Por Altamiro Borges
Na noite de sexta-feira, a Polícia Militar executou mais dois jovens numa operação no bairro da Saúde, na capital paulista. O comando alega que Givanildo Félix, de 20 anos, e Leomarcos Santos, de 21, eram traficantes e que trocaram tiros com as forças policiais. Diante das mortes, os moradores do bairro realizaram um protesto e houve confronto com as tropas da PM. Segundo a Agência Brasil, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil decidiu abrir inquérito para investigar o estranho caso.
O triste no episódio é que ele virou rotina. A violência em São Paulo tem crescido assustadoramente. A insegurança paira no estado, principalmente nas periferias das maiores cidades. Estatísticas oficiais do próprio governo tucano indicam que o número de homicídios cresceu 14,1% na capital paulista em fevereiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Foram 89 ocorrências em 2013 ante 78 em fevereiro de 2012. Já o número de latrocínios (roubos seguidos de morte) mais do que dobrou no período – de sete para 15.
Tucanos perderam o controle da situação
No Estado, os dados apontam que houve aumento no número de homicídios dolosos (13%), saltando de 328 em fevereiro de 2012 para 371 em igual período deste ano. Também subiram os latrocínios (17%), de 28 para 33. Houve estabilidade nos demais índices: estupros (2,5%), que subiram de 1.031 para 1.057; roubos (-0,002%), com pequeno decréscimo de 18.427 para 18.425; furtos (0,007%), com variação de 42.312 para 42.344; e roubo de veículos (-1,7%), com queda de 7.117 para 6.994.
Como aponta o jurista Luiz Flávio Gomes, em texto no sítio Carta Maior, “o governo de São Paulo dá mostras de ter perdido o controle da violência, desde aquele momento em que a Rota foi escalada para combater as organizações criminosas do Estado. Talvez essa tenha sido uma das decisões mais prejudiciais para a imagem do governo. Suas nefastas consequências continuam presentes, apesar dos esforços do governo para reverter o quadro (a troca do secretário da segurança é um exemplo)”.
A blindagem da mídia tucana
Apesar desta perigosa perda de controle, a mídia tucana segue tentando blindar o PSDB em São Paulo. As emissoras de tevê, com seus programas sensacionalistas que escorrem sangue, evitam discutir as causas mais profundas do crescimento da violência. Já os jornais publicam editoriais e matérias para justificar o injustificável. Mesmo com o sétimo mês seguido de aumento das taxas de homicídios, a mídia alivia nas críticas ao governador Geraldo Alckmin. É como se os tucanos não comandassem o estado há quase duas décadas.
Em editorial publicado no início de março, por exemplo, o Estadão estampou no título que “A segurança exige tempo”. Para o diário da famiglia Mesquita, o PSDB tem feito o dever de casa e ainda merece a confiança dos paulistas. O jornalão afirma que o governo tem tomado as medidas necessárias e garante que os índices de violência vão diminuir. “Não se trata de baixar a guarda, sob o risco de pôr tudo a perder, mas de levar em conta o dado do planejamento da ação policial”. Quanta bondade com os tucanos!
Diferente da pressa que exige dos governos “lulopetistas”, o Estadão pede “tempo e paciência” diante de Geraldo Alckmin. “Embora com a cautela que a prudência recomenda em relação às tentativas anunciadas periodicamente para mudar a polícia, vários especialistas em segurança veem com bons olhos a ação do secretário Grella Vieira, e, ao mesmo tempo, advertem que não se devem esperar resultados rápidos... O trabalho em curso na Secretaria da Segurança é demorado. Não deve ser julgado apressadamente”.
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