Vampiros - Capítulo IV
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Vampiros - Capítulo IV



O delegado olha a mulher a sua frente. Uma dessas grã-finas da zona sul. Cabelos louros, olhos claros. Uma dor de cabeça se insinua. Pega o copo de café e oferece. Ela recusa.
Madalena está nervosa. Abraça a bolsa fortemente ao corpo. O delegado a olha, ela lembra alguém...
- Então, você sabe quem é o assassino misterioso? - pergunta o delegado. Bebendo um gole de café.
- Sim.
- E quem é? - mais uma maluca, pensa. É a décima que diz saber. Outros já vieram, dizendo serem o assassino. Até um que dizia ser um vampiro. Teve também o profeta, falando do sinal dos tempos...
- É o mesmo homem que assassinou meus pais.
Uma faísca de interesse. Talvez ela não seja maluca. Talvez ela saiba realmente de alguma coisa...
- Seus pais foram assassinados?
- Há cinco anos.
- Seu nome é Madalena? - pergunta conferindo a ficha que lhe passaram.
- Não é meu nome verdadeiro, eu me chamo Eleanora. Troquei de nome quando sai do país. Eleanora do Amaral Mesquita.
O delegado para um minuto. Amaral Mesquita? Conhece o nome... lembra-se de alguma coisa, estava começando quando acontecera o assassinato... fora um caso comentado.
- Moça, como sabe que o assassino é o mesmo dos seus pais? - alguma coisa não estava se encaixando, precisa pedir ao assistente a ficha do caso Mesquita.
 - Eu o vi. - Madalena sabe que precisa se controlar agora. Se desabar, o homem a tomaria por maluca e não acreditaria nela. Respira fundo, pensa no que vai dizer. – Eu o vi matando aquelas pessoas.
- Você viu? - o delegado está surpreso - as duas?
- Sim.
- E como ele as matou? - seu tom de voz soa irônico. É uma pena, parecia ser uma possível pista. Por que ele ainda achava que a conhecia?
- Ele as sugou, como um vampiro... - sabe o quanto soou ridícula aquela afirmação. Fita o delegado, percebe a sobrancelha se arqueando.  - eu sei que parece loucura o que estou dizendo, mas é a verdade. Eu o vejo, por que estou dentro dele. Eu sinto o prazer dele quando os mata...
O delegado está riscando algo no papel. Não acreditara nela. Ninguém acreditaria.
- Desculpe tomar o seu tempo... – Madalena se levanta, pronta para partir.
Ele a olha. Alguma coisa que ele não sabe explicar o faz detê-la.
Ele as mutilou, não foi? – não sabe porque faz aquela pergunta, mas uma hipótese começa a se formar em sua mente.
- Não... ele não os mutilou, ele sugou o sangue deles, mordendo o pescoço da mulher e o antebraço do rapaz.
O delegado arfa, ansioso. Alguma coisa, alguma coisa realmente não se encaixava. Fora uma pergunta capciosa, e o tipo da informação que ela dera, só a policia e os legistas sabiam.
Você se incomoda de sentar-se novamente? E, pode me dar um minuto?
Madalena sente a mudança no comportamento do homem. Ansioso demais, condescendente demais... mesmo assim, senta-se e espera.
Ele volta, algum tempo depois. Traz uma caixa. Tem o rosto modificado. Uma estranha excitação o consome. Senta-se na mesa e olha a mulher a sua frente.
- Eleanora, não é? Ou prefere Madalena?
- Tanto faz.
- Você disse que o homem que matou a mulher e o garoto é o mesmo que assassinou seus pais? Não foi isso?
- Sim, foi o que falei.
- Importa-se de me contar como seus pais morreram? Faz muito tempo, e não me lembro direito. Além do mais, - aponta para a caixa. - meus arquivos estão bastante bagunçados.
Ela sabe que há algo errado. Não sabe dizer o que é. Sente-se testada.
- Esse homem entrou em minha casa e matou meus pais. Eu estava no quarto, ouvi gritos. Quando cheguei na sala, minha mãe e meu pai estavam mortos.
Ele estava sobre meu pai, terminando de matá-lo, eu acho... - sua voz se embarga ao relembra a cena. - então, eu comecei a gritar e a gritar... sinto muito, mas eu só lembro até ai. - enxuga as lágrimas com as costas da mão. - mas eu vi aquele rosto, eu nunca poderia esquecê-lo. Nunca...
- E esse homem agora voltou e matou duas pessoas?
- Eu o vi! Eu sei que é ele. - as lágrimas escorrem agora em profusão pelo seu rosto e ela não se preocupa mais em secá-las.
O delegado joga uma foto em sua direção. Uma foto de um homem branco, de olhos e cabelos castanhos. Um desconhecido...
- É esse o homem de que você fala?
Ela nega com a cabeça. Nervosa demais para emitir sons.
- Como não reconhece? Foi ele que matou seus pais, Madalena ou Eleonora... foi esse o homem. O nome dele é Jacó e está morto. Morto! E sabe como?
Ela nega com a cabeça. As palavras dele ecoando em sua mente.
- Assassinado. Foi assassinado por uma menina. Uma adolescente de quinze anos. - ele a olha fixamente. - você! Sabe, depois que você viu seu pai e sua mãe mortos, você foi até ele e o matou... você não lembra? Este homem morreu há cinco anos atrás, por suas próprias mãos...
- Não foi ele... não é a mesma pessoa...
- É claro que é, Madalena. As impressões digitais dele estavam por toda parte. E quando a policia entrou na casa, você chorava em um canto, suas mãos cheias de sangue e três cadáveres no cômodo. - ele suspira. E puxa um desenho de dentro de uma pasta. Um rosto de mulher. - reconhece?
Seu coração agora está preste a explodir. Segura o desenho com as mãos trêmulas. Olha o desenho, sem conseguir entender. Ali estava o seu retrato, mal desenhado. Tosco e um pouco impreciso, mas não têm como ter duvidas, é ela...
- O que significa isso? - sussurra.
- É o retrato falado do assassino da mulher e do jovem. Demorei a reconhecer você quando chegou aqui. O desenho não faz jus a sua beleza. Alguém te viu, Madalena...
- Você está achando que eu sou a assassina daquelas pessoas!? Não! Eu não as matei, foi ele... foi ele! Eu vi!
O delegado acende um cigarro. Quase sente pena. Uma maluca. Tinha uma história triste como pano de fundo, mas nada que justificasse o assassinato de pessoas inocentes.
A mulher se encolhe sobre a cadeira. Seu corpo tremendo compulsivamente. Não consegue encarar o delegado. Sua mente é um turbilhão de imagens distorcidas. Vê o homem, mas agora é ela que se debruça sobre a mulher, então é o homem de novo. Imagens passam como um flash. Vê a si mesma gritando, enquanto o homem mata seus pais diante de seus olhos.
- Você tem algum parente no Brasil? - o delegado interrompe sua aflição.
- Não... - sua voz ecoa distante.
- E nos Estados Unidos? Foi para lá que você foi, não é?
-Alex... Alexander Johnson.
- Ele tem telefone?
- Eu não matei essas pessoas... você precisa acreditar em mim...
Por uns instantes ele gostaria de acreditar. Mas não tem dúvidas. Ela matara aquelas pessoas. Tem um retrato falado, e uma quase confissão.
- Gostaria de acreditar. - está sendo sincero quando fala. - mas não posso... você viu o retrato, além do mais, somente o assassino e o legista poderiam dizer com tanta precisão sobre as perfurações das vítimas...
Ela o olha em silêncio. Seus olhos distantes e confusos. As lágrimas escorrendo na face. Abre a bolsa e entrega-lhe a agenda.
- Aqui tem o telefone de Alex.
O delegado pega, também em silêncio e a deixa só na sala.




- Vampiros - Capítulo Iii
Capitulo III Ela vê o avião partir. Uma sensação de solidão a invade. Fora bom ficar com Alex essas duas semanas. Conversara com ele a respeito do pesadelo. De como estava se sentindo assustada. O medo ressurgindo, ameaçando-lhe a sanidade, duramente...

- Vampiros - Continuação
2ª NoiteMadalena acorda. Está deitada em uma cama que não é a sua. Percorre com os olhos o quarto, não é o seu. Uma mulher está em pé na beira da cama. Tem nas mãos uma prancheta. Hospital! Como foi que chegou ali? Tenta falar, mas da sua garganta...

- Vampiros - Capítulo Ii
Capítulo II Antes do Abismo - Madalena 1ª Noite Ela caminha por um corredor negro. Não há luz, nem som, apenas um imenso manto negro que recobre seu corpo. Segue adiante, não querendo, mas segue. Mãos pegajosas saem das paredes e a acariciam, empurrando-a...

- Sobre Ser Mulher:
Ah, é uma menina... menina não usa azul. Menina não brinca de carrinho. Comporte-se como uma menina! Pare de andar com esses moleques, você é uma menina! Isso não é coisa de menina. Não fale palavrão. Feche as pernas. Penteie esse cabelo. Você...

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Quando você é homem e diz que não quer namorar, que gosta da sua liberdade, quer ter tempo pra fazer suas coisas sozinho, ninguém acha que você está mentindo. Eu não sou homem, nunca fui homem, eu tô falando do que eu vejo. Ninguém, quando um...



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