Geral
República Suvinil - ALAN GRIPP
FOLHA DE SP - 07/08
SÃO PAULO - O paulistano que esteve fora da cidade nas últimas semanas provavelmente se surpreendeu com os grandes corredores vermelhos nas ruas, especialmente no centro, pintados de uma tacada só.
Com a popularidade "padrão Pitta" e a missão de alavancar um candidato esquálido a governador, o prefeito Fernando Haddad (PT) acelerou a implantação de ciclovias na tentativa de imprimir uma marca num mandato até aqui apagado.
A iniciativa lembra a criação frenética das faixas de ônibus, em 2013, quando o petista precisava reagir aos protestos de rua, que clamavam por mobilidade urbana. Na campanha, Haddad prometeu 150 km de faixas até o fim do governo; com a faca no pescoço, fez 300 km em seis meses.
O impacto das ciclovias também é significativo: o prefeito anunciou 10 km por semana, 400 km ao todo.
A chiadeira já começou. Moradores e comerciantes de Santa Cecília reclamam por não terem sido avisados com antecedência e pela eliminação de vagas de rua --em toda a cidade, serão 40 mil a menos.
A despeito do atropelo e do queixume habitual, a novidade é bem-vinda. São Paulo precisa retirar carros da rua, e a experiência de grandes cidades nos ensina que, infelizmente, isso só se dá a fórceps.
O problema é que os paulistanos que bradam contra essas medidas também têm razão em seu argumento principal: a cidade não oferece transporte público satisfatório.
No caso de Haddad, a parte que lhe cabe é a construção de 150 km de corredores de ônibus, mais eficientes que as faixas e que os corredores atuais, com pistas segregadas, pontos de ultrapassagem e estações semelhantes a de um metrô convencional.
Encalacrado financeiramente, Haddad ainda não conseguiu nem sequer concluir a licitação. Suas intervenções mais visíveis nessa seara são aquelas à base de tinta. Podem até resultar numa marca, mas são incapazes de promover a transformação que a cidade necessita.
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