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Tons de Tombini - MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 20/01
Normalmente, o FMI fica atrás nas previsões, é mais lento nas correções, porque dentro de cada país é que se sabe mais precisamente o que está acontecendo. Ontem o Fundo reduziu a previsão do PIB do Brasil de -1% para -3,5% este ano e para 2017 caiu de 2,3% para zero. Ficou junto com os mais pessimistas. Normalmente, o BC dá sinais e os segue. Mas ontem Alexandre Tombini mudou o tom no primeiro dia do Copom.
Normalmente, o mercado forma consensos. Mas nada está normal nos últimos tempos. Os economistas estão divididos, como a coluna mostrou ontem. A partir da declaração de Tombini, de que as projeções do FMI serão levadas em consideração na reunião, houve uma mudança na curva de juros e nas previsões do que vai acontecer hoje. Quem achava que os juros subiriam 0,5% passou a aumentar a probabilidade de 0,25%. E há os que acham que o BC pode nem mexer nos juros.
O Brasil teve o maior corte nas previsões do PIB que o FMI fez, mostrando que o país está indo na contramão. A previsão do Fundo é de que a economia global terá um crescimento de 3,4% este ano e de 3,6% no ano que vem. Enquanto as estimativas para a economia mundial sofreram pequenos cortes em relação ao relatório de outubro do ano passado, de 0,2 ponto em ambos os anos, para o Brasil os números caíram 2,5 pontos e 2,3 pontos respectivamente.
Não há consenso no mercado financeiro de que a alta de juros, neste momento, seja o melhor remédio para combater a inflação. Cresce entre os economistas o receio de que mais juros terão apenas efeitos negativos porque aumentarão o custo da dívida interna e o risco-país. Isso pressionará o dólar e a própria inflação. O problema é que os sinais do Banco Central nos últimos meses foram sempre no sentido de refutar essa teoria e indicar que a alta de juros aconteceria para levar a inflação ao centro de 4,5% no ano que vem.
Há apenas 12 dias, no dia 8 de janeiro, o Banco Central enviou carta aberta ao Ministério da Fazenda para explicar as razões de a inflação ter estourado o teto da meta em 2015. No último parágrafo, afirma que ?adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento de objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5% em 2017.? Essa foi apenas uma de várias demonstrações de alta da Selic nos últimos meses.
Por isso, a nota divulgada ontem pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, mexeu tanto com o mercado financeiro. A interpretação foi que Tombini deixou a porta aberta para não subir os juros ou fazer um movimento de alta menor, de 0,25 ponto.
O FMI trata de previsões do mundo todo, por isso nunca é de se esperar que ele esteja mais adiantado do que os outros, seja para prever crescimento ou queda. Desta vez ele se alinhou com os que recentemente aumentaram a previsão de recessão. Há alguns bancos e consultorias que já chegaram à previsão de queda do PIB de 3,5%, mas a mediana do Focus está em 3% e há grandes instituições projetando até abaixo de 3%.
O Banco Central já fez reuniões difíceis, mas esta é talvez a mais complicada dos últimos tempos. A inflação está em dois dígitos, o que não acontecia há 13 anos, e a previsão é de um segundo ano de estouro da meta. Todo o manual de política de metas manda subir os juros. A recessão está entrando em seu segundo ano e as projeções são de que a redução será quase tão forte quanto a de 2015. Com o PIB em queda livre não se pode subir os juros sob pena de aumentar a intensidade da queda. Um indicador encomenda uma decisão do Banco Central exatamente oposta ao que o outro exige. Não será uma decisão fácil para um BC que, além de tudo, nunca teve autonomia para agir e que, a cada reunião, tem que provar que tomou decisão de forma independente.
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A Secretaria de Educação do Rio mandou um comunicado, a propósito da coluna de domingo, na qual havia críticas à decisão de cortar na merenda escolar. A Secretaria informa que a decisão foi revista e os alunos terão merenda quente nos cinco dias. Difícil este momento para os gestores. É preciso saber onde cortar e onde gastar.
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