SOMATIZANDO LEGAL
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SOMATIZANDO LEGAL


Continuando o post que comecei semana passada, sobre terapia, vou narrar parte da conversa que tive com o psiquiatra bonitinho. Vou só deixar fora os momentos mais picantes. Opa, não, não! Esqueci que o maridão ocasionalmente lê este blog. Ha ha, eu até já contei pro maridão o momento em que o psiquiatra olhou fundo nos meus olhos e ficou levemente acariciando meu braço pra me falar de fibromalgia. No carro, comentei com o maridão (porque pedi pra ele me levar à clínica, já que detesto dirigir pra lugares que não conheço) que pelo menos o psiquiatra bonitinho não me pediu pra ficar de sutiã, como fez o dermatologista. E o maridão: “É tudo um complô!”.
Bom, conversei bastante com o psi. Eu falei que sou bem ansiosa às vezes, e que acho que isso afeta o meu consumo de chocolate. Ele perguntou se eu queria um antidepressivo que controla a ansiedade e faz diminuir o apetite. Respondi que não, porque não quero tomar remédio a menos que eu realmente precise, e tenho medo de me viciar em algum medicamento.
A gente papeou um pouco sobre psiquiatria em geral. Pra ele, o relacionamento entre paciente e médico está deturpado porque as pessoas vão ao médico com muita facilidade: “Um rapaz sente uma dorzinha e pensa que tem um problema cardíaco. Ele não pode ter um problema cardíaco porque tem 30 anos. Mas ele vai ao cardiologista, e se o cardiologista não exigir que o rapaz faça um cateterismo, que custa 2,500 reais, e faça um [ele citou diversos tipos de tratamento que desconheço e deu os preços], o rapaz vai sair da clínica falando mal do médico. E vai procurar um outro cardiologista, que fará o que ele pede, inclusive pra ganhar dinheiro. [...] Metade das pessoas que procuram o SUS e clínicas estão somatizando as doenças. A pessoa não aceita ouvir que é a sua mente que está causando os sintomas, e que não é preciso um marcapasso, mas um antidepressivo. A pessoa come uma cuca e sente azia. Aí procura um gastro, mas é só parar de comer a cuca!”.
O grande momento polêmico foi quando ele disse que fibromialgia (dores generalizadas) nada mais é que um termo inventado para satisfazer os pacientes que somatizam uma doença mas não querem admitir que estão somatizando. Eu digo que foi um momento polêmico porque conheço algumas pessoas que têm fibromialgia. E também porque naquele momento o psi bonitinho pegou na minha mão e apertou a ponta de um dos meus dedos (entre a articulação e a unha), e perguntou se doía. Eu disse que não. Ele: “Pois é, é impossível sentir dor aqui. Mas você aperta o dedo de uma pessoa com fibromialgia e ela vai reclamar de uma dor insuportável”. (Foi depois que ele tocou no meu braço, mas imagino que nessa hora eu já estava anestesiada).
Não, brincadeira à parte (não teve clima de paquera não, embora ele tenha acaricidado esse braço que não verá água pelos próximos três dias), enquanto ele falava eu pensava no maridão. Minha cara metade ocasionalmente tem dor nos pés e nas costas. Mês passado, ele foi a uma médica do SUS e fez um raio x do pé e não deu nada. E ele se queixou um monte da médica não ter decifrado o que ele tinha e não ter recomendado mais testes. Falei isso pro psi bonitinho, questionei se o maridão não poderia também estar somatizando a dor nos pés e nas costas, e ele disse que não sabia, porque não havia analisado o maridão. Mas seguiu-se esse diálogo muito tururu tururu (musiquinha do Além da Imaginação):
Ele: Pelo que estou vendo, você deve ser a pessoa que manda na casa, apesar de ser mulher...
Eu: Como assim, “apesar de ser mulher”? Eu sou mulher e feminista!
Ele: Pode ser que ele não lide muito bem com isso de uma mulher mandar.
Eu: Eu não mando, e ele não liga.
Não foi bem com essas palavras, mas foi parecido. Fiquei espantada em como o psi deduziu isso a meu respeito após dez minutos de conversa. Será que eu sou tão mandona que até exalo autoritarismo?
Lendo, parece que foi um papo hostil. Mas não foi não. Teve até várias risadinhas românticas. Quer dizer, o “romântica” é por minha conta e por conta das carícias no meu braço. Mas sério, prefiro mil vezes uma consulta com um psiquiatra que com um neurologista, que bateu no meu joelho com aquele martelinho (eu quase chutei ele de volta no queixo, graças aos meus reflexos de Mulher Aranha).
Já no carro contei tudo pro maridão, que ficou irritadíssimo com a sugestão que ele pode estar somatizando suas dores. Pra ele, isso simplesmente não é uma possibilidade, já que seu preconceito lhe diz que psicólogos e psiquiatras são pra pessoas fracas ou loucas. E ele confunde as coisas, tadinho. Só porque a mente causa um sintoma não quer dizer que esse sintoma não seja real ou que não dói, pô! Claro que o sintoma existe, claro que dói. Apenas que talvez não seja o caso de amputar o pé (Louca Obsessão feelings), e sim de tomar antidepressivo. Mas ele não quis nem saber e se zangou que fui ao psiquiatra falar dele ao invés de me concentrar nos meus problemas.
Eu: Mas que problemas, catzo? Eu não sinto dor nenhuma! Eu fui ao psiquiatra porque preciso de um atestado. Eu não fui ao dermatologista porque estava com problema de pele!
Horas depois, mais calminho, o maridão disse que quem sabe, depois de feitos todos os exames físicos para detectar sua dor nos pés, se realmente nada fosse descoberto, talvez ele pensaria na hipótese remotíssima de suas dores serem psicossomáticas.
Eu adoraria fazer terapia de casal, ainda mais com um psiquiatra bonitinho, mas acho que metade do casal não compareceria às sessões.




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