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Recuo da inflação - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 07/12
A inflação (evolução do IPCA) de novembro teve um comportamento melhor do que em outubro. Ficou em 0,54%, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado.
No período de 12 meses, também caiu, desta vez para 5,77% (veja o gráfico). E pode cair ainda mais, se em dezembro a evolução do IPCA ficar abaixo de 0,79%. Se, por exemplo, neste mês se repetisse a inflação de novembro, o ano fecharia com uma inflação de 5,41%, abaixo dos 5,84% cravados no ano passado.
Ainda que conte com números decrescentes, não dá para negar razão ao Banco Central quando reconhece que a inflação está renitente e muito espalhada. O índice de difusão, que mede o número de itens da cesta de consumo com alta de preços, ficou em 68,2% em novembro, ainda elevado demais.
Apesar do aperto no volume de dinheiro na economia que, a partir de abril, puxou os juros básicos de 7,25% ao ano para os atuais 10,0%, não há indicações seguras de convergência próxima da inflação para a meta, de 4,5% no ano-calendário.
Como o Banco Central deixou claro na última Ata do Copom divulgada quinta-feira, dois focos de inflação continuam especialmente preocupantes. O primeiro deles tem a ver com os preços administrados que, na acumulada em 12 meses, não passaram de 0,90%, o menor nível desde janeiro de 2002. São menos sujeitos à ação da política de juros, porque são direta ou indiretamente represados pelo governo, como acontece com os preços dos combustíveis, da energia elétrica e das tarifas dos transportes coletivos urbanos. Apesar do último reajuste da gasolina e do diesel, dificilmente esse segmento dos preços terá uma alta superior a 1,6% ao longo deste ano. Isso significa que aumentarão as pressões para que esses preços sofram correção maior em 2014. E, na medida em que isso acontecer, os números gerais da inflação tenderão a subir.
Outro foco de preocupação para o Banco Central é o provável impacto da alta do dólar sobre a inflação. Ontem, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos revelou números sensivelmente melhores do mercado de trabalho (desemprego em queda de 7,3% em outubro para 7,0% em novembro), fator que, por si só, aumenta a probabilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) coloque em marcha a operação de desmonte de sua atual política de forte expansão das emissões de moeda. Essa reversão deverá provocar relativa escassez de dólares no mercado global e, nessas condições, puxar as cotações nos câmbios locais, inclusive no Brasil.
Preocupado com esse resultado, o Banco Central anunciou há dois dias que continuará no ano que vem a oferecer proteção cambial (hedge) a quem estiver exposto a compromissos em moeda estrangeira. Essas operações tinham prazo para terminar ao final de dezembro. Esse anúncio foi suficiente para não só derrubar as cotações do dólar no câmbio interno, como, também, para neutralizar certo efeito altista proveniente da expectativa das mudanças da política monetária do Fed.
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