Apoio ao golpe militar racha ato em SP
Geral

Apoio ao golpe militar racha ato em SP


Da revista CartaCapital:

A manifestação contra a presidenta Dilma Rousseff neste sábado em São Paulo foi marcada por um racha. Cerca de 2,5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, reuniram-se no Masp para pedir a queda de Dilma, mas divergiram quanto ao método: parte pedia o impeachment. Outros clamavam pela “ajuda” do exército. Dilma foi reeleita no último dia 26 de outubro com mais de 54 milhões de votos.

A divergência foi tamanha que o ato, após a concentração no Masp, dividiu-se em três, cada um com seu carro de som: uma parte ficou por ali mesmo. Outros marcharam até a praça da Sé, descendo pela avenida Brigadeiro Luiz Antônio. E um terceiro grupo, formado pelos defensores de uma “intervenção militar”, rumou com seu carro de som para o Comando Militar do Sudeste, um quartel do exército ao lado do parque do Ibirapuera.

Alguns políticos marcaram presença na avenida Paulista: o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), candidato a vice na chapa de Aécio Neves, não discursou mas foi bastante festejado e tirou muitas fotos com admiradores. O deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) estava em um dos três carros de som. Eduardo, flagrado com uma arma na cintura no ato anti-Dilma de primeiro de novembro, desta vez afirmou a jornalistas que estava desarmado. Outro muito assediado pelos presentes foi o ex-comandante da Rota e deputado estadual eleito Coronel Telhada (PSDB-SP). Estava ainda no ato Gilberto Natalini, candidato a governador pelo PV nas eleições deste ano.

Lobão “traidor do movimento"

Um dos líderes e maiores divulgadores da manifestação, o cantor Lobão, evidenciou o racha, ameaçou abandonar o ato e deixou aflitos seus seguidores no Twitter. Chegou a descrever o protesto como “cilada infame”, e complementou: “Chego no Masp e a primeira coisa que vejo é um carro de som com os dizeres ´Intervenção Militar Já!´. Palhaçada!”. A reação foi imediata: o roqueiro foi chamado de “burro”, “petista” e “covarde” por seus seguidores. Depois que a manifestação partiu-se em três o artista, contudo, mudou de ideia e juntou-se ao grupo que desceu até a Praça da Sé. E tranquilizou seu fãs: “Voltei!”.

Tirando o bate-boca entre as diferentes facções (defensores do impeachment X defensores do golpe militar), o ato transcorreu sem maiores problemas. O único relato na imprensa de agressão é da reportagem do UOL, que presenciou um rapaz de camiseta vermelha sendo agredido (sem gravidade) por dois idosos de verde e amarelo.

As bandeiras tinham em comum o desejo de retirar Dilma do poder imediatamente e o ódio a Lula, ao PT, ao Foro de São Paulo, a Cuba, a Venezuela, ao bolivarianismo, ao comunismo e a qualquer coisa “de esquerda”. Cartazes saudavam Olavo de Carvalho, as Forças Armadas, a revista Veja e o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Também havia muitas menções à operação Lava-Jato e à Petrobras. Havia ainda críticas a alguns veículos de comunicação em faixas e cartazes. Jornalistas do Grupo Folha, por exemplo, foram chamados de “imprensa petralha”.

O dress-code do ato era usar cores da bandeira do Brasil. Quem não vestia camisas da seleção, trajava alguma outra peça verde, amarela ou azul. Foram distribuídas fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim, e camelôs vendiam bandeiras do Brasil. Marcaram presença também bandeiras do Estado de São Paulo, empunhadas por jovens tatuados com camisetas aludindo à Revolução de 32 ou pedindo a “volta do CCC”, o Comando de Caça aos Comunistas, organização paramilitar responsável por espancamentos e mortes durante a ditadura militar.

Na trilha sonora do protesto, músicas como Reunião de Bacana, do Fundo de Quintal (“Se gritar pega ladrão...”), Até Quando Esperar (Plebe Rude) e o Hino Nacional.

Teve também um Pai-Nosso puxado do alto do carro-de-som mais potente por um padre não identificado. Antes de começar a rezar o homem de batina discursou contra “o crescimento do Islã no Brasil”, contra o “gayzismo”, “pela família” e concluiu afirmando que um golpe militar “ainda não é necessário”.

Em outras cidades

Neste feriado de Proclamação da República, outros atos aconteceram no Brasil afora. A adesão, contudo, foi bem inferior a São Paulo. Em Porto Alegre eram “centenas” de manifestantes, segundo o jornal Zero Hora; em Belo Horizonte a Polícia Militar estimou em 600 os presentes; em Brasília, um pequeno grupo se reuniu em frente ao Congresso Nacional.

No Rio de Janeiro a PM falou em 150 manifestantes em Copacabana. Na capital carioca a estrela foi o deputado federal Jair Bolsonaro. Primeiro o parlamentar “denunciou” o plano do governo para “impor o socialismo no nosso País”, para em seguida afirmar: “O socialismo é o nome de fantasia para o comunismo”. E concluiu: “são poucos [os manifestantes], mas valem pela qualidade”.




- Protestos Contra Governo Reúnem Mais De 1,2 Milhão Em 23 Estados E Df
Ao menos 1,2 milhão de pessoas protestaram contra o governo federal neste domingo (15) em pelo menos 23 Estados do país, além do Distrito Federal, sem registro de incidentes até o momento. Muitas cidades têm protestos marcados para esta tarde. O...

- O Fiasco Das Marchas Golpistas
Por Altamiro Borges Convocadas para o Dia da Proclamação da República, as marchas golpistas pelo "Fora Dilma" foram um baita fiasco neste domingo. Alguns grupelhos fascistas, que antes apostavam as suas fichas nesta cruzada, inclusive deram para trás,...

- Atos Contra O Governo Encolhem No Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência BrasilPor Marcelo Pellegrini, na revista CartaCapital: Ao contrário do que os movimentos organizadores dos atos anti-governo esperavam, as manifestações deste domingo 12 foram bastante menores do que as ocorridas...

- Vida Bandida: Aécio Dá O Cano Em Lobão
Da revista Fórum: O cantor Lobão saiu “de luto” da manifestação realizada no último sábado (6) contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), em São Paulo. Se antes do ato, ele se mostrava animado – chegou a postar em seu perfil no Twitter a mensagem...

- Nos Eua, Golpistas Iriam Em Cana
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania: O Brasil ainda paga o preço pela irresponsabilidade demagógica e eleitoreira de Aécio Neves e do PSDB durante e após a recente campanha eleitoral. Neste sábado, 1º de novembro, hordas de dementes saíram...



Geral








.