Por Altamiro Borges
O ex-presidente FHC saiu quase escorraçado do Palácio do Planalto em 2003, com os piores índices de popularidade da história do Brasil. Para piorar, ele não conseguiu emplacar nenhum dos seus filhotes tucanos nas quatro últimas disputas sucessórias – José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Na verdade, com exceção da eleição presidencial de 2014, ele inclusive foi alijado do palanque e dos programas de tevê do PSDB para não prejudicar seus postulantes.
Vaidoso e rancoroso, ele passou então a conspirar abertamente contra os quatro últimos governos eleitos democraticamente pelo povo. No pior estilo udenista, ele se travestiu de paladino da ética na sua cavalgada golpista. Só que a vida é cruel e agora é ele quem está na berlinda, com graves acusações de corrupção. Em sua “delação premiada”, o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, foi taxativo: “A propina ao governo FHC foi de US$ 100 milhões”. E agora FHC?
O depoimento do ex-diretor da área internacional da estatal vazou neste sábado (9). O jornal Valor Econômico teve acesso com exclusividade ao documento sigiloso em que Nestor Cerveró fez a afirmação. A revelação bombástica pegou de surpresa as redações da mídia tucana e os falsos moralistas de plantão.
O próprio FHC, que sempre elogiou as “delações premiadas e premeditas” e os vazamentos seletivos, correu para desqualificar o depoimento prestado no bojo da Operação Lava-Jato. Posando de vítima e de puro – afinal, todo tucano é santo –, ele afirmou que as denúncias de corrupção contra seu reinado “são vagas”, “não trazem elementos que permitam verificação” e “servem apenas para confundir”, desviando o foco das investigações contra os governos petistas. Haja cinismo!
Como lembra o Jornal GGN, “em fevereiro do último ano, Fernando Henrique Cardoso disse que a corrupção da Petrobras começou com o PT: ‘Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com as empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários'”.
Agora, porém, “um dos primeiros delatores da Operação Lava-Jato, Nestor Cerveró, disse que uma das negociações envolveu uma propina de US$ 100 milhões ao governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), ou 650 milhões em reais atualizados”. A propina teria sido paga no processo da suspeita venda da petrolífera Pérez Companc à Petrobras, em julho de 2002. A negociata, na época, teve um custo de US$ 1,02 bilhão.
Diante das denúncias, FHC se apressou em negar as “delações premiadas” e vazamentos seletivos. Será que a mídia, sempre tão cordial com o grão-tucano, vai abafar as revelações de Nestor Cerveró? Será que finalmente a revista Veja estampará na sua capa uma foto sombria do “príncipe da Sorbonne”? Será que o Ministério Público Federal, tendo à frente o carrasco Sergio Moro, vai convocar o ex-presidente tucano para depor? Será que o Jornal Nacional, da TV Globo, vai dar destaque à denúncia? Será que os fascistas mirins farão um boneco inflável de FHC vestido de presidiário? A conferir!
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