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Tomara que chova - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 07/02
Economistas começam a prever que o crescimento do PIB em 2014 será ainda mais seco que 2%
ECONOMISTAS DE alguns bancões e consultorias começaram a revisar para baixo suas estimativas de crescimento brasileiro para este ano.
Na mediana da centena de opiniões coletadas semanalmente pelo Banco Central, a previsão até 31 de janeiro era de crescimento de 1,9%. Há gente graúda dando agora chutes informados na direção de 1,5%.
Essas previsões de crescimento do PIB e de inflação para o ano costumam estar bastante erradas até o começo do segundo semestre, pelo menos desde que o Banco Central começou a fazer essa estatística, em 2001. Mas a vida é assim mesmo.
Isto posto, a gente poderia dar de ombros e esquecer tais estimativas tanto quanto a gente esquece os números de um bilhete azarado da loteria. Só que não.
Os economistas não costumam estar errados sobre o sentido da mudança, se para baixo ou para cima, embora ainda seja também cedo para saber para onde vai esse rebanho (o dos economistas).
Porém, o ano começou agourento, o que é mais importante. Por isso mesmo, as previsões estão mudando.
Houve solavancos fortes nas finanças mundiais, bastantes para fazer várias economias "emergentes" pedir água e elevar os juros --vão crescer menos. O dólar mais caro e girando feito uma biruta não favorece os negócios aqui.
Nossa vizinha Argentina está passando por crise feia. Vai comprar menos produtos da nossa indústria, já avariada faz mais de meia década. Aliás, o resultado horrível da indústria em dezembro não permite prognosticar coisa boa para este ano.
Nem mesmo o tempo está bom. O tempo, a temperatura, as chuvas. Calor e seca implicam energia mais cara, custos maiores para empresas, menos produção para outras e uma conta maior para o governo pagar.
A fim de evitar o repasse do custo da energia mais cara para o consumidor, o governo, na prática, ao menos temporariamente (anos?), banca a diferença, na casa dos bilhões (se mais para R$ 10 bilhões ou para R$ 20 bilhões, ainda é impossível saber). Como o governo não tem esse dinheiro, faz mais deficit e dívida. Ou seja, estamos numa situação em que o deficit depende até da chuva.
O ano está no comecinho. É possível virar o jogo, trabalhar para que o resultado de 2014 não seja ainda pior que a mediocridade prevista. Mas a gente levou gol nos primeiros minutos do jogo.
RECORDAR É VIVER
Não houve falha humana, não foi excesso de consumo, não foi falha no sistema de proteção da rede elétrica, não foi falha de manutenção. Mas o apagão de terça-feira pode ter sido causado por um raio, diz o pessoal do Operador Nacional do Sistema, que faz a "direção de trânsito" da eletricidade no país.
Pode ser. Mas vale lembrar o que já disse a presidente sobre esse assunto.
"Vocês se lembram da história do raio? De que caiu um raio? No dia em que falarem para vocês que caiu um raio, vocês gargalhem... Raio cai todo dia neste país, a toda hora. O raio não pode desligar o sistema. A nossa briga contra os raios é o seguinte: se desligou, é falha humana."
Era o que dizia Dilma Rousseff a respeito de explicações oficiais dos apagões, em 26 de dezembro de 2012, num café da manhã com jornalistas.
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