Tucanos perdem sintonia com o Brasil
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Tucanos perdem sintonia com o Brasil


Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

“Os tucanos perderam sintonia com a maioria da população brasileira”.

Ao contrário do que eles dizem, o governo Lula rompeu com a política econômica de Fernando Henrique Cardoso.

Lula, em certa medida, tornou real o sonho de Celso Furtado em relação ao desenvolvimento regional.

Os números do PIB não dizem tudo sobre a economia brasileira, que durante a ditadura militar chegou a crescer 12% sem que a população em geral tirasse proveito disso.

As opiniões são de Luiz Dulci, que foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e hoje é diretor do Instituto Lula. Recentemente, ele lançou o livro Um Salto para o Futuro, no qual defende a tese do rompimento que contraria a opinião da maioria dos jornalistas econômicos da grande mídia — segundo a qual Lula apenas deu continuidade às políticas de FHC.

Dulci admite que não houve rompimento na política monetária, mas sustenta que isso aconteceu nas políticas sociais, externa e no papel assumido pelo Estado na economia.

Ele diz que o crescimento médio durante os dois mandatos do governo Lula foi de 4,4%, contra 2,2% de FHC. Sustenta que quando se trata do PIB não se deve olhar apenas para o número frio, mas para a qualidade do crescimento. Nos 12% de crescimento da ditadura militar o Brasil se tornou mais desigual, afirma Dulci. Agora, não.

O ex-ministro argumenta que a oposição partidária ao governo de coalizão do PT — e aqui ele estende o comentário aos adversários do governo Dilma — está “presa aos dogmas do neoliberalismo”, apesar da crise econômica de 2008 ter resultado no questionamento dos fundamentos do modelo. Daí, o fracasso eleitoral recente dos tucanos. Segundo Dulci, eles teriam perdido a sintonia com a maioria dos eleitores.

Sobre a argumentação de que o governo Lula teria apenas tirado proveito da valorização internacional das commodities, outro argumento brandido pelos tucanos, o ex-ministro rebate exemplificando com o conjunto de iniciativas econômicas de Lula.

As empresas públicas estavam proibidas de investir no final do governo FHC, diz. O crédito, que era de 300 bilhões de reais no conjunto da economia, se multiplicou para atingir R$ 1,5 trilhão atualmente. Foram gerados 15 milhões de empregos com carteira assinada. Os aumentos do salário mínimo — que os tucanos condenavam alegando que poderiam falir a Previdência Social — injetaram R$ 60 bilhões no mercado interno.

Para Dulci, Lula criou um “novo modelo de desenvolvimento econômico” para se contrapor ao neoliberalismo, provocando a saída de 28 milhões de pessoas da extrema pobreza e colocando 38 milhões na classe trabalhadora, muitos dos quais nas chamadas “novas classes médias”.

Na História do Brasil, isso só tem paralelo na era de Getúlio Vargas, escreve Dulci.

Destaca, também, que o Brasil se tornou menos desigual, inclusive regionalmente.

Apesar do impacto inegável do Bolsa Família no Nordeste, ele lembra que a duplicação dos portos de Suape e Itaqui, a construção de 900 km da ferrovia Transnordestina, a duplicação da BR 101 e a construção de 4 das 5 novas refinarias da Petrobras na região são fatores importantes para a dinamização da economia local.

Segundo Dulci, o neoliberalismo extinguiu a Sudene, engavetou os planos de desenvolvimento regional e sucateou o Banco do Nordeste. No último ano do mandato de FHC, o banco emprestou 300 milhões de reais, mas chegou aos R$ 9 bilhões no período equivalente do governo Lula.

Para o ex-ministro, é preciso comparar números: sob Lula, os mais pobres tiveram um aumento de renda que foi o triplo do obtido pelos mais ricos. No Nordeste, o número de empregos com carteira assinada aumentou mais que no Sudeste, o que segundo ele demole a argumentação dos tucanos de que o crescimento da região baseou-se apenas nas transferências de renda do Bolsa Família.




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