Geral
A Dinamarca e a Índia
Há uns dias atrás, os media fizeram grande alarido com o "dia da libertação dos impostos", para sublinhar os muitos dias (137) em que os portugueses "trabalham para o Estado". A mensagem era dupla: primeiro, que em Portugal a carga fiscal é anormalmente pesada; segundo, que os impostos são consumidos por uma máquina anónima e improdutiva chamada "Estado", sem retorno social.
Ora, a verdade é que -- mais ineficiência, menos ineficiência --, a carga fiscal corresponde em geral ao volume e qualidade dos serviços públicos que são exigidos ao Estado. Basta comparar a Dinamarca (205 dias) ou a Bélgica (194) com a Índioa (74 dias) ou o México (91). Afinal, o "Estado social" custa dinheiro: basta pensar no custo de um serviço nacional de saúde, como o Portugês.
Mais importante é o facto de que -- como se lê numa artigo de J. Albano Santos ontem publicado no
Jornal de Negócios (indisponível online) --
a carga fiscal em Portugal, medida pelo número de dias de rendimento absorvidos pelos impostos, é bem menos pesada do que e média da OCDE (137 dias contra 146) e ainda menos do que a média da UE (137 dias contra 173), contrariando as ideias que por aí correm. Claro, também não dispomos do nível de serviços públicos de que outros países dispõem.
Mas uma coisa é certa:
menos impostos significariam menos (ou piores) serviços públicos. Do que se trata é de saber se queremos ser como a Índia ou como a Dinamarca!
-
Impostos Invisíveis - Cristovam Buarque
O GLOBO - 30/11 A elite compra o direito de não misturar os serviços privados que usa com os serviços públicos No Brasil, os contribuintes só começam a trabalhar para si a partir do dia 30 de maio de cada ano. Do 1º de janeiro até esse dia, trabalham...
-
Um Pouco Mais De Imparcialidade Sff
Esta notícia de que «Carga fiscal portuguesa é a 14ª mais alta da UE», quer veicular implicitamente a ideia de que a carga fiscal em Portugal está entre as mais altas da União. Sucede que, sendo 27 os Estados-membros, Portugal não está portanto...
-
De Onde Menos Se Espera
«Alegre condena "pressão fiscal" do Orçamento». Como mostrei aqui, porém, a carga fiscal em Portugal fica bem abaixo da média da OCDE; além disso, a crítica a um alegado excesso da carga fiscal é um dos principais argumentos da direita contra...
-
Ingratidão
Estão em voga nos meios liberal-conservadores as propostas de substancial redução de impostos, sobretudo dos impostos sobre o rendimento (em favor dos impostos indirectos), e de abolição das taxas progressivas (em favor de taxas únicas ou "planas")....
-
Sociologia Dos Media
«Portugal foi o país que mais aumentou impostos nos últimos dez anos» - titula o Diário de Notícias de hoje. Contudo, atento o conteúdo da notícia, o título também poderia ser: «Carga fiscal em Portugal abaixo da média europeia», ou «Carga...
Geral