Geral
Um grande dia na história da imprensa - ELIO GASPARI
O GLOBO - 07/08
Em setembro de 1994 um curioso com jeito de E.T., diploma de engenharia da computação pela Universidade de Stanford e uma passagem pelo Bankers Trust queria começar seu negócio. Qual, não decidira, mas sabia que seu motor seria o comércio eletrônico. Inscreveu-se num curso rápido para interessados em vender livros. Viu que estava diante de um mercado anacrônico, fez uma dívida, alugou uma garagem e fundou a Amazon com a mulher, um computador e dois amigos. Vendeu livros e tornou-se a maior livraria do mundo. Vende de tudo e é a maior atacadista de comércio eletrônico. Jeff Bezos acaba de comprar por US$ 250 milhões o venerando ?The Washington Post?, quindim dos jornalistas no século passado, berço da dupla de repórteres que derrubou o presidente Richard Nixon com suas reportagens sobre o caso Watergate.
O ?Post? teve de tudo: editor brilhante, Ben Bradlee, copiloto da cobertura do Watergate; donos malucos, o playboy Edward MacLean, que azarou a família comprando para sua mulher o diamante Hope, ou Philip Graham, que pediu ao presidente John Kennedy que demitisse um editor do seu jornal. Doente, Graham matou-se. No apogeu, teve na sua viúva, Katharine, a cujo pai pertencera o jornal, a maior figura da história do ?Post?. Logo ela, que até a morte do marido parecera uma dondoca maltratada e tímida. Kay Graham morreu em 2001.
A compra do jornal por Bezos foi anunciada dias depois de o ?New York Times? ter vendido o ?Boston Globe? por 6% do US$ 1,1 bilhão que pagou em 1993. Ele não só criou a Amazon como lançou o Kindle. Bezos é um gênio da conexão com os consumidores. Sua estrutura tecnológica é uma das maiores do mundo, mas seu segredo está na logística e no atendimento à freguesia. É um empresário feroz e detesta sindicatos. Quando lançou o Kindle, com livros a US$ 9,99, os magnatas do mercado editorial organizaram um cartel debaixo do guarda-chuva da Apple e acabaram nos tribunais. No Brasil sua operação é pedestre, mas essa é outra história.
Bezos entrou no ?Post? com dinheiro do próprio bolso, para enfrentar o ?The New York Times?, que há anos busca o caminho das pedras eletrônicas. Leva uma vantagem: com uma fortuna de US$ 27,9 bilhões, tem mais dinheiro que toda a família Sulzberger e pouco se lixa para as oscilações de Wall Street. A Amazon perdeu dinheiro durante cinco anos e sobreviveu à bolha da internet. Seu negócio, desde o primeiro momento, era a inovação. Numa daquelas histórias que fazem o folclore dos empresários, quando uma senhora idosa reclamou que os pacotes da Amazon eram difíceis de abrir, ele mandou redesenhá-los. Noutra: fazia reuniões mantendo uma cadeira vazia, para que todos se lembrassem do consumidor.
Bezos entra num mercado que consome fortunas em logística e papel para entregar produtos que podem chegar eletronicamente a um tablet em pouco mais de um minuto. É fácil intuir que, aos 49 anos, olha para esse negócio com a cobiça que sentiu aos 30, quando se inscreveu no curso para livreiros. O que fará, e como, será uma bonita história. De saída, anunciou que vive ?em outra Washington?, pois sua sede fica em Seattle, do outro lado do país, no estado do mesmo nome. Um palpite: ele adora vender barato.
-
Covarde E Ousado - LÚcia GuimarÃes
O Estado de S.Paulo - 25/11 A descrição é do próprio Jeff Bezos. Ao contratar um veterano do exército para trabalhar na Amazon, ele disse: "Fisicamente sou um covarde ('chicken'), mentalmente sou ousado." Imagine se Jeff Bezos tivesse levado...
-
Sigam A História! - DemÉtrio Magnoli
O Estado de S.Paulo - 10/10 "Sigam o dinheiro", indicou o Garganta Profunda aos repórteres do Washington Post que terminariam por desnudar o rei, provocando a renúncia de Richard Nixon. Bob Woodward e Carl Bernstein sabiam que andavam sobre o abismo,...
-
Jornalismo Amazônico - JoÃo Pereira Coutinho
FOLHA DE SP - 13/08 A única coisa que o jornalismo 'tradicional' tem a temer não é o fim do papel; é o fim dos leitores Jeff Bezos, o fundador da Amazon, comprou o "Washington Post". E agora? Que futuro para o jornal? E que futuro para o jornalismo?...
-
Obrigado A Torcer Por Bezos - ClÓvis Rossi
FOLHA DE SP - 08/08 Que ele seja capaz de inventar como vender notícias on-line sem sacrificar princípios Não conheço um só jornalista que não gostaria de trabalhar em um jornal capaz de derrubar o homem mais poderoso do mundo, o presidente dos...
-
Washington Post E A Crise Dos Jornais
Por Eliakim Araujo, no sítio Direto da Redação: Quem poderia imaginar que um dos mais influentes e tradicionais jornais dos EUA, o Washington Post, seria vendido assim, de uma hora para outra. A venda foi anunciada nesta segunda-feira e o mais surpreendente...
Geral