para um mundo colaborativo, horizontal e multidirecional.

O capital já percebeu esta mudança e está nadando de braçada, construindo novas formas de acumulação e usando as redes para atacar regimes independentes ou que não se submetam aos seus desígnios.

Setores importantes da sociedade já se organizam nas redes para quase tudo, inclusive em grupos de interesse e pressão.

É inadmissível que alguns quadros dos partidos de esquerda fiquem à parte deste processo, na esperança "secreta" de que nada aconteça e que o mundo ainda caiba nos velhos manuais.

É preciso coragem e disposição para atuar neste novo quadro. Não podemos aceitar este neo-ludismo, que nega a internet, e também não nos deixar levar pelo delírio tecno-utópico que acredita que tudo será resolvido pelas redes sociais.

Vivemos um novo momento, com todos os problemas e contradições, que deve ser encarado de frente.




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