Por Haroldo Ceravolo Sereza, no site Opera Mundi:
O pré-candidato democrata Bernie Sanders venceu Hillary Clinton nas eleições primárias de New Hampshire realizadas nesta terça-feira (09/02). Sanders tinha 60% dos votos, contra 38,4% de Hillary, com 89% dos votos apurados, por volta de 08h20 desta quarta-feira (10/02).
Um total de 24 delegados é eleito em New Hampshire para o congresso que escolherá o candidato democrata à sucessão de Barak Obama. Com o resultado, Sanders obtém 13 delegados, contra 9 da oponente. Na contagem nacional, Hillary tem 394 delegados, contra 42 do socialista. Isso porque a prévia democrata prevê a participação dos chamados "super delegados" que são figuras destacadas dentro do partido e manifestam apoio aos candidatos.
Hillary reconheceu a vitória de Sanders no Twitter e agradeceu aos eleitores e voluntários. O resultado obtido por Sanders indica a viabilidade do autodeclarado socialista. Em Iowa, Sanders e Hillary praticamente empataram, a diferença foi de apenas 0,2%.
A corrida eleitoral norte-americana, no entanto, está apenas começando. Com essa vitória, que já era esperada, Sanders mostrou que sua forte popularidade à esquerda dos democratas, especialmente entre os jovens e trabalhadores.
Em discurso após a derrota, Hillary procurou demonstrar otimismo. Tratou da questão racial, dos direitos das minorias e registrou que a maior parte de seus doadores aportaram menos de cem dólares para sua campanha, "ao contrario do que apontam as narrativas" sobre sua candidatura.
Após a fala de Hillary, foi a vez de Sanders discursar. Aos 74 anos, ele foi ovacionado pelos seus eleitores. "Obrigado, New Hampshire", começou, e em seguida fez questão de citar a ligação de Hillary com Wall Street e elogiou a campanha de sua adversária.
Segundo Sanders, o resultado de New Hampshire e seu crescimento dão um forte recado a Wall Street: que o governo do país pertence aos norte-americanos. "O que aconteceu aqui em New Hampshire em termos de entusiasmo", disse, "acontecerá em todos os Estados Unidos". Ele também afirmou que o resultado mostra que os norte-americanos não aceitam mais um sistema de financiamento eleitoral corrupto, dirigido pelos 1% mais ricos do país. "Não podemos continuar com um país em que Wall Street e os bilionários podem comprar as eleições", afirmou.
Sanders fez também um apelo pela união dos democratas em novembro, porque "os republicanos não podem vencer". Ele também lembrou que a política econômica dos republicanos levou o país a uma das maiores crises econômicas da história.
No campo educacional, Sanders prometeu universidades gratuitas criando um imposto sobre o mercado financeiro e disse ser um absurdo que, nos Estados Unidos, pessoas sejam presas por não pagarem dívidas contraídas para bancar o curso superior. "Vamos dar educação e não prisões para nosso povo". "As pessoas querem mudanças de verdade", disse. Sanders também lembrou as 3,7 milhões de contribuições individuais que sua campanha recebeu. "A doação média foi de 27 dólares", registrou.
Prévia republicana
Entre os republicanos, Donald Trump foi o grande vencedor em New Hampshire. Com 89% dos votos apurados, ele tinha 35,1% dos votos, contra 15,9% de John Kasich e 11,6% de Ted Cruz, que foi o vencedor das prévias em Iowa. Assim, Trump obteve 10 delegados, contra 2 de Cruz e 3 de Kasich.
No cômputo nacional, Trump tá em primeiro lugar com 17 delegados, seguido por Cruz, com 10, Marco Rubio com 7 e Kasich com 4.
Durante seu discurso de vitória, Trump prometeu que acabará com a "epidemia" de heroína e toxicomania que sofre New Hampshire e o resto do país, e cuja raiz vinculou com a imigração e o tráfico de drogas que entram nos EUA pela fronteira sul.
O republicano também falou em acabar e substituir a reforma da saúde promulgada pelo presidente Barack Obama, conhecida como "Obamacare". Entre as questões controvérsas de seu discurso, Trump defendeu a "proteção da sagrada segunda emenda" da Constituição norte-americana, que dá o direito ao porte de armas, e deu como exemplo o caso da França, que "apesar de ser um dos países com as leis mais duras sobre o controle de armas", não pôde evitar que entrassem "esses animais", em referência aos jihadistas que cometeram o atentados em Paris no ano passado.
Delegados
Durante as chamadas primárias, os partidos Republicano e Democrata devem conseguir os números de delegados necessários para garantir a indicação de sua legenda à candidatura à presidência para as eleições de 8 de novembro.
De fevereiro e até meados de junho, um total de 35 jurisdições (estados e territórios) realizarão primárias propriamente ditas, outras 13 promoverão o chamado sistema de caucus, e oito usarão procedimentos mistos.
Em todas essas votações, os candidatos presidenciais tentam conseguir o maior número possível de delegados que depois comparecerão às convenções dos partidos, que neste ano estão marcadas para julho - primeiro a republicana, na cidade de Cleveland (Ohio), e depois a democrata, na Filadélfia (Pensilvânia).
Segundo os dados fornecidos pelo DNC (Comitê Nacional Democrata), espera-se que haja um total de 4.764 delegados na convenção deste ano. Deste total, os dois aspirantes à indicação, Hillary Clinton e Bernie Sanders devem ganhar o apoio de pelo menos 2.383 (50% mais um) para garantir a vitória.
Pelo lado dos republicanos, onde há 12 pré-candidatos, com Donald Trump à frente das pesquisas, ganhará a indicação quem obtiver os votos de pelo menos 1.237 delegados, 50% mais um dos 2.472 que votarão na convenção, de acordo com o RNC (Comitê Nacional Republicano).
A próxima votação ocorrerá no dia 20 de fevereiro, quando será realizado o caucus Democrático em Nevada e a primária republicana na Carolina do Sul.
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