Por Altamiro BorgesIronia da história. O Grupo RBS, proprietário do jornal “Zero Hora” e de várias emissoras de tevê e rádio, é a principal força opositora ao governo de Tarso Genro (PT-RS). Desde o início do seu mandato, em janeiro de 2010, os veículos deste império midiático regional não dão um minuto de trégua ao governador gaúcho. Na semana passada, o empresário-carrasco Eduardo Sirotsky Melzer demitiu sumariamente 130 “colegas” da RBS e ainda enviou uma cartinha pedindo “desapego” às vítimas. Já nesta segunda-feira (12), o governador Tarso Genro manifestou o seu apoio aos desempregados e ofereceu acesso aos programas do governo de incentivo à qualificação e à recolocação do mercado de trabalho.
O anúncio foi feito durante reunião do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul com as secretarias de Trabalho e Desenvolvimento e da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa do governo gaúcho. Segundo a entidade classista, a proposta visa apresentar condições para que os demitidos da RBS possam se readequar às vagas disponíveis no Estado. Para os jornalistas com formação específica, as secretarias estudam a possibilidade de ofertar cursos de qualificação gratuitos. Todos os interessados poderão acessar o Programa Gaúcho de Microcrédito, que disponibiliza recursos para investimento em atividade produtiva com baixa taxa de juros.
Enquanto o governador Tarso Genro confirma sua postura republicana, de respeito aos trabalhadores, o Grupo RBS segue com a sua truculência Na última sexta-feira (8), o Sindicato dos Jornalistas promoveu um protesto em frente à sede do jornal Zero Hora, em Porto Alegre. O objetivo era denunciar à sociedade as demissões e exigir a abertura de negociações. Mas a empresa simplesmente barrou o acesso dos dirigentes sindicais às redações. Segundo o site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o executivo da empresa, Ary dos Santos, não permitiu o ingresso de Celso Schröder, presidente da entidade, e de outros sindicalistas, com a desculpa de que eles prejudicariam o andamento do trabalho.
“O argumento de que iríamos atrapalhar o dia de fechamento dos jornais de sábado e domingo não se justifica. Eles não queriam nossa presença dentro da redação. Nosso entendimento é de que o maior dano foi provocado pela empresa, que anunciou a demissão na segunda e os colegas ficaram dois dias sob a tensão da perda do emprego. O abalo emocional foi responsabilidade da empresa. O sindicato não é prejudicial a ninguém", protestou o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Milton Simas. “Esta postura da RBS configura prática antissindical que vai ser denunciada internacionalmente”, reagiu Celso Schröder.
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