Por Altamiro BorgesNuma ação conjunta e cronometrada, a mídia tucana e a oposição da direita – não se sabe quem é satélite de quem – deflagraram nesta semana uma ofensiva contra as viagens da presidenta da República. Se depender destes acovardados oposicionistas, Dilma Rousseff não sairá mais do Palácio do Planalto – nem para inaugurar as obras do seu governo ou andar de moto. Marina Silva continuará sendo tratada como presidenciável – apesar de se dizer vice – e Aécio Neves seguirá sendo blindado pela imprensa; já a presidenta deverá ficar quietinha no seu canto.
Nesta quinta-feira (17), a Folha publicou o risível editorial “Dilma em trânsito”. Para o jornal da ditabranda e da falsa ficha policial, “as viagens da presidente, para inaugurações comezinhas em diversos cantos do país, inscrevem-se na lógica eleitoral já utilizada por Lula”. Segundo o vigilante diário tucano, de 1º de janeiro a 15 de outubro deste ano foram 51 dias de viagem, contra 36 no mesmo período de 2012 e 43 em 2011. “A Copa do Mundo haverá de propiciar, sem dúvida, momentos mais grandiosos” de inaugurações e festanças, adverte a amedrontada Folha.
No mesmo diapasão, líderes da oposição usaram o factoide da Folha – jacta-se o jornal – para criticar o ritmo de viagens da presidenta. “É triste para um país como o Brasil. Não temos uma presidente com a agenda de presidente. Temos uma presidente com agenda de candidata”, atacou Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano que adora utilizar suas passagens do Senado para participar de baladas no Rio de Janeiro. Já o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), esperneou. “O que ela quer é ter situações que rendam fotos e vídeos para a campanha dela”.
Promessas falsas dos tucanos
A oposição e a mídia amiga deveriam estar preocupadas com coisas bem mais sérias – como a apuração do escândalo do propinoduto tucano em São Paulo. Por falar em São Paulo – sede da Folha –, seria o caso também de averiguar a postura do governador Geraldo Alckmin. Em julho, após os protestos de rua que agitaram o estado, ele jurou reduzir secretarias estaduais e cortar gastos – inclusive como forma de compensar a queda de receita com a redução da tarifa do transporte público. A mídia fez grande alarde com estas promessas demagógicas. A quantas elas andam?
Em setembro passado, o próprio jornal informou – sem manchetes ou editoriais – que “a extinção de uma secretaria e de dois outros órgãos do governo ainda não se concretizou, dois meses e meio depois do anúncio... Nos 79 dias que se seguiram ao anúncio, a pasta [do Desenvolvimento Metropolitano], comandada por Edmur Mesquita (PSDB), concedeu gratificações a servidores, nomeou novos funcionários comissionados e assinou contratos. Só nesse período, foram gastos R$ 5,4 milhões em despesas como água, luz, telefone e combustível”.
Na época, pressionado pelas ruas, Geraldo Alckmin também fez estardalhaço com a promessa da venda de um helicóptero do governo estadual. As emissoras de tevê repercutiram a decisão, mas ela era falsa. Ainda segundo a Folha, “a venda de um helicóptero do governo também não aconteceu. O Estado diz que fez estudos e que lançará o edital de uma concorrência internacional nesta semana”. A quantas anda? A mídia, que já se esqueceu das promessas demagógicas e eleitoreiras dos tucanos, parece mais preocupada com as viagens da presidenta Dilma!
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