Um banco central relaxadão - VINICIUS TORRES FREIRE
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Um banco central relaxadão - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 19/09

BC americano não fecha torneira de dinheiro e cria condições para mais confusão no mercado


A MONTANHA não chegou a parir um rato. O BC americano decidiu que por ora não vai dar nem um talho na dinheirama que despeja na economia, nem mesmo uns US$ 10 bilhões dos US$ 85 bilhões mensais.

Esses US$ 10 bilhões, por aí, seriam o rato que o Fed não pariu. Como se soube, o BC americano abortou o plano de fechar um pouco de sua torneira de dinheiro, projeto anunciado desde maio. Mais que isso, o Fed indicou que a política de juro real zero ou abaixo de zero continua ao menos até o fim de 2016. Oito anos de juro real zero. Que puxa.

O mercado fez festinha, claro, com a rodada adicional de cerveja monetária oferecida pelo Fed. As Bolsas de lá e daqui saltaram, dólar e juros caíram etc. Mais difícil é ver se tanto riso, oh, tanta alegria, vão durar muito tempo no salão.

Como os planos do Fed parecem agora mais obscuros, há risco de mais confusões na porta de saída do programa de relaxamento monetário. Isto é, de mais volatilidade, variações fortes e frequentes nos preços dos ativos financeiros.

Qual será enfim o alarme ou o detonador da mudança, do começo do fim do relaxamento monetário (a torneira de dinheiro)? Ninguém sabe.

O Fed estava com "tudo em cima" para fechar um pouco da torneira de dinheiro. Não dava sinal de que mudaria seus planos. Não houve notícia recente e relevante sobre o ritmo da economia, ainda morno. Por fim, os donos do dinheiro grosso tinham aparentemente chegado a um acordo sobre, por exemplo, o nível das taxas de juros de longo prazo no mercado (com menos dinheiro na praça, os juros sobem). Tinham "precificado" a mudança anunciada pelo Fed faz quatro meses.

Mas foi justamente essa alta de juros nos EUA um dos fatores a levar o Fed a dar para trás, a adiar o fechamento parcial da torneira. A alta dos juros americanos tinha encarecido financiamentos como os de imóveis e esfriara esse mercado, o que em tese poderia retardar ou prejudicar a retomada do crescimento da economia, que de resto continua devagar.

O Fed reviu para baixo suas estimativas de crescimento dos EUA em 2013 e 2014. Não parece satisfeito nem com a precária situação do trabalho (desemprego ainda alto e emprego de má qualidade) nem com a inflação muito baixa (sinal de atividade fraca, entre outros problemas).

Outro motivo que levou o Fed a adiar o fechamento da torneira para, talvez, outubro é o risco de confusão fiscal. Isto é, até outubro o Congresso deles discute os limites de gastos do governo, debate que tem resultado em impasses que, além de ridículos, tamanha a baixa politicagem, causam má impressão em empresas e consumidores.

E nós, como ficamos? A princípio, o recuo do Fed e a dinheirama oferecida pelo BC brasileiro vão empurrar o dólar para baixo; vai cair o juro de mais longo prazo. Mas dizer "a princípio" é fácil e não ajuda muito.

O Fed ainda vai apertar a sua torneira de dinheiro. Os povos do mercado estão confusos sobre quando e como isso vai acontecer, ainda mais porque o Fed vai trocar de direção em breve. Tudo isso, repita-se, vai causar nova confusão entre o final de 2013 e o começo de 2014.

Porém, caso o Fed não mude de rumo sob nova direção, a impressão que fica é que o BC dos EUA não está muito preocupado em manter uma política monetária relaxadona por uma década.




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