A falsa mobilidade urbana de Alckmin
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A falsa mobilidade urbana de Alckmin


Da Rede Brasil Atual:

Vendidas a cada eleição como panaceia para a melhoria das condições do Metrô e da CPTM e do transporte público como um todo, na região metropolitana de São Paulo, as chamadas "obras de modernização" da estrutura de mobilidade da capital praticamente não saíram do papel. Na semana passada, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) anunciou mais uma vez a suspensão das obras de expansão, dessa vez para a Linha 2-Verde do Metrô. A suspensão vem sendo prorrogada desde setembro de 2014, quando as obras deviam ter sido iniciadas.

Desde que foi reeleito, Alckmin anunciou também suspensões nas obras da Linha 15-Prata (Vila Prudente–Cidade Tiradentes), da Linha 17-Ouro (Morumbi–Jabaquara) e da Linha 18-Bronze (ABC-São Paulo), sempre responsabilizando a crise econômica e a falta de entendimento com o governo federal. Já a Linha 5-Lilás, que deveria ser executada em conjunto com a iniciativa privada, através de uma Parceria Público-Privada também não avança.

Para o coordenador do Grupo de Trabalho Mobilidade Urbana, da Rede Nossa São Paulo, Carlos Aranha, pouco importam as justificativas. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, ele afirma que "estamos sendo enganados no planejamento do governo estadual sobre a mobilidade urbana em São Paulo" e classifica as notícias de suspensão das obras de expansão como um "soco no estômago da população".

Carlos diz que, para além das disputas políticas, o governo do estado tem grande participação na atual situação do transporte público na região, pois a maior parte do transporte de massas deveria ocorrer sobre trilhos, o que, sem as expansões, não acontece. Segundo o especialista, das cerca de 20 milhões de pessoas que se deslocam diariamente na região metropolitana da cidade, os metrôs e trens da CPTM arcam apenas com um quinto desse esforço – cerca de 4 milhões de viagens por dia –, sobrecarregando o sistema de transporte sobre pneus.

Tarifa

Para o coordenador de mobilidade urbana da Rede Nossa São Paulo, a aumento da tarifa de R$ 3,50 para R$ R$ 3,80, que passou a valer a partir do último sábado (9), só seria justificado caso as obras de expansão estivessem em pleno andamento. "A gente paga uma tarifa absurda, caríssima. É diferente, por exemplo, quando você paga uma taxa extra no seu condomínio, mas vê realmente as melhorias acontecendo", diz Aranha.

Segundo ele, o novo valor da tarifa serve apenas para aumentar a rendimento dos empresários donos das empresas de ônibus, já que a remuneração dos trabalhadores do setor de transporte permanece a mesma. "Na prática, quem sai prejudicado, como de costume, é a população."

Carlos cobra também a expansão da linha 13-Jade, que deveria interligar o sistema até o aeroporto internacional de Guarulhos, prometida como uma das obras preparatórias para a Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, essa é mais uma mostra do descaso da gestão estadual com o transporte público. "A gente está vendo o serviço se deteriorando, porque a demanda aumenta cada vez mais, as estações estão envelhecendo, os trens precisam ser modernizados."

Monotrilho

"O monotrilho, todo mundo que trabalha com mobilidade urbana sabe que é um modelo bastante discutível", afirma Aranha. Segundo ele, o sistema de monotrilhos já estava previsto para ficar saturado desde quando foi planejado, devido à sua menor capacidade frente ao Metrô e trens convencionais. "A justificativa do governo é que o monotrilho seria mais barato e com implementação rápida. Nenhuma das duas vantagens alegadas se provou real."

Após quase sete anos do anúncio das obras do monotrilho, das 40 estações prometidas, apenas duas ficaram prontas, em uma das três linhas planejadas, o que Aranha classifica como "desrespeito com a população".

O especialista em mobilidade urbana faz um apelo por mais transparência nas discussões relativas ao transporte público, para que a população seja informada sobre "quais são os reais prazos, os reais custos e as melhores opções para uma mobilidade urbana de verdade na região metropolitana de São Paulo".

Ouça a entrevista completa [aqui].




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