ATÉ PESQUISA À MODA ANTIGA MOSTRA MUDANÇAS
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ATÉ PESQUISA À MODA ANTIGA MOSTRA MUDANÇAS


Detesto escrever sobre datas comemorativas (e, acima de tudo, comerciais), mas li um artigo publicado no jornal O Povo anteontem, e até gostei. É sobre uma pesquisa com 35 mil pessoas realizada pelo site Par Perfeito. O interessante é que ela desbanca alguns mitos que o senso comum insiste em chamar de Verdades Absolutas.
Mas antes de falar sobre esses mitos, devo alertar que não conheço a metodologia da pesquisa. Imagino que ela tenha sido feita online com usuários deste site de relacionamentos que existe desde 2000, e que é o maior do país, com cerca de 30 milhões de usuários (não sei a veracidade dessa informação. Parece um número assombroso demais: um sexto de toda a população brasileira está no Par Perfeito?!). A pesquisa é totalmente heteronormativa, ou seja, gays e lésbicas não existem pra ela. E ela foi respondida por gente que é solteira e que, em geral, está à procura de um relacionamento sério (o que a sociedade equaciona a um relacionamento monogâmico). Em outras palavras, a pesquisa tem tudo a ver com como o Dia dos Namorados é vendido.
O primeiro mito é que as muheres são interesseiras e se preocupam demais com a situação financeira do pretendente. Bom, em outra encarnação, uns quinze anos atrás, eu tive uma agência de casamento em Joinville. A agência chegou a contar com duzentas pessoas, uns 60% de mulheres de todas as faixas etárias. E eu lembro bem que, enquanto mulheres com mais de 35 anos (e independência financeira) diziam “Se o cara não tiver carro, nem me apresenta”, as mulheres mais jovens não estavam nem um pouco interessadas nisso. Afinal, elas queriam um parceiro pra (perdoe o clichê) “construir uma vida juntos”, e essa construção podia partir do nada.
A pesquisa do Par Perfeito meio que corrobora minha impressão. Pelo levantamento, 70% das mulheres disseram não se preocupar com a marca do carro do cara. Claro, faz diferença recusar alguém por ele não ter carro e recusá-lo se ele não tem um carro que dê status. E ainda considero altíssimo, se é que posso interpretar assim, que 30% das entrevistadas digam estar preocupadas com a marca do carro. Gente, é um carro! Temos é que lutar é por transporte coletivo de qualidade, não pela manutenção de um comportamento individualista e inviável pras cidades.
Outro dado que revela que mulheres não dão tanto valor à condição financeira é que só 16% das entrevistadas disseram não querer relacionamento com um homem que mora com os pais. Pra 84% delas, não haveria problema algum. Imagino que existam muitas nuances nessas respostas. Tem diferença um cara de 20 anos morar com os pais, e um cara de 40, e não sei a quais cenários as entrevistadas se referiam, ou se era algo não específico. Mas, como dado geral, ele desafia a ideia de que mulheres veem homens que vivem com os pais como fracassados (um mito que é bastante difundido por comédias românticas).
Ainda sobre a parte financeira, 47% das entrevistadas afirmaram que, se o homem não pagasse a conta no primeiro encontro, não haveria um segundo encontro. É muita mulher se fixando num conceito de cavalheirismo que, por mim, já deveria ter ficado no passado. Eu acho que a conta deveria ser dividida, mas também depende de quem ganha mais (só que não dá pra saber essas coisas num primeiro encontro). 
A pesquisa revela que 44% das mulheres se oferece pra dividir a conta, mas que isso seria só  pra testar o cara. São esses pequenos testes, a meu ver (que são feitos o tempo todo tanto por mulheres quanto homens e que vão muito além de quem paga a conta. Exemplo na mesma pesquisa: 8% dos homens não liga no dia seguinte porque a mulher aceitou ir pra cama no primeiro encontro. Pelo “aceitou”, leia-se que ele tomou a iniciativa. E ela fez sexo — com ele! E isso, pelo jeito, é inaceitável pra ele. Era só um teste!), que fazem alguns encontros serem tão traumáticos. Mas sei lá o que eu sei! Faz uns 22 anos que não tenho um primeiro encontro. De repente as coisas mudaram?
Mas isso de pagar a conta não parece ser tão problemático. Pelo jeito, mais homens do que mulheres consideram que pagar a conta no primeiro encontro é responsabilidade masculina. 70% dos entrevistados disseram isso na pesquisa. Isso também não seria um teste? “Se a moça não deixar que eu pague o primeiro encontro sozinho, ela está se mostrando independente e avançada demais pra mim”?
Na parte do sexo, boas notícias. Aparentemente, a maior parte das mulheres não têm problema em transar no primeiro encontro. Só 39% das entrevistas não vão pra cama no primeiro encontro. E a gente sabe que muitas não vão não porque não querem, mas pelo velho “O que ele vai pensar?”. Não estou dizendo que mulher (ou homem) tem que transar no primeiro encontro, só que é uma besteira deixar de transar se você estiver a fim pra ficar seguindo regrinhas de etiqueta. 
Segundo a pesquisa, 55% dos homens não avaliam a mulher por esse critério, porque, se eles querem transar já no primeiro encontro, por que elas não podem querer? Respondendo à pergunta “O que os homens pensam da mulher que vai pra cama no primeiro encontro?”, além da maioria que diz que não pensa nada, nem pra mais, nem pra menos, 13% responderam “Interessante, pois é autoconfiante”, e 19%, “Isso significa que ela se interessou por mim”. Só 13%, uma minoria, optou pela alternativa “Atirada demais para um relacionamento”. O que é ótimo, porque as mulheres podem descartar esses 13% como “Neandertais demais para um relacionamento”.
E sexo ruim num primeiro encontro, de acordo com à pesquisa, não é sinal de “Sinto muito, sem chance, nunca mais quero te ver”. 71% das mulheres, e 90% dos homens, sairiam de novo com a pessoa mesmo que o sexo não tivesse sido bom de cara. Talvez porque essas pessoas saibam que, prum montão de gente, a primeira vez com uma pessoa pode não ser as mil maravilhas.
E aí tem aquela referência na pesquisa que me parece muito antiquada: quem liga no dia seguinte? O motivo do homem não ligar é que “não rolou química” (pra 72%). Mas os entrevistados não acham nada ruim que as mulheres tomem a iniciativa e liguem. Pra 77%, isso mostra que ela “é decidida e tem atitude”, e outros 14% aprovam por lhes poupar o trabalho. Menos de 10% dos entrevistados disseram não gostar se a mulher liga pra eles no dia seguinte.
De modo geral, fiquei feliz com os resultados dessa pesquisa. Ela aponta o que já sentimos: que os mascutrolls que aparecem aqui não são referência, e que o mundo está mudando, de pouquinho em pouquinho. Uma pesquisa do mesmo site no ano passado já havia dito que homens, mais do que mulheres, têm maior vontade de casar e ter filhos. Talvez as noções de homem provedor e de donzela sonhando com o príncipe encantado estejam começando a ruir.
Muito namoro pra vocês.




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