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VOCÊ ESTÁ NUMA SITUAÇÃO DE ABUSO?
Acho que só não recebo mais emails de mulheres pedindo ajuda contra a violência doméstica que sofrem porque a maioria das pessoas que me leem é jovem, e muitas leitoras ainda não tiveram um relacionamento amoroso e muito menos se casaram.
Mas olha, toda semana tem pelo menos um pedido de SOS.
Pra tentar ajudar, traduzi as questões abaixo que tirei daqui. Vale também para quem está começando um namoro. Qualquer uma dessas manifestações deve servir de alerta vermelho pra sair fora do relacionamento imediatamente.
Estou numa situação de abuso?
Como está seu relacionamento?
Seu parceiro:
Te humilha?
Age ou olha pra você de forma que te assusta?
Controla o que você faz, quem você vê, com quem você fala, onde você vai? (Cabe aqui um parênteses: dez em cada dez mascus recomendam instalar programas espiões nos computadores das companheiras, a fim de vigiar seu comportamento nas redes sociais e nos emails. O irônico é que eles se consideram "desapegados". Aliás, tantas das perguntas podem ser respondidas com um sim por quem está com um mascu que não resta dúvida: relacionar-se com misóginos é um comportamento de risco. Caia fora o quanto antes). Te impede de ver seus amigos ou familiares? Pega o seu dinheiro ou cartão de crédito, faz com que você lhe peça dinheiro, recusa-se a te dar dinheiro?
Toma todas as decisões?
Te diz que você é uma péssima mãe ou ameaça tirar ou machucar seus filhos?
Te impede de trabalhar ou estudar?
Age como se o abuso não fosse nada, ou que é culpa sua, ou até nega que haja abuso?
Destrói a sua propriedade ou ameaça matar seus animais de estimação?
Te intimida com revólver, faca ou outras armas?
Te empurra, te esbofeteia, te sufoca, ou te bate?
Te força a tirar as queixas?
Ameaça cometer suicídio?
Ameaça te matar?
Se você respondeu “sim” a qualquer uma dessas perguntas, você pode estar num relacionamento abusivo.
Essas questões não são muito diferentes dessas (clique para ampliar), que constam numa ótima cartilha lançada pelo governo. Você pode lê-la inteirinha aqui.
A cartilha também traz algumas respostas a esta clássica pergunta: "Por que as mulheres aguentam tanto tempo a violência doméstica?". Eis os principais motivos:
Medo de romper o relacionamento.
Vergonha de procurar ajuda e ser criticada.
Esperança de que o parceiro mude o comportamento.
Por sentir-se sozinha e não contar com pessoas que a apoiem.
Medo de não ser aceita na sociedade como uma mulher sem marido.
Dependência econômica dos parceiros para o sustento da família.
Nem todas estão preparadas para viver um processo de separação.
O importante é apoiar, ajudar, cooperar. Não julgar. Julgar só faz que a mulher que é agredida, e que já está com a autoestima muito baixa, se sinta ainda pior.
Lembrando que, claro, violência doméstica também pode acontecer num relacionamento lésbico, e a Lei Maria da Penha se aplica. Pra transexuais ainda é difícil, mas já houve jurisprudência. E homens cis (idenfificados como homens desde o nascimento) também podem ser agredidos por suas companheiras, e, neste caso, devem denunciá-las. Mas não através da Lei Maria da Penha, que foi criada para combater o tipo predominante de violência doméstica no Brasil, que é o de gênero, contra a mulher. Por isso a lei também vale para irmão que agride irmã, ou filho que bate na mãe (acredite, isso existe).
Este excelente vídeo do lindo Tião Simpatia, que tive o prazer de conhecer, explica tudo direitinho e de uma forma fantástica: através da literatura de Cordel e da música. Assista e divulgue, que ele é muito didático.
Não creio que a punição do agressor seja a melhor saída. Prefiro que ele reflita sobre o que fez e possa ser reintegrado à sociedade, para não bater mais na companheira ou nos filhos. A única forma que isso pode ser alcançado é atráves de uma ampla discussão sobre o modelo de masculinidade.
Esta é uma reportagem de 2 minutos minutos e meio sobre um grupo de recuperação de homens que existe em Minas. Em sete anos, o programa já atendeu a 400 homens. Como explica um psicólogo que trabalha na ONG: a mudança se dá "através da reflexão, a partir de colocar em xeque os modos de exercer a masculinidade, os modos de ser homem". Um participante, o comerciante Radamés, diz: "Pra você ser macho não precisa usar o que a gente está acostumado pela cultura, de disputar, de ganhar a coisa na voz, na força, não é isso. A gente acaba aprendendo um pouco mais da sensibilidade de ser homem".
Nossa, eles querem discutir o modelo de masculinidade que leva à violência? Que misândricos! Dá pra ver que eles odeiam homens tanto quanto as feminazis odeiam! Aham, querer mudar padrões de comportamento que são terríveis pra toda sociedade (ou homem que bate na mulher é feliz?) não tem nada de anti-homem. Anti-homem, a meu ver, é naturalizar um tipo de comportamento masculino ("homem sempre foi assim e sempre será") e dizer que um homem não tem condições de mudar.
Vamulá, gente, todo mundo acabar com a violência doméstica. Se você é vizinhx ou familiar e presencia um abuso, meta a colher! Se você sofre violência, denuncie. E se você é o agressor, compreenda que este é um gravíssimo problema social que destrói famílias, e busque ajuda para mudar.
Disque Denúncia – Central de Atendimento à Mulher: 180
Polícia Militar – 190
Em SP existe o Gevid (Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica), criado no ano passado pelo Ministério Público.
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