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Reforma política incomoda a direita
Por Renata Mielli, no blog Janela sobre a palavra:
Quem apostava que o governo da presidenta Dilma Rousseff estava encurralado pelas manifestações das últimas semanas cometeu o maior dos enganos. Aliás, nada melhor do que uma explícita ofensiva política de direita para sacudir o comodismo e tirar a esquerda da paralisia.
Com o pronunciamento de sexta-feira (21) e as iniciativas divulgadas nesta segunda (24) a presidenta retomou a iniciativa política e avançou algumas casas no xadrez da política nacional.
Já na sexta, era visível o atordoamento de Bonner e Poeta, a dupla da bancado do JN, ao fim da cadeia nacional. O discurso da presidente foi na medida certa para a ocasião – não contemporizou com os atos de violência e sinalizou para uma mudança de postura, abrindo maior espaço em sua agenda para o diálogo com os movimento sociais, indicando que estava em curso a oportunidade para que o Brasil avance nas mudanças iniciadas pelo presidente Lula.
Xeque-Mate
Na segunda, a presidente deu início às agendas de diálogo e manteve a ofensiva – anunciou um plebiscito para convocar uma Constituinte exclusiva para fazer a Reforma Política! Xeque-Mate. No momento em que a sociedade clama por mudanças, exige mais transparência na política e reivindica mais participação popular, Dilma em uma só proposta responde a todas esses anseios.
A Reforma Política é uma pauta antiga da esquerda brasileira – sim, como estamos vendo, no Brasil existe esquerda e direita, apesar de muitos tentarem passar a ideia que isso é coisa antiga. O problema é que não há consenso sobre os termos que devem constar desta reforma. Financiamento público exclusivo para as campanhas? Voto proporcional ou distrital? Voto em lista?
Além disso, uma parte considerável dos partidos e dos parlamentares hesitam em alterar as regras do jogo eleitoral, afinal já estão acostumados a elas. Para que mudar?
Neste sentido, a proposta de Dilma de convocar uma constituinte exclusiva para esse tema é politicamente certeira. Assim, não será o parlamentar eleito ordinariamente e que tem zilhões de compromissos e interesses que vai discutir a reforma, mas deputados constituintes eleitos exclusivamente para esta finalidade. Esta pode ser uma das poucas maneiras de efetivamente enfrentar este debate.
A direita sentiu o baque e já está procurando argumentos jurídicos para se contrapor à proposta da presidenta. O Supremo Tribunal Federal já entrou no jogo e vai cumprir seu papel de porta-voz dos interesses da elite.
Afinal, manifestações na rua e participação popular só se for para engrossar as bandeiras golpistas da direita, se for para avançar na democracia e no empoderamento da sociedade ai não dá, né Dilma!
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