Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:Aécio Neves continua indeciso com seu habitual vai-não-vai. Nem sabe ainda em que cidade estará no próximo domingo, dia das manifestações contra o governo organizadas há várias semanas por todo o País, agora com o patrocínio oficial do PSDB.
Só que o principal partido da oposição está mais uma vez dividido. FHC, Serra e Alckmin, os outros três grandes hierarcas tucanos, por enquanto contrários ao "Fora Dilma", certamente não devem aparecer. Da mesma forma, não está prevista a presença do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, o verdadeiro e mais explosivo líder oposicionista do momento.
As principais estrelas devem ser as mesmas das manifestações anteriores: Ronaldo Caiado, do DEM, Jair Bolsonaro, do PP, o cantor Lobão, representando a classe artística, e Paulinho da Força, do Solidariedade, que foi vaiado e não conseguiu discursar na primeira manifestação, em março.
Fora isso, teremos um enorme elenco de lideranças de ocasião, sem história e sem futuro, cujos nomes já nem me lembro, representando uma miríade de grupos com diferentes objetivos e palavras de ordem. Vai dos tucanos xiitas e seus seguidores, que querem novas eleições já, aos pregadores de um novo golpe militar.
Para se ter uma ideia de como o cenário político do Brasil empobreceu, nas grandes manifestações do "Fora Collor", em 1992, estavam nos palanques, se a memória não me trai, lideranças do porte de Ulysses Guimarães e Leonel Brizola, Lula e Fernando Henrique Cardoso, junto com os maiores nomes da sociedade civil organizada, da ABI, da CNBB e da OAB, do teatro, do cinema e da música popular brasileira, como na Campanha das Diretas.
Agora, quem comanda os protestos são grupos formados nas redes sociais, que só aparecem nestas horas: Avança Brasil, Maçons BR, Acorda Brasil, Revoltados Online, Brasil Melhor, Nas Ruas, Pátria Amada, Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua, UND (União Nacionalista Democrática) e Endireita Brasil.
Pelos nomes, já dá para ter uma ideia do que nos espera se um dia estes protestadores, marchadeiros e paneleiros chegarem ao poder.
Até este momento, manhã de quarta-feira, ao contrário do que vimos nos dias que antecederam os protestos de março e abril, um estranho silêncio cerca os protestos de domingo fora da grande rede da web. Embora a rejeição ao governo hoje seja maior, como mostram todas as pesquisas, não se vê nenhum sinal que possa indicar o tamanho das manifestações, não ouço pessoas falando no assunto e os grandes veículos da imprensa mostram menos entusiasmo em convocar a população, com exceção de alguns blogueiros e comentaristas mais assanhados.
Em São Paulo, principal reduto da oposição ao governo, os protestos ficarão concentrados na avenida Paulista, mas por questões de segurança não haverá passeata. A partir das 11h30 da manhã, os dez carros de som dos vários grupos deverão ser estacionados entre as ruas Augusta e Pamplona, e lá permanecer.
O que eles querem, afinal? Como cresceu nos últimos dias a movimentação de vários setores da vida nacional em defesa da legalidade e da democracia, o objetivo principal dos novos protestos agora se limitar a tentar influenciar as decisões dos tribunais (TCU e TSE), que julgarão as contas da campanha e do governo da presidente Dilma Rousseff, e pressionar os congressistas a abrir um _ agora cada vez mais improvável _ processo de impeachment.
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