STF dá uma mãozinha para Marta Suplicy
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STF dá uma mãozinha para Marta Suplicy


Por Altamiro Borges

Na terça-feira passada (26), a direção estadual do PT de São Paulo ingressou na Justiça Eleitoral com o pedido do mandato da senadora Marta Suplicy. Alegou que, por razões oportunistas e eleitoreiras, ela traiu os seus eleitores e que a cadeira pertence aos partidos políticos, conforme determina a legislação em vigor. Curiosamente, numa agilidade nunca vista no sempre lerdo Poder Judiciário, um dia depois o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a perda de mandato em razão da troca de legenda não se aplica aos cargos majoritários (presidente, governadores, prefeitos e senadores) – mas apenas aos mandatos proporcionais (deputados e vereadores). Marco Aurélio Mello nem escondeu a quem a sentença intempestiva beneficiaria. “Marta Suplicy deve estar de alma lavada, para dizer o mínimo”, brincou o ministro do Supremo.

A decisão do STF, aprovada por unanimidade, foi uma resposta ao recurso da Procuradoria-Geral da República contra a resolução da Justiça Eleitoral que estendia os critérios de fidelidade partidária a políticos eleitos para cargos majoritários. Com isso, a rancorosa ex-petista poderá realizar o seu sonho de disputar a prefeitura da capital paulista em 2016 – tudo indica pelo PSB, sigla que é presidida em São Paulo por Márcio França, vice-governador do tucano Geraldo Alckmin. Numa prova do seu desprezo pelos partidos, Marta Suplicy comemorou o resultado: “O país tem sólidas instituições. A histórica decisão, referendando que na eleição majoritária deve-se respeitar a soberania popular e as escolhas dos eleitores, coloca fim a polêmicas, prevalecendo o principal instrumento da democracia: o voto”.

A ex-prefeita da capital paulista – duramente execrada pela imprensa em sua gestão, rotulada de “Martaxa”, mas que hoje virou a nova queridinha da mídia tucana – anunciou sua desfiliação do PT no final de abril. Com base na resolução anterior do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela chegou a temer a perda do seu mandato de senadora. Tanto que na carta em que justificou sua saída ela tentou posar de vítima. Marta Suplicy alegou que sempre foi perseguida pela direção da legenda, que reduziu os seus espaços políticos, e utilizou velhos argumentos dos falsos moralistas da direita nativa para demonizar o seu antigo partido – "responsável por um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou”. Até o final do ano passado, quando ocupou o Ministério da Cultura, a nova vestal da ética nunca acusou a sigla de corrupção.

A carta irritou ainda mais a direção petista, que decidiu reivindicar a sua cadeira no Senado. Em nota oficial, o presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza, realçou que a sigla nunca cerceou suas atividades partidárias ou parlamentares. “Ao contrário disso, Marta foi sucessivamente prestigiada ao longo dos anos, com o apoio da militância e das direções, sendo eleita deputada federal, prefeita, senadora e nomeada duas vezes ministra de Estado”. Nas disputas eleitorais, ela sempre contou com o aporte financeiro do partido e com o engajamento dos petistas. O dirigente também argumentou que a desfiliação foi “movida unicamente por interesses eleitorais e desmedido personalismo" e justificou a reivindicação do seu mandato: “Os projetos pessoais e as conveniências do oportunismo eleitoral não podem se sobrepor aos projetos coletivos, que lhe dão abrigo, e nem deformar a vontade do eleitor expressa nas urnas”.

A decisão da semana passada, porém, privilegiou o oportunismo eleitoral! Conforme destacou o ministro do STF, “Marta Suplicy deve estar de alma lavada”. Haja sujeira!

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