Tecnologia da informação que destrói empregos - CLAUDIO CONZ
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Tecnologia da informação que destrói empregos - CLAUDIO CONZ


BRASIL ECONÔMICO - 14/06

O mundo mudou e cada vez se transforma mais rápido. Com o advento das novas tecnologias, têm surgido novas formas de negócio, que nos deixam perplexos com a relação entre os valores de bens concretos e o valor da informação. Chegamos a um estágio do capitalismo que a volatilidade das ações empreendedoras e a rapidez com a qual elas acontecem, se concretizam e se valorizam impressiona. Isso tem um lado positivo, mas, ao mesmo tempo, também pode gerar muitos danos à sociedade.

Li um artigo de jornal há alguns dias sobre o novo livro do Jaron Lanier e alguns dados me impressionaram. O autor citava que o principal jornal de Boston, chamado Boston Globe, emprega 470 pessoas. Seu dono é o New York Times, que o adquiriu em 1991 por US$ 1,1 bilhão. Algumas propostas estão sendo estudadas pelo Times e os palpites dos analistas apontam que o jornal aceitaria ofertas de até.... Us$ 80 milhões. O Yahoo comprou o tumblr, plataforma de microblogs, com 178 funcionários pelos mesmos US$ 1,1 bilhão.

Fazendo uma outra comparação, quando a Kodak era líder da indústria da fotografia, tinha mais de 140 mil funcionários e valia $ 28 bi. No ano passado, o Instagram foi vendido para o Facebook por $ 1 bi e tinha apenas 13 empregados.

Vi que agora você arregalou seus olhos e se perguntou o que está acontecendo com os modelos de negócio tradicionais. Vemos a classe média e os empregos ameaçados por um novo tipo de empresa, as startups.

Startup é uma empresa com um histórico operacional limitado, ou seja, poucos funcionários. Elas envolvem inovação e geralmente oferecem risco no negócio justamente por estarem implantando ideias novas, que não se sabe se vão "pegar"ou não.

Mas, quando pegam, pegam pra valer. São empreendimentos com baixos custos iniciais e altamente escaláveis pois possuem uma expectativa de crescimento muito grande quando dão certo. Alguns exemplos de startups são Google, Facebook, Peixe Urbano, Instagram, tumblr, e por aí vai.

O valor destas empresas em bilhões de dólares reflete as escolhas feitas pelas pessoas. Afinal, a ideia inovadora precisa passar a fazer parte da nossa vida. Isso valoriza a startup. Há controvérsias com relação a muito dinheiro nas mãos de poucos. Afinal, quanto vale a informação?

Vemos neste modelo um poder devastador de destruir a classe média e o emprego estável, numa economia que concentra poder de maneira sem precedentes nas mãos de poucos. Estes novos negócios, que geram dinheiro para uma minoria, podem colaborar para um hiperdesemprego.

A pergunta é: será que não é a hora de pararmos para avaliar este cenário futuro, em que a economia da informação dispensa as pessoas? Como representante do varejo, coloco esta questão para avaliarmos. Afinal de contas, a perda do emprego e a diminuição da renda nos afeta diretamente. Ao mesmo tempo, a falta de lojas físicas com pessoas trabalhando, que é uma tendência fortemente relacionada a estes novos tipos de negócio que envolvem a internet, também afeta a construção. Até que ponto lojas virtuais, startups e novos tipos de negócio tornam os negócios tradicionais desnecessários e até os prejudicam?

O que eu quero realmente para a nossa sociedade nesta era da informação é uma economia da informação não destrutiva, mas sim democrática e com oportunidades para todos.




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