Teto furado - CELSO MING
Geral

Teto furado - CELSO MING


O ESTADÃO - 09/07


Está mais do que na hora de cair na real. E não é só no futebol. A inflação em 12 meses agora estourou o teto da meta (os 4,5% mais os 2 pontos porcentuais de tolerância) e nesses níveis tende a ficar instalada pelo menos nos próximos cinco meses. Em setembro e outubro, muito provavelmente rondará a altura dos 6,9%.

Se o próprio Banco Central (BC), que sempre se empenha em passar melado nas projeções sobre desempenhos ruins, já admite uma inflação de 6,4% para todo este ano, ficou mais provável o estouro do teto da meta ao final de 2014.

Essa inflação bem mais alta em 12 meses deverá agora colocar em marcha mecanismos de defesa contra perdas de patrimônio, mais do que habitualmente. E este é um fator autônomo de aumento de preços.

O governo Dilma vacilou entre combater a inflação e a estagnação. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. Agora terá de enfrentar a campanha eleitoral tendo de explicar o mau desempenho da economia, sem argumentos convincentes para isso, e não tendo outras caras a expor na vitrine que não seja a dos administradores da economia com credibilidade fortemente desgastada até mesmo dentro do PT, como Guido Mantega e Arno Augustin.

O efeito Copa pode ter concorrido para a aceleração da alta em junho, como ontem observou a coordenadora de Pesquisas de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. Mas esse tipo de avaliação não leva muito adiante. Cada mês aparece um imponderável assim.

Para não ir mais longe, as verdadeiras causas da inflação estão lá no Relatório da Inflação, ainda que algumas delas venham sendo propositalmente disfarçadas pelo BC, como é o caso da frouxidão na administração das contas públicas.

Entre as causas estão a disparada dos custos trabalhistas muito acima da produtividade da economia e uma demanda que, embora algo mais fraca, continua sancionando a alta. Não dá para evitar outra fonte recorrente de pressão que é o represamento dos preços administrados (combustíveis, energia elétrica e transportes urbanos). É um fator que leva os remarcadores de preços a antecipar os reajustes.

Boa pergunta consiste em saber se a desaceleração das vendas e da produção não passa a concorrer para segurar a escalada inflacionária. Às vezes o governo dá a impressão de que conta com isso. O ministro Mantega tem insistido na aposta de que o afrouxamento do consumo se deve aos estragos no poder aquisitivo provocados pela inflação e, assim, deixa implícito que a menor demanda se encarregará de conter a aceleração dos preços. E, desse ponto de vista, ele está certo.

O diabo é que os radares também apontam para o inevitável desrepresamento dos preços administrados e do câmbio, hoje usado para conter a alta dos preços dos importados. Não se sabe em que ritmo acontecerá, até mesmo porque isso também depende do resultado das eleições.

Inflação alta demais e crescimento perto de zero serão os temas da campanha eleitoral, que será curta, mas intensa. É cair na real.




- Disparada - Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 08/02 O estouro da inflação e a perspectiva de que continue muito alta ao longo de 2015 é novo indicador da rápida deterioração das condições da economia. Medida em 12 meses, a evolução do Índice de Preços ao Consumidor...

- Perto Do Zero - Celso Ming
O ESTADO DE S.PAULO - 09/08 A inflação de julho foi boa surpresa, avanço de só 0,01%. Mas é prematuro contar com que esteja sob controle, como autoridades do governo afirmaram ontem. Os preços foram puxados para baixo, principalmente, no setor...

- A Alta Continua - Celso Ming
O ESTADÃO - 07/06 Quem olha só para os primeiros números diz que a inflação está caindo. De 0,67%, em abril, foi para 0,46%, em maio. Quem focar mais do que isso, vai ver que essa inflação está mais para o ruim do que para o bom. Os alimentos,...

- Sem Euforia - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 08/08 A inflação de julho (evolução do IPCA) veio dentro do esperado, de apenas 0,03%. Com isso, a inflação em 12 meses, que em junho estava nos 6,70%, caiu para 6,27% (veja gráfico). A presidente Dilma e o ministro da Fazenda,...

- Inflação E A “bola Fora” Dos Urubólogos
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço: Saiu o índice de inflação do IBGE para dezembro, com a alta que se esperava: 0,78%. Alto, mas menor do que o registrado em 2013: 0,92%. Com isso, o teto da meta de inflação, esta “linha sagrada” de nossos...



Geral








.