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"QUAL O GRAU DE MACHISMO DO MEU EX?"
A F. me enviou este pedido de ajuda:
Lola, resolvi te mandar este e-mail porque eu realmente não tenho noção do cara machista ao qual eu tenho me feito “refém”. Já não sei mais se é correto permitir me colocar nesse tipo de situação ou se sou feita de refém pelos meus próprios sentimentos.
Bom, Lola, inicio te falando que sou uma mulher bem resolvida, tenho 24 anos, já tive alguns relacionamentos nessa vida, já fiquei com homens e mulheres, acredito que somos feitxs para gostar de pessoas, acima de tudo. No entanto, meu primeiro namorado é caso recorrente em minha vida. Ficamos juntos dos meus 17 aos 20 anos e, praticamente descobri o mundo e meu “apetite sexual” com ele. Depois que terminamos, ele já teve duas namoradas sérias e eu sem conseguir me envolver, além de sexo, com nenhum cara.
Hoje em dia tenho pensado mais em construir um relacionamento legal com alguém, mas tenho priorizado meus estudos, pois estou acabando a faculdade e pretendo ir passar um tempo no velho continente.
Enfim, Lola, sempre que ele termina com as namoradas, ele me procura, seja via redes sociais ou whatsapp.
Eu sempre tento fugir, mas não consigo. Me sinto muito mais refém pelos sentimentos que tive por ele, do que por esse lado imaginário (e talvez cheio de fetiches) que ele ainda nutre por mim. Todas as nossas conversas acabam descambando pra esse lado e eu sempre tento cortar. Nessas várias situações eu lembrava dos casos que tu conta nos teus escritos, sobre manas que sofrem assédio dessa forma e do quão o cara é ególatra e tal. Eu fico muito confusa, me questionei diversas vezes e fujo disso. Mas ele sempre acaba ressurgindo. No ano passado, ele acabou indo fazer o doutorado em outro país e deixou uma namorada aqui no Brasil, sem, claro, deixar de me procurar. Eu cortava ele, justamente por achar péssimo colocar uma mana em uma situação dessas, pois jamais conseguiria trair uma mana desse jeito, enfim, aí já entram outros questionamentos. Mas, Lola, ele terminou com essa namorada que ele deixou no Brasil e, após eu ficar uns dois meses sem falar com ele, o “machólatra” veio passar um mês no Brasil e me procurou falando que quer me ver.
Como estamos há quase dez anos (uns 5 anos que não nos vemos) com essa situação mal resolvida, eu disse que seria legal nos vermos, conversar e tal, pois acho que para mim seria esclarecedor saber o que eu realmente sinto (a essas alturas?!) por ele. Queria alguém que pudesse analisar a situação de fora e o grau de machismo desse cara, pois não estou conseguindo avaliar isso sozinha. Fico com vergonha e medo do julgamento das minhas amigas feministas mais próximas. Fui criada por uma mãe feminista, tenho duas irmãs maravilhosas que são feministas e me vejo como uma mulher feminista, ainda que eu saiba que tenho muito o que aprender.
O fato é que ele chegou ontem, Lola. Está na minha cidade e me procurou, mas... adivinha: veio com o papo de que quer me apresentar um amigo dele porque vou gostar do cara (tudo no sentido sexual) e que depois “ele vai ter que suar muito” se for sair comigo mesmo. Mas sinto que ele gosta dessa situação, sabe? Eu nem respondi. Lola, mas me sinto confusa... penso muito mais em vê-lo pela consideração que já tive por toda uma história do que por terminar na cama depois de vê-lo... e da parte dele me parece o contrário.
Queria falar pra ele isso, mas acho que nem resposta ele merece, Lola. É triste até, mas não quero pensar nisso desta forma porque vou ficar bem mais decepcionada. Estou com nojo, sabe. Penso que seria a mesma coisa que dizer para ele sair com uma amiga minha que é muito boa de cama para depois eu sair com ele e ver se ele aguentaria, sabe, Lola. É horrível. Ou ele é muito sem noção, muito ególatra, muito nojento... Não sei o que faço, queria até falar isso pra ele porque seria tão bom dar esse “acorda” nele.
Lola, qual o grau de machismo disso tudo? Me ajuda a ver.
Um beijo, de uma leitora que acompanha teu blog e todas as tuas escritas e que aprende muito contigo, como quem ouve uma irmã mais experiente. Muito obrigada!
Minha resposta: Não sei avaliar bem o "grau de machismo" no seu ex. Ter uma namorada e procurar a ex não é necessariamente machismo. Você diz que ele é ególatra, eu acredito. E acho bacana da sua parte não sair com ele enquanto ele está namorando, porque você pensa nas "manas" e não gostaria de passar por essa situação. Pelo seu relato, parece que você ainda não superou esse relacionamento. E já está na hora de superar. Cinco anos sem vê-lo! Parece que o contato com ele te faz mal, a julgar pelas suas palavras -- triste, decepcionada, confusa, sente nojo... Por que então manter qualquer tipo de contato com alguém que você não vê há cinco anos e pra quem você não deve nada?
Seu relato me fez lembrar um caso -- nem sei como chamar isso -- que tive dos 16 ao 18 anos, se não me engano (faz tanto tempo, que eu me engano). Fiquei um pouquinho, talvez umas duas semanas, com um rapaz, e terminamos numa boa o que de fato nem tinha começado. Mas, durante os dois anos seguintes, continuamos mais ou menos nos vendo, às vezes com enormes intervalos. Lembro que ele tinha uma namorada fixa, e eu não tinha (nem queria) namorado, só casinhos. Nem lembro se eu e esse carinha transávamos. Creio que às vezes a gente varava a noite tendo conversas tensas que sempre me deixavam exausta. Enfim, não era o tipo de relacionamento que fazia bem pra mim (nem pra ele), e por algum motivo tivemos a maturidade de eventualmente acabar com aquilo. E nunca mais o vi, nem falei com ele. Um dia, anos atrás, ele apareceu no meu orkut. Ele estava casado, com filhos. Nem nos falamos.
Certo, nada a ver com o seu caso. Só me lembrei disso porque meu "relacionamento", se é que se pode chamar assim, com esse cara não me fazia bem, e no entanto ele meio que durou dois anos. Com a idade, talvez, a gente fica mais impaciente, e se algo não está agradando, por que continuar? Sabe, independente de machismo.
É difícil medir grau de machismo. Importa tanto assim se o seu ex é machista ou não? O que importa é que você não está feliz com a situação.
Abração, e desculpe não poder te ajudar!
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