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Recuo da inflação é boa chance para correção de rumos - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 08/08
Para alívio geral, a inflação deu uma trégua, recuando em julho para apenas 0,03%, na medição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE. Com isso, no acumulado em doze meses, a inflação oficial, medida pelo IPCA, voltou a estar abaixo de 6,5%, abaixo, portanto, do limite superior da meta de 4,5%. Os alimentos contribuíram para redução de ritmo, depois de terem subido muito no início do ano.
Alguns preços administrados continuam represados ou subsidiados (tarifas de transporte coletivo, pedágios, combustíveis, energia elétrica etc.), mas já se considera possível que a inflação em 2013 fique ligeiramente abaixo dos 5,84% do ano passado ? ainda um índice diante do qual não se pode comemorar.
Para que a inflação continue em trajetória declinante, em relação à meta, há muito o que fazer. O Banco Central não poderá pestanejar na política monetária, até porque a tão esperada contribuição positiva do Tesouro, para recuperação do superávit primário nas finanças públicas, via controle de gastos, está sendo muito lenta.
No entanto, este bom momento em relação aos índices de inflação deveria ser aproveitado pelo governo para ganhar novamente a confiança dos empresários e investidores. Há uma série de licitações para futuras concessões de aeroportos, rodovias, ferrovias, portos e de um campo gigante de petróleo (este sob regime de partilha de produção) programada para os próximos meses, e o sucesso dos leilões será fundamental para quebrar o ambiente de pessimismo que passou a envolver a economia brasileira em função do acúmulo de erros políticos cometidos.
Tais concessões envolverão investimentos vultosos, de longa maturação. Os potenciais candidatos precisam se sentir confiantes nos rumos da economia brasileira, acreditando que há condições de se contornar os obstáculos visíveis à frente. Isso significa que a política econômica deve dar demonstrações concretas de que o controle da inflação é um compromisso para valer, que as finanças públicas permanecerão em ordem e que o câmbio não será alvo de tentativas artificiais de manipulação. Tanto melhor se o governo prestigiasse as agências reguladoras, respeitando a definição de marcos exequíveis para as concessões de serviços públicos.
Não é exigir demais, pois o governo sentiu os efeitos negativos dos seus erros políticos. A queda dos índices de popularidade da presidente Dilma foi vertiginosa, e insistir nos equívocos, especialmente os de política econômica, seria um suicídio eleitoral.
Dificilmente a atual administração conseguirá reverter tais resultados se a economia não der sinais claros de que voltará a crescer de maneira sustentável.
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