TRÊS NOTÍCIAS SOBRE ESTUPRO
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TRÊS NOTÍCIAS SOBRE ESTUPRO


Três notícias sobre estupro:
1) Marcelo e sua gangue reciclaram vários de seus sites de ódio anteriores, como o Silvio Koerich, Homens de Bem, Tio Astolfo etc etc para criar um novo, o Reis do Camarote. É idêntico aos anteriores, com a mesma mensagem de que mulheres são todas vadias e merecem ser estupradas. No Tio Astolfo, em agosto, havia um guia de estupro para violar estudantes da UFRGS e da UFRJ. Deste vez, no Reis, os "alvos" são alunas de Direito da UFC. 
Por que UFC? Porque Marcelo planeja jogar a autoria do site no meu marido, Silvio, que vive em Fortaleza. Por enquanto, o Reis está fora do ar, com um logo (falso) da Justiça. É óbvio que não foi a Justiça (quisera eu que ela fosse assim tão rápida e competente!) que tirou o site, e sim o próprio Marcelo, como ele deixa claro neste print que fiz do seu chan:
O covarde misógino voltou a andar com seu antigo comparsa Emerson (os dois foram presos juntos em 2012), e agora estão pensando em encomendar a morte do meu marido e, talvez, da minha mãe. 
Eu fico p da vida e com bastante vontade de fazer justiça com as próprias mãos, mas não tenho medo das ameaças. Convivo com elas há cinco anos, pelo menos. 
Do site do Tio Astolfo em agosto 2015
Mas isso de espalhar que uma pessoa é pedófila e estupradora pode fazer estrago. Óbvio que nem a polícia e nem a mídia irão acreditar que um homem totalmente ético como o Silvio possa ser capaz de qualquer coisa que vão acusá-lo, mas o site pode viralizar e atrair muita gente que nunca ouviu falar do Silvio ou de mim e não sabe que ele é perseguido meramente por ser marido de uma feminista. 
Tio Astolfo em julho 2015
E tem uma galera que acredita em qualquer coisa -- não acreditaram no site falso que Marcelo fez em meu nome e que dizia que eu havia realizado um aborto numa aluna em sala? (Hoje numa entrevista falei isso pra repórter, e ela respondeu: "E você é professora de Letras!" Aí a gente riu). 
2015, o ano que nunca termina
Peço a vocês o de sempre: quando o maior criminoso da internet relançar mais um site de ódio, desta vez incriminando o meu marido, não divulguem o site. É isso que eles querem -- que o site se espalhe. Até porque Marcelo está ganhando dinheiro com AdSense e porque o site tem vírus. Portanto, não caia nessa dos fakes que eles mesmos fazem e colocam em páginas estratégicas no FB. Aqueles fakes que aparecem pra dizer: "Você viu?" e colocam o link pro site de ódio. Ou "Que absurdo!" e colocam o link. Ou "Denunciem!" e colocam o link. 
Lembrem-se que assim vocês estão ajudando a divulgar um site de ódio com guias de estupro e, de quebra, difamando uma pessoa inocente e contaminando o seu computador. Apenas vão ao Humaniza Redes e denunciem lá. Ou, se você não tiver o endereço do site de ódio, mande um tuíte pro Humaniza Redes. Pronto. Não é preciso mais do que isso. 
Quer dizer, se vocês querem ajudar mesmo, podem ir nas páginas do FB em que o pessoal cai nisso de espalhar site de ódio e deixar um comentário avisando. Já vi páginas sérias apagando o post depois do alerta. 
2) No reveillon, nas cidades alemãs de Hamburgo e, principalmente, Colônia, aconteceu algo horrível: cerca de mil homens (segundo testemunhos, de "procedência árabe ou do norte da África") se organizaram no centro para orquestradamente, em grupos pequenos, assediarem sexualmente, passar a mão e roubar mulheres. Pelo menos 90 mulheres denunciaram, e houve no mínimo um estupro. 
Pra piorar a situação, a prefeita de Colônia meio que decidiu culpar as vítimas ao dizer que as mulheres deveriam adotar um "código de conduta" para evitar futuros ataques, como manter um braço de distância de estranhos e pedir ajuda a outras pessoas (ahã, certeza que nenhuma das vítimas tentou isso). A prefeita já foi apunhalada no pescoço em outubro por um alemão contra a entrada de refugiados.
Óbvio que todos os grupos de extrema direita não só da Alemanha como de qualquer lugar do globo estão usando o terrível ocorrido no reveillon como um "Tá vendo como estávamos certos em ser contra imigrantes? Tá vendo como fazemos bem em considerar todos os muçulmanos criminosos?"
E, claro, o de sempre -- esses mesmos reaças culpam feministas (não estupradores) pelos ataques. Afinal, somos nós que adoramos o mundo islâmico mas infelizmente ainda não nos mudamos pra lá para combater onde o machismo existe de verdade. 
Feministas alemãs pedem para que
estupros sejam levados a sério
Eu adoro isso. Até parece que tenho alguma simpatia pelo islamismo ou por qualquer outra religião. Pra mim, são todas machistas. E qualquer pessoa, de qualquer religião, em qualquer lugar do globo, deve ser punida se sair por aí apalpando mulheres. 
Uma dica: desconfie de artigos que dizem que a imigração destruiu a Suécia e que dão como exemplo a estatística da Suécia ser o país com o maior número de casos de estupro do planeta. 
Ótimo resumo da mentalidade mascu,
reaça e neonazi
A Suécia ocupa essa posição porque comportamentos que não são considerados estupros em outros países são considerados estupros lá. (E eu também acho engraçado reaça falar da Suécia como se fosse um paraíso antes dos malditos imigrantes desembarcarem. Os países escandinavos têm os melhores índices de qualidade de vida por um motivo simples: porque eles seguem à risca uma política de bem estar social. Isso só é conseguido com um Estado grande e altos impostos. Justamente o que os reaças mais odeiam). 
UPDATE: Reaças não param de falar nisso. Descobri o porquê: eles querem voltar aos "bons tempos" em que homens protegiam mulheres... de outros homens. 
3) Enquanto isso, do lado do mundo onde não existe machismo de verdade (isso é só no Oriente Médio!), uma notícia de estupro ficou bem conhecida entre as pessoas de Brasília, porque ganhou manchete de capa do Correio Braziliense (eu achei que com boas intenções, apoiando a acusação da vítima).
Uma estudante da UnB, de 24 anos, foi a uma festa de reveillon chamada "The Box -- Reveião". Na virada do ano, ela, embriagada, foi coagida por um segurança a sair da festa. Ele a levou a um estacionamento e a estuprou. Em seguida, chamou um outro segurança para estuprá-la também, mas, depois que ela perguntou ao outro segurança por que ele iria fazer aquilo, ele assustado, desistiu. Ela conta em seu relato, publicado no FB:
"Respirei fundo e voltei pra festa num misto de pavor e dormência. Não contei nada pra ninguém. Me questionei se eu não tinha 'pedido por aquilo', olha que ridículo! É assim que somos ensinadas. A culpa sempre é atribuída à mulher".
Coquetel para Aids ministrado a
vítimas de estupro
De manhã, em sua casa, a jovem, desnorteada, tentou tirar o absorvente interno, que estava usando no momento do estupro, e não conseguiu. Ela falou com um grupo de apoio às vítimas de estupro e contou o que tinha acontecido a seu pai. Foram à Delegacia da Mulher, onde ficaram quatro horas. 
Ela relata então sua via crúcis, da delegacia para o IML e de lá para o hospital (vale lembrar que Brasília é uma das duas únicas capitais que tem, até agora, a Casa da Mulher Brasileira, que reúne todos esses serviços em um só local, mas talvez a Casa ainda não esteja em pleno funcionamento). Terá que tomar coquetel para Aids durante 28 dias, entre várias outras precauções. 
Troquei alguns emails com Veluma e tentei entrevistá-la, mas ela me disse que sua advogada pediu para que ela não se pronunciasse por enquanto, para não atrapalhar as investigações. Ela reconheceu o estuprador, que é dono da empresa que fora contratada para garantir a segurança do evento. 
Ele admitiu ter feito sexo com ela, mas alegou que foi consensual, e que seu único erro foi ter traído a esposa (que já o deixou). Mais tarde, descobriu-se que há um boletim de ocorrência de 2007 da mulher contra ele, por violência doméstica.
O depoimento de Wellington ao Correio é nauseante: "Depois que eu tive relação sexual com ela, pedi que aguardasse. Disse que iria chamar um amigo. Fizemos sexo por cerca de 10 minutos. Foi coisa rápida, até mesmo porque eu estava trabalhando, não poderia ficar fora por muito tempo. Demorou mais foi ir dentro da festa e voltar com o meu amigo segurança para que ele também a conhecesse".
Ele diz que "a carne é fraca", "as mulheres atraem", "foi o calor do momento" e outras frases asquerosas para quem está sendo acusado de estupro. 
Parabenizo Veluma por ter trazido o seu estupro a público. Isso é importante, porque estupro é o caso mais subnotificado que existe. E é fácil entender porquê. É só ver um monte de gente culpando Veluma (e não quem a estuprou) para saber por que tantas vítimas não denunciam. Mas a denúncia é fundamental. 
Que sua atitude corajosa incentive mais mulheres a falarem. Não seremos silenciadas. 
UPDATE em 12/2: Depois de 45 dias de investigação, a Polícia Civil concluiu que não há provas para indiciar Wellington. O documento do inquérito cita testemunhas que viram o empresário e a denunciante saírem de mãos dadas da festa. Reaças estão festejando a notícia. Afinal, para eles, todas as acusações de estupro são falsas. 




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