Se você tá achando o domingo meio paradão, ou tá jogado em frente ao sofá assistindo às atrocidades do pior dia da semana da televisão brasileira, deixe-me recomendar alguns textos meus e vídeos alheios que vão tomar muito do seu tempo. Encontrei mais crônicas antigas, que eu não via há quase uma década, perdidas na internet. Em muitos casos, nem me lembrava de tê-las escrito. Por exemplo, tem esta de 1999 comemorando os vinte anos do grande clássico que é Apocalypse Now, do Coppola (inclusive, no post sobre o resultado da enquete do melhor diretor americano vivo, esqueci de apontar mais um bom motivo pra votar no homem – ele nasceu em Detroit). O artigo prova que tem vezes que vale a pena perder as coisas (não é que perdi meus textos pré-2000 por ser totalmente desorganizada, mas por um vírus no meu computador). Quando escrevi sobre Apocalypse Now Redux, três anos depois, eu já não me lembrava de lhufas que havia falado no texto anterior. Agora, relendo os dois artigos, vejo que há pouquíssima repetição entre um e outro. Se eu tivesse lido o artigo de 99 antes de escrever a crítica de 2002, imagino que teria sido diferente. Se bem que, em 99, eu ainda não havia lido o livro do Joseph Conrad, Coração das Trevas, nem visto o documentário sobre as filmagens apocalíticas do clássico, dirigido pela mulher do Coppola, Eleanor (veja um trecho onde o Martin Sheen, pai do Charlie e do Emilio Estevez, mostra como estava tão bêbado que quebrou um espelho de verdade, sem querer).
Naquela época, não sei porquê, eu redigia vários textos “comemorativos”. Quer dizer, eu sei porquê: porque o jornal os publicava. Hoje só querem saber de lançamentos fresquinhos. Então, em 99, redigi um artigo sobre o centenário do nascimento do Hitchcock. Lá você pode conferir quais filmes eu considero os melhores do mestre do suspense. Tá na ordem e, de lambuja, ainda acrescentei fotos legais. Pena que não haja foto tão boa, com tanto movimento, quanto a que peguei de Pacto Sinistro. Daquela magnífica cena do carrossel, sabe? (e, se não sabe, tá aqui. Mas veja a obra inteira).
Em 99 também escrevi sobre o Monty Python, mais especificamente sobre o que considero o filme mais consistente deles, A Vida de Brian. Só que é com profundo pesar no coração que confesso que, uma década atrás, eu tinha memórias muito mais felizes tanto do Monty Python como do TV Pirata. Faz uns dois ou três anos, peguei os dvds do TV Pirata pra ver... e ri de pouca coisa. Tive que usar o fast-forward pra conseguir assistir tudo. E olha que na década de 80 eu era a maior fã deles. Não sei se o humor do grupo ficou datado ou quem ficou datada fui eu. E o mesmo aconteceu com Monty Python em Busca do Cálice Sagrado. Não que eu já tenha considerado essa comédia um supra-sumo, mas certamente gostava muito mais. Recentemente comprei o dvd por uns 15 reais, e tudo que eu e o maridão podemos dizer é: doa-se um dvd usado apenas uma vez. O filme não se sustenta. Somente duas gags funcionam bem, e dá pra vê-las no YouTube. Uma é um esquete clássico do humor inglês, a do cavaleiro negro. O Rei Artur vê um bravo guerreiro vencer uma luta e o convida para ser parte de sua corte em Camelot. O cavaleiro não apenas recusa como não deixa que Artur passe. Eles lutam, Artur lhe corta um braço, mas o cavaleiro não se dá por vencido: “É só um arranhãozinho”. Eu adoro os diálogos: “O que você vai fazer, sangrar em cima de mim?” e “Tudo bem, vamos considerar isso um empate”. Veja a cena aqui (sem legendas). Outra é a do coelho assassino, bem humor negro mesmo. Aqui.
E este clipe é do Sentido da Vida e chama-se “Todo Esperma é Sagrado”. Ele dificilmente poderia ser feito hoje sem causar uma cruzada religiosa da direita cristã americana. Não tanto por gozar dos católicos (e de todas as religiões), que têm muitos filhos por acreditarem que “every sperm is sacred”, e que Deus não perdoa um espermatozóide desperdiçado, mas principalmente por fazer crianças cantarem a palavra “esperma”. Impensável atualmente.