Geral
Triste espetáculo - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 26/06
É constrangedor - para não dizer humilhante - o espetáculo do poder público, em todos os seus níveis, dobrando-se às vontades e caprichos do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Primeiro o prefeito Fernando Haddad, depois a presidente Dilma Rousseff e agora o governador Geraldo Alckmin vêm cedendo à chantagem do coordenador desse movimento, Guilherme Boulos, cada vez mais afoito e seguro de si, que começou ameaçando todos com manifestações capazes de tumultuar a Copa do Mundo em São Paulo, se seus desejos não forem satisfeitos, e agora está literalmente sitiando a Câmara Municipal com o mesmo objetivo.
O MTST prometeu realizar uma ocupação de novos terrenos por dia, sem falar nas manifestações que estão virando rotina, até que a Câmara vote o projeto de revisão do Plano Diretor, que prevê - como resultado de pressão dele - a transformação em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), para nelas serem construídas moradias populares, de quatro áreas ocupadas pelo movimento: Faixa de Gaza, em Paraisópolis; Nova Palestina, em M'Boi Mirim; Dona Deda, no Parque Ipê; e Capadócia, no Jardim Ingá.
A elas foi acrescentada a Ocupação Copa do Povo, em terreno situado, não por acaso, a apenas 4 km do Estádio Itaquerão, na zona leste. Como a inclusão dessa Zeis no projeto do Plano poderia complicar sua aprovação, já que bom número de vereadores com isso não concorda, optou-se - para atender a mais essa exigência do MTST - por fazer isso por meio de projeto de lei separado.
Como se não bastasse a ameaça de mais ocupações e manifestações, o movimento sitiou a Câmara na terça-feira e diz que os 9 mil sem-teto - mil segundo a PM, mas o número a essa altura pouco importa - que se encontram acampados em frente ao prédio, com colchões, cobertores e cozinha improvisada, dali só sairão quando os vereadores aprovarem tudo que lhes interessa.
Ou seja, o MTST se julga no direito de comandar a pauta do Legislativo municipal, não apenas nela colocando matérias de seu interesse, como estabelecendo prazos para sua aprovação. Nesse caso, com a agravante de que faz isso por meio de manipulação do Plano Diretor, matéria da maior importância, porque deve orientar o desenvolvimento urbano de São Paulo, mas que está sendo transformado em reles instrumento para a satisfação de interesses de grupos aguerridos, sempre prontos a recorrer à violência.
A essa altura restam poucas dúvidas de que o MTST conseguirá tudo, ou quase, que deseja. Uma indicação segura de que o sítio da Câmara já está funcionando é que na própria terça-feira o seu presidente, José Américo (PT), recebeu uma comitiva do movimento para negociar a data para a votação das matérias de seu interesse.
Américo não fez mais do que seguir o caminho aberto por Haddad e Dilma Rousseff, que numa de suas visitas à capital paulista abriu espaço em sua agenda para receber Boulos, a quem prometeu incluir a área da Ocupação Copa do Povo no programa Minha Casa, Minha Vida. Dupla de governantes à qual acaba de se juntar o governador Alckmin. Ele também se encontrou com Boulos, que saiu triunfante de reunião de uma hora e meia. Entre outras coisas, obteve a promessa de criação de uma comissão estadual de mediação de conflitos urbanos, que ele certamente pretende usar para sacramentar suas invasões.
A coisa está chegando a tal ponto que Boulos disse ter tratado com Alckmin também de transportes na região metropolitana e até da falta de água nas regiões sul e leste. Até onde ele e seu movimento irão? Bem longe, certamente, porque uma característica da chantagem é que a ela não se cede uma vez só. O chantagista é insaciável.
Outra grave consequência dessa rendição do poder público aos arreganhos do MTST é que, como alertam membros do Ministério Público Estadual, as ocupações semeiam entre as 130 mil pessoas há muito inscritas nos vários programas habitacionais da capital o medo de que os invasores de Boulos passem em sua frente. O que já está acontecendo.
-
Terreno Sem Lei - Editorial Folha De Sp
FOLHA DE SP - 17/08 Invadido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) às vésperas do início da Copa do Mundo, um terreno da zona leste está oficialmente autorizado pelo poder público a abrigar a construção de conjunto habitacional destinado...
-
É Tudo O Que O Mtst Queria - Editorial O EstadÃo
O ESTADO DE S.PAULO - 15/08 A lei que regulariza a ocupação de um terreno de 150 mil metros quadrados a 4 quilômetros do Estádio Itaquerão, por isso chamada de Copa do Povo, sancionada com vetos pelo prefeito Fernando Haddad, constitui uma preocupante...
-
As Reintegrações De Posse - Editorial O EstadÃo
O ESTADO DE S.PAULO - 03/08 Com cuidado e inteligência, a Polícia Militar (PM) de São Paulo vem conseguindo executar sem maiores incidentes as determinações judiciais de reintegração de posse nas propriedades públicas e privadas invadidas por...
-
A Chantagem Funcionou - Editorial O EstadÃo
O ESTADO DE S. PAULO - 11/06 Estava o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, anunciando em entrevista que a sua organização continuaria promovendo manifestações nas ruas de São Paulo na quinta-feira do jogo...
-
O ódio Da Mídia Contra Os Sem-teto
Por Altamiro Borges O diversificado movimento por moradia de São Paulo está nas ruas, realizando marchas e atos quase diariamente. Nesta semana, mais de 12 mil sem-tetos ocuparam a Radial Leste, uma das principais avenidas da capital paulista, e se...
Geral