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BOICOTE E PERDÃO ÀS CELEBRIDADES
Jane Fonda, na época em que era conhecida como Hanoi Jane, presa injustamente em 1970 por carregar drogas com prescrição médica. Quando Sean Penn derrotou Mickey Rourke no Oscar, teve gente comovida (eu inclusa) com seu discurso pró-direitos gays. Houve até gente que disse: “Que bom que o Sean ganhou, e não aquele espancador de esposas, o Mickey”. Mas logo veio alguém lembrar que ei, o Sean também bateu na mulher, quando essa mulher era a Madonna. Eu lembro da separação turbulenta deles nos anos 80, e da Madonna machucada. Sean era um bad boy, do tipo que chutava mulheres e paparazzis. E era homofóbico, pra piorar a situação. E hoje o carinha é de esquerda, faz discursos anti-guerras, e transformou Milk num projeto pessoal seu. Perceba que em nenhum momento estamos discutindo seu dom artístico (ele é um excelente ator e diretor), e no fundo nem sua vida pessoal, porque nada sabemos do seu dia a dia doméstico (ele tá casado com a Robin Wright, a pobre alma de Forrest Gump, há anos). O que conhecemos é sua persona, a imagem que ele passa pro público. E eu, pessoalmente, gosto dele. Perdoei-o por ele ter batido na Madonna. Isso foi em 1989, e dá a impressão que ele amadureceu de lá pra cá. Mas aí fiquei matutando: quanto tempo precisa passar pra gente perdoar um astro? E até que ponto o que uma celebridade faz é imperdoável? E por que a persona desse astro às vezes é mais levada em conta que suas realizações profissionais? Pensando bem, nem na época em que o Sean era um conhecido mau caráter eu boicotei seus fimes. Eu achava que dava pra separar. Mas até quando seria perdoável? O astro teria que matar ou estuprar alguém pra que eu parasse de ver seus filmes? (Isso é, se ele continuasse fazendo filmes). Não tenho respostas. Conheço muita, muita gente que odeia o Tom Cruise. Ele nunca cometeu nenhum crime, mas o pessoal não perdoa que ele pertença a uma religião estranha, a Cientologia, e que ele tenha feito declarações estúpidas sobre a depressão pós-parto da Brooke Shields. Ninguém esquece que ele fez um papelão na Oprah ao anunciar sua paixão pela Katie Holmes, mas e aquela vez em que ele ajudou uma brasileira que havia sido atropelada? Tá, não sei se dá pra contar o Tom, porque, francamente, não conheço ninguém que diga “Odeio o Tom Cruise” que deixe de ver um filme dele. Mas e o rapper Chris Brown, que bateu na sua namorada, a Rhianna? Parece que ela o perdoou e eles voltaram, o que é um péssimo exemplo pra todas as moças que apanham dos parceiros. A pressão em cima dela foi tão grande que ela decidiu “dar um tempo” no relacionamento. Sua carreira estaria ameaçada se ela continuasse com ele. Quanto à carreira dele, espero que ele tenha enfrentado uma debandada geral de fãs. Mas e quando o que repercute tanto não é um crime, mas nossos preconceitos fazem com que o ato ganhe conotações criminosas? Estou falando de 1995, época em que Hugh Grant foi flagrado com a prostituta Divine Brown. Ambos foram presos por conduta imprópria. O escândalo foi gigantesco, e o preconceito, maior ainda: como que um astro lindo como o Hugh precisa pagar pra transar? E como que ele, que namorava a modelatriz Liz Hurley, poderia “trocá-la” por uma prostituta negra? (Ninguém falava isso diretamente, mas as comparações eram óbvias). A carreira do Hugh sobreviveu. O preconceito também rolou solto quando Ronaldinho se envolveu com travestis. Isso me fez lembrar como pouca gente sofre tanto e desperta tanto ódio quanto travesti. Mas, além da homofobia (do tipo “Oh meu Deus! Será que havia dois pênis na cama?!”), o que mais me chamou a atenção foi o elitismo. Li um monte de gente dizendo asneiras como “Você pode tirar um pobre de uma favela, mas não pode tirar a favela de um pobre”. Como se executivos ricos não contratassem travestis! De qualquer jeito, poucos meses depois, só se falava no Ronaldo de novo - desta vez positivamente, porque ele tinha fechado com o Corinthians. E Daniela Cicarelli, que teve a infelicidade de ser filmada transando com seu namorado no mar? Ela perdeu patrocinadores e contratos. Bom, pessoalmente, ainda que eu achasse que Daniela tivesse feito algo de errado (não acho), eu nem saberia por onde começar a boicotá-la. Nem sei o que ela faz da vida. O mesmo com Dado Dolabella. Boicotar a Hebe Camargo, então, seria a coisa mais fácil do mundo pra quem nunca viu um programa dela. Ah sim, se alguém estiver perguntando “Por que você boicotaria a Hebe?”, é por ela ser malufista. Ué, se tem gente que detesta o Mel Gibson por ele ter falado um monte de besteiras anti-semitas, eu posso não gostar da Hebe por ela ser malufista. Até hoje eu guardo um pouquinho de rancor contra quem apoiou o Collor em 89. Mas nem por isso deixaria de ver uma peça de teatro com a Marília Pêra ou a Claudia Raia. Acho, talvez, que nem um espetáculo com a Regina Duarte eu boicotaria, por ela ter protagonizado aquela histeria do “Eu tenho medo” em 2002. Ok, admito: este texto está bem sem rumo. Eu pensei em escrevê-lo após ver que o Terrence Howard (lindo e bom ator de Homem de Ferro e Valente) apareceu na capa da Ebony, a principal revista pro público negro americano. E que houve muitas críticas dessa comunidade porque, afinal, Terrence foi preso em 2001 por bater na (atual ex) mulher. Mas eu e a maior parte do público nem sabíamos dessa segunda parte. Ela só veio à tona depois que o Terrence deu palavras de apoio ao... Chris Brown. Então me ajude. Quem você boicotaria? O que a celebridade teria que fazer de tão terrível pra que você a boicotasse? Como você a boicotaria? E depois de quanto tempo você a perdoaria? Enfim, ajude a responder todas essas questões que eu não pude responder.
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